O CONTO DA PRINCESA KAGUYA E O AUTODESPERTAR DO EU VERDADEIRO NA FILOSOFIA DE KEIJI NISHITANI
A animação do
Conto da princesa Kaguya foi lançada em 2013, fazendo referência a um conto
japonês muito antigo, estima-se que seu surgimento se deu em meados do séc. IX
ou X, e diferente da animação o conto tem como título O conto do cortador de
bambu. Os contos nesta época eram transmitidos de forma oral e não através
da escrita, devido a isso a autoria é desconhecida. Apesar da animação fazer
referências ao conto do cortador de bambu, ambos trazem perspectivas diferentes
de uma mesma história, no entanto trata-se de um conto dramático. A animação
foi dirigida por Isao Takahata (1935-2018), cofundador do Studio Ghibli, onde
foi lançada a animação. Além de diretor, também foi cineasta e roteirista.
Dentre as animações dirigidas por Takahata, as mais conhecidas são: Cemitério
de vagalumes (1988) e O conto da princesa Kaguya (2013).
Assim, será feita uma análise desta animação com a filosofia de Keiji Nishitani (1900-1990), um filósofo japonês que ganhou destaque na Escola de Kyoto por estudar assuntos a respeito do Nada e o Vazio, alicerçadas no pensamento zenbudista. E a sua principal obra e a qual iremos utilizar neste capítulo é A religião e o Nada.
Animação do
conto da Princesa Kaguya
Em um dia comum
de trabalho, o cortador de bambu Sanuki Nomiyatsuko, notou uma luz saindo do
talo de um bambu; maravilhado aproximou-se, e então o broto floresceu, e, de
dentro da flor surgiu uma criança tão pequena que cabia na palma de sua mão.
Naquele momento, ao segurá-la, julgou ter sido abençoado pelos céus, chamando-a
de Princesa. Chegando em sua humilde casa, o cortador de bambu mostrou a
pequena criança para sua esposa Ona, e no mesmo instante em que ela a teve em
suas mãos, a criança imediatamente transformou-se em um bebê, e nesse dia o
casal decide adotar esse bebê milagroso como se fosse sua filha. No entanto, o
casal e as crianças da vila percebem que esse bebê cresce muito mais rápido do
que qualquer outro humano comum, devido ao seu crescimento acelerado as
crianças de sua vila a comparam com um broto de bambu, apelidando a bebê de
“Pequeno bambu”.
Um dia, em uma brincadeira com as crianças, elas começam a cantarolar uma cantiga folclórica da época chamada a canção das crianças, e da qual, a pequeno bambu não conhecia, mesmo assim ela já sabia a letra dela inteira da cantiga.
Neste mesmo dia, Sanuki retornou ao bosque de bambu e desta vez encontrou ouro e muita riqueza no lugar onde encontrou a pequena criança, fazendo o cortador de bambu acreditar que os céus estariam enviando um sinal para que o pequeno broto tenha uma vida melhor, então passou-se alguns dias até que, Sanuki levasse toda sua família para a capital, incluindo pequeno broto, que apesar de estar muito triste com isso, vai com seus pais sem relutar.
Ao chegar na capital a família passa a morar em uma mansão, e é reconhecida como nobres, o pequeno broto passa a ser chamada de Princesa por suas novas criadas. Logo, a Pequeno broto quer brincar e explorar os corredores de sua nova casa, porém, este momento de felicidade dura pouco, pois a Princesa logo conhece Lady Sagami, sua professora que lhe ensinará regras de etiquetas, de como uma nobre princesa deve se comportar.
E em poucos dias, por conta de seu crescimento acelerado, a Princesa atinge a idade de maturidade. Ao saber desta notícia, seu pai muito contente, começa a organizar uma grande festa de celebração, e por sua filha ainda não ter um nome, sai a procura do sacerdote real, Inbe no Akita para nomeá-la, escolhendo o nome de Kaguya, que significa luz brilhante, e que de acordo com Inbe, combina com a Princesa.
Em seguida, Lady Sagami prepara Kaguya para seu ritual de maturidade, esta preparação exige a retirada das sobrancelhas e o escurecimento dos dentes. Kaguya resiste e não concorda com essas modificações em seu corpo, mas logo se rende, para não decepcionar seu pai. Então, após a realização dos rituais do cabelo e de suas vestimentas, foram convidadas muitas pessoas para o banquete, que celebraria a atribuição do nome da Princesa, essa celebração durou três dias e três noites. Mas, em um determinado momento da festa o pai de Kaguya foi questionado por seguir a tradição à risca, e não apresentar Kaguya pessoalmente para os convidados, que agressivamente passam a insultá-lo e dizer que Kaguya não passaria de uma farsa. A princesa ao ouvir estes insultos direcionados ao seu pai, foge da mansão com raiva, indo em direção a pequena vila onde morava, chegando lá, encontra a vila desabitada, ao perceber que todas as pessoas e amigos foram para outro local, Kaguya desmaia e acorda novamente, agora na mansão, se dando conta de que tudo havia sido apenas um sonho.
Daquele dia em diante Kaguya parecia ser uma pessoa diferente, mostrou muito mais dedicação as aulas de Lady Sagami. A medida que os boatos de sua grande beleza haviam sido espalhados por toda a capital, uma multidão de homens se reuniam em frente a mansão, na esperança de ver a Princesa, surgindo vários pretendentes, e dentre todos estes homens, apenas cincos pretendentes da mais alta classe são escolhidos por seu pai. Contudo a princesa recusa ter que escolher apenas um dentre os cincos, na verdade Kaguya não tinha interesse em nenhum deles, mas todos os cincos insistem em conquistá-la, declarando poemas de amor, e até a comparam com tesouros míticos do Japão. Pela insistência dos rapazes e de seu pai, a Princesa dá a cada um deles uma missão impossível, de presenteá-la com os tesouros míticos comparados a ela, assim, aquele que cumprir com excelência a tarefa, terá sua mão.
Após três anos, quatro de seus pretendentes diz ter cumprindo a missão, trazendo o tesouro desejado, mas todos os itens não passam de farsas, o último pretendente, veio a óbito por um acidente causado pela busca do item desejado pela princesa, o que a deixa muito abalada.
Com todos estes eventos, falava-se ainda mais da Princesa Kaguya, que até mesmo sua majestade, o Imperador, se interessou. Indo até a sua cidade para visitá-la pessoalmente. Ao observar Kaguya escondido, se encantou com sua beleza e a abraçou, assustada a princesa desapareceu de seus braços e o rejeitou.
No instante em que o Imperador abraçou a princesa, ela sem perceber rezou para que a lua viesse salvá-la, recordando que era uma residente da Lua. A princesa sentiu raiva por ter que pertencer a alguém, ignorou seus pais e enganou a si mesma, e agora no momento em que precisará partir, relembrou o motivo pela qual retornou a Terra e a justificação por ter o conhecimento da canção das crianças, Kaguya diz que nasceu para viver de verdade, com os bichos e pássaros, assim como na canção.
Quando ainda residente da Lua vestiu o manto da lua, e perdeu todas as memórias deste mundo, toda a tristeza e pesar foram embora, mas quando cantava a canção das crianças, lágrimas escorriam de seus olhos e por algum motivo, aquela magia tomou conta do coração de Kaguya, e isso foi a causa de ter desejado tanto voltar para a Terra, quebrando as regras da Lua, e por isso foi reenviada novamente para a Terra.
Logo, seus pais começam a organizar tropas para proteger a princesa. Finalmente o dia 15 de agosto chegou, e Buda desce dos céus para buscar Kaguya, novamente a princesa veste o manto da lua, esquecendo de suas memórias na terra, deixando todas as tristezas e impurezas do mundo, e retorna à cidade da Lua.
Apresentação:
Escola de Kyoto e Keiji Nishitani
A reabertura dos
portos japoneses após quase três séculos de reclusão com o ocidente,
possibilitou novamente um intercâmbio cultural, econômico, social, tecnológico
e filosófico entre os dois eixos. Mas a forma repentina de como o Japão
foi lançado a esfera política mundial e o contato abrupto com uma nova cultura,
engendrou uma crise de identidade cultural e espiritual da população japonesa.
Esta crise foi a causa do surgimento da Escola
de Kyoto, fundada em 1932 pelo professor Kitaro Nishida (1870-1945), dentre seus
discípulos que obtiveram destaque estão: Tanabe Hajime (1885-1962) e Nishitani
Keiji (1900-1990).
Este grupo de pensadores japoneses contribuíram para a construção de uma reflexão acerca da tradição filosófica ocidental antiga e moderna, sob a perspectiva japonesa, estabelecendo um diálogo entre estes dois pensamentos, que de acordo com James Heisig:
“Inspirando-se na filosofia antiga e moderna ocidental, bem como em sua própria herança budista, e aliando as exigências do pensamento crítico à busca da sabedoria religiosa, eles enriqueceram a história intelectual do mundo com uma perspectiva japonesa renovada e reacenderam a questão da dimensão espiritual da filosofia. “[HEISIG, James. Pg. 377]
Desta forma, a filosofia da Escola de Kyoto tornou-se referência ao estudar assuntos como o Nada e o Vazio, a partir do viés zen budista, incluindo conceitos como sunyata (vacuidade) e o nada absoluto, como possibilidade de revelação do si mesmo e na qual surge a identidade da negação absoluta com a afirmação absoluta, isto é, o ser é juntamente com o vazio, isso significa uma relação de interdependência total entre todas as coisas e fenômenos.
Keiji Nishitani é um dos principais representantes desta corrente filosófica japonesa, e pretende fazer uma busca pelo modo de ser mais originário, ou seja, uma investigação onde configura-se a identidade do Eu verdadeiro, a partir da superação da niilidade, por meio da religião zen budista.
A princípio faz críticas a tradição filosófica ocidental, em que o modo de ser do sujeito moderno, o cogito apresentado por Descartes determina uma relação de superioridade com os objetos do mundo, ou seja, demonstra “uma visão subjetiva da realidade de modo puramente interpretativo na qual a consciência assegura e considera a realidade através de seu conjunto de faculdades” [PRAZERES, A. S. F. Pg. 242]. Este estado é caracterizado por Nishitani como modo de ser egocêntrico, também chamado de eu espectador “um eu que em seu modo de ser detém o apego e o controle às coisas, ou seja, é o modo de ser que caracteriza o sujeito clássico como aquele que faz de si mesmo o centro.” [PRAZERES, A. S. F. Pg. 241], e, portanto, impossibilita o conhecimento das coisas tal como elas são.
Sendo assim, esta busca pelo Eu, a princípio toma como base o que Nishitani define como campo da realidade da qual deriva o Eu da consciência, e onde há a separação de dois “Eus”, o espectador e observador, a diferença entre eles seriam: enquanto este eu espectador, é definido na relação de separação entre o sujeito e objeto, o Eu observador, tem a separação do Eu para observar seu próprio “Eu” como objeto, ou como o Eu em si, devido a isso, não tem certeza de sua realidade. Portanto este Eu da consciência em nenhum momento possibilita o conhecimento da realidade das coisas tais como elas são em si mesmas, logo, devemos nos distanciar dela, e realizar a “conversão” juntamente com a religião zen budista, caracterizada como a ocasião em que o Eu não institui mais a “separação entre eu-dentro e o mundo fora” [CARLOS; Jose. Escola de Kyoto, Pg.111]. Isto é, o caminho que o homem deve seguir para a compreensão da vacuidade como elemento que determina a possibilidade de conhecer o Eu em si mesmado, é dividida em três etapas.
Análise
comparativa entre a animação do Conto da Princesa Kaguya e sua relação com o
pensamento de Nishitani
O filme faz uma
retratação da nobreza e a sociedade tradicional japonesa daquela época, além de
ficar evidente o modo como funcionava o sistema hierárquico japonês, e a
posição da figura feminina nesta conjuntura. O conto apresenta vários elementos
culturais e históricos do Japão, retratando a forte influência que o zen
budismo teve durante todo aquele período. É notável a influência do zen budismo
desde o início da história com o nascimento da protagonista até o final, quando
o próprio Buda vem buscá-la na Terra, e assim como o conto, a filosofia
japonesa também tem como base o zen budismo.
No início da história, observamos que a princesa sempre foi muito bem acolhida e teve uma vida feliz e livre no campo. Levando a vida de forma humilde com seus pais adotivos e sempre demonstrou-se grata a tudo que eles faziam por ela, de tal modo que, magoá-los não seria uma opção, e isso fica evidente quando, sem questionar a decisão de seu pai, Kaguya deixa o campo e seus amigos para morar na capital com sua família. Desta forma, sua nova posição social, exige um estilo de vida diferente e por consequência disto, uma professora é contratada para moldar seu comportamento e ensiná-la a se portar como uma dama da alta classe. Então, até este momento, nota-se que durante a infância, Kaguya cresce de forma acelerada, e quando passa a residir na capital, seu crescimento é interrompido quando atinge a maturidade, e o motivo disso, seria talvez porque este novo estilo de vida não agrada a protagonista, pois é cheio de limitações e obrigatoriedades, deixando a personagem frustrada. E assim como na filosofia de Nishitani, essa frustração que a protagonista vivência, por mudar de casa, e mais tarde, pelos convidados de sua festa questionar sobre sua identidade e seu título de princesa para seu pai, é o passo inicial para o encontro do Eu em si mesmado, de Nishitani. Em seguida questionamos a vida em sua totalidade, porque a morte é iminente a todos nós, neste momento a nossa própria existência e o Eu é colocado em dúvida, perdendo seu próprio sentido e finalidade. Fazendo um paralelo com a animação, quando Kaguya recebe a notícia de que um de seus pretendentes, veio a óbito buscando cumprir a missão que lhe foi dada pela própria princesa, a mesma questiona sua própria identidade ao relembrar-se da canção da criança, cantada no início da história, que mais tarde, após a visita do Imperador, desperta em sua memória a imagem de que é um ser residente da Lua.
Por fim, se seguirmos com essa dúvida, o “Eu” vira um grande ponto de interrogação. No final do conto, Kaguya lembra do manto da Lua, e quando veste este manto o eu verdadeiro aparece livre de qualquer apego ao mundo, pois neste instante, todas as suas memórias são apagadas, e todos os apegos deste mundo é esquecido. É a realização do abandono do Ego, dada a morte do eu em si mesmado. O diálogo final entre Kaguya e Buda, quando as entidades vêm buscá-la para retornar à cidade da Lua:
“Kaguya: – Por favor, espere! Uma vez que vestir esse manto... eu esquecerei tudo sobre este lugar. Me dê mais um tempo.
Entidade: –Venha
conosco. Para a pureza da cidade da Lua, deixe para trás as lamentações e
sujeiras deste mundo.
Kaguya: – Não há
sujeira aqui! Há alegria e lamentação...Todos que vivem aqui sentem cada um em
todas as suas diferentes formas! Há pássaros, insetos, bestas...grama, árvores,
flores... e sentimentos.”
Logo após essas palavras, a entidade coloca o manto sobre a princesa que entra em estado de transe, e vai com Buda para a cidade da Lua. Neste momento de busca do sentido do ser mais originário; ocorre um colapso da consciência e da autoconsciência, e nos deparamos com o grande abismo do niilismo, dando abertura a niilidade. E entende-se esta niilidade japonesa como:
“Literalmente um nada oco, que esvazia nossa significação com relação a uma fundamentação. Quando tudo parece ter se convertido em nada, a niilidade tem se feito presente trazendo consigo a negação absoluta da existência real. Ou, em outras palavras, o nada que está na base de tudo que é emerge juntamente com a falta de significado com a qual nos deparamos”. [PRAZERES, A. S. F. Pg. 243]
Então este “eu” é consumado pela sua nulidade e se põem em dúvida sobre si mesmo e todas as coisas que se ligam a ele, porém sua existência não é aniquilada, mas a dúvida torna-se a grande dúvida, lugar onde surge o eu da nulidade juntamente com o modo de vida religioso, então:
”É na manifestação da grande dúvida que o “Eu” posiciona-se como o lócus do nada, ou no momento em que o Eu percebesse como um ser perecível, e ao mesmo tempo, percebe-se como um Eu que existe, enquanto ser do nada. Nesse processo, o reconhecimento de si como portador do nada, promove a grande transformação nesse ser, que entende a grande dúvida também como a “grande morte”. O Eu deixa de ser “Eu”, ser em si, para ser nada, e ao mesmo tempo, nesse reconhecimento afirma-se como Eu”. [MORAIS; Symon Pereira. Pg. 60]
Este nada deve ser radicalizado e concebido como um nada absoluto (sunyata), onde tudo é negado porque faz com que as coisas se esvaziem, manifestando apenas o vazio. Deste modo, ocorre o abandono do Ego, dada a morte do eu em si mesmado, para revelação do rosto original, onde o eu vai de encontro com este nada absoluto.
Assim, Nishitani propõe a superação desta niilidade gerada pela grande dúvida, através da morte deste eu si mesmado, causando o abandono do ego; fazendo surgir o rosto original, onde o eu é juntamente com o nada absoluto, ou seja, por meio do autodespertar, o ser percebe-se também como nada, resultando em um eu verdadeiramente em si, onde não há a separação entre o eu e o outro, há um afastamento da visão egocêntrica.
Referências
Amanda Keiko Yokoyama é graduanda do curso de Filosofia na Universidade
Estadual de Londrina (UEL)
HEISIG, J. W. Filosofia como espiritualidade: O caminho da Escola de Quioto. In: YOSHINORI, T. Espiritualidade budista: China mais recente, Coréia, Japão e mundo moderno. Tradução de Maria Clara Cescato. São Paulo: Perspectiva, 2007. Cap. 377 - 399.
LOPARIC, Zeljko (Org.). A escola de Kyoto e o perigo da
técnica. São Paulo: DWW Editorial, 2009.
MORAIS, Symon Pereira. Sobre
o niilismo e a vacuidade. Londrina: UEL, 2014 f. Dissertação (Pós-graduação em
Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2014.
NOVAES, Viktor Danko Perkusich. Aspectos autorais nas animações de
Hayao Miyazaki. 2018. 220 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação Mestrado em
Comunicação) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.
O CONTO DA PRINCESA KAGUYA. Direção: Isao Takahata. Produção: Yoshiaki
Nishimura, Toshio Suzuki e Seiichiro Ujiie. Japão: Studio Ghibli, 2013.
Plataforma de streaming NETFLIX.
PEREIRA, Ronan Alves; SEKINO, Kyoko. Os tanka em Taketori Monogatari:
proposta de tradução. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Licenciatura Letras-Japonês) - Universidade de Brasília.
PRAZERES, A. S. F. A doutrina do não-ego: A crítica de Nishitani Keiji
à filosofia do sujeito. Ítaca (UFRJ), v. 20, p. 238, 2012.
QUINTEIRO, Thaisy dos Santos. O conto da princesa Kaguya e o
silenciamento das vozes femininas. Disponível em: https://valkirias.com.br/o-conto-da-princesa-kaguya-e-o-silenciamento-das-vozes-femininas
REDYSON, Deyve. Budismo: Da Índia para Mundo. O Buddha, o Dharma e a
Sangha. Rever (PUCSP), v. 14, p. 257-278, 2014.
VOLOBUEF, K.; MARQUES, P. S; RAMOS, M. C. T. A montanha de vidro e o
feminino: do poder ao desvanecimento. 2018. Dissertação (Mestrado em Estudos
Literários) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Parabéns pela iniciativa sobre trabalhar com a animação japonesa e também pelo texto, Yokoyama. Está bem explicado e bem escrito. Gostaria de aproveitar o espaço para fazer uma pergunta sobre por que da escolha desse filme da Kaguya e não outra animação para fazer a mesma comparação com o pensamento do filósofo citado, por exemplo: por que não poderia ser o filme "A Viagem de Chihiro" ("Sen to Chihiro")?
ResponderExcluirEntão, escolhi essa animação da Princesa Kaguya porque ela traz referências claras do zenbudismo, inclusive com o final onde o próprio Buda busca Kaguya na Terra, o filósofo que estudo, Nishitani baseia sua filosofia nessa religião. Outra animação como “A viagem de Chihiro” creio que faz mais referências ao xintoísmo, neste caso, não seria possível fazer essa análise filosófica utilizando o mesmo filósofo, por isso optei pela “Princesa Kaguya”. -- Amanda Keiko Yokoyama
ExcluirParabéns pela iniciativa sobre trabalhar com a animação japonesa e também pelo texto, Yokoyama. Está bem explicado e bem escrito. Gostaria de aproveitar o espaço para fazer uma pergunta sobre por que da escolha desse filme da Kaguya e não outra animação para fazer a mesma comparação com o pensamento do filósofo citado, por exemplo: por que não poderia ser o filme "A Viagem de Chihiro" ("Sen to Chihiro")?
ResponderExcluirDiana Jane Barbosa da Silva
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAcredito que O Conto da Princesa Kaguya está mais próximo da realidade humana, por isso tem aquela questão do niilismo,(“Eu”, ser em si, para ser nada) que a autora cita no texto, podemos até pensar no existencialismo humano.
ExcluirObrigada Diana! Então, escolhi essa animação da Princesa Kaguya porque ela traz referências claras do zenbudismo, inclusive com o final onde o próprio Buda busca Kaguya na Terra, o filósofo que estudo, Nishitani baseia sua filosofia nessa religião. Outra animação como “A viagem de Chihiro” creio que faz mais referências ao xintoísmo, neste caso, não seria possível fazer essa análise filosófica utilizando o mesmo filósofo, por isso optei pela “Princesa Kaguya”. -- Amanda Keiko Yokoyama
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConto da princesa Kguya mostra muita a sutileza das emoções humana, a vida passa de pressa e nem sempre é justa,O conto mostra muito a realidade nossa em que vivemos que as vezes os pais no entendem os filhos, mostra muito bem essas imperfeições humanas. Sendo assim podemos pensar que a Princesa Kaguya é uma menina angustiada por ter a infância interrompida por conta do pai achava que sabia o que era melhor para ela ?
ResponderExcluirMarta Ferreira Pinto
Olá Marta! Em uma cena que ocorre na animação, Kaguya fala para seus pais que “a felicidade que vocês desejaram para mim foi difícil demais de suportar”, o tempo todo seu pai acha estar fazendo o melhor para sua filha sem nem ao menos perguntar quais eram suas vontades, e quando sai da vila para morar na cidade ela para de crescer, essa mudança também carrega mais responsabilidade para Kaguya, coisas que ela nunca pediu, ela era feliz em sua vida humilde na vila, creio que essa angustia que você cita, poderia sim ser causado por seu pai, que achando que estava fazendo o bem, fez com que sua filha desejasse retornar para a Lua. –Amanda Keiko Yokoyama.
ExcluirOlá, Amanda. O conto da princesa Kaguya é um dos longa-metragem que eu mais amo do Studio Ghibli. Recordo-me sempre do uso intenso do branco, dos detalhes das paisagens rurais, das vestimentas, etc. É um anime que Takahata soube colocar sentimentos em cada quadro. A minha pergunta está mais para uma reflexão, será que caso Kaguya não fosse condicionada por seus criadores à vida na capital, onde foi tratada como uma princesa, e teve que seguir as regras e padrões para uma moça da nobreza, ela retornaria para o mundo da lua? Além disso, como você interpreta o surgimento do ouro e dos tecidos no bambu? Seria uma tentativa de Buda em testar os humanos que cuidariam dela?
ResponderExcluirPedro Antonio de Brito Neto
Obrigada pelo seu comentário Pedro!
ExcluirA animação que mais me tocou do Studio Ghibli foi “A princesa Kaguya”. Mas não tive uma opinião formada a respeito do ouro e dos tecidos no bambu, creio que possa sim ter sido um teste de Buda para os humanos que iriam cuidar de Kaguya, mas assim como disse em outro comentário acima, creio que os pais de Kaguya sempre quiseram o melhor para sua filha, e infelizmente “a felicidade” que desejaram a ela, envolveu muito mais status social do que a felicidade de forma genuína. E sim, quando ela foi abraçada pelo imperador, inconscientemente desejou retornar para a Lua, talvez se estivesse na vila vivendo sua vida de forma humilde isso não teria ocorrido. Durante a animação acompanhamos todo o processo de não aceitação de seu novo estilo de vida, fazendo parte da nobreza, isso acarretou várias angústias na protagonista, e a única imagem de felicidades que acompanhamos dela foi quando estava na vila. --Amanda Keiko Yokoyama.
Amanda, primeiramente a parabenizo pelo excelente trabalho. A animação "O conto da princesa Kaguya" é belíssimo. É muito interessante tecer relações entre o longa e outras questões filosóficas, isso faz com que esse dito "extremo Oriente" fique mais próximo. Então lhe pergunto: Como produções audiovisuais, como esta apresentada, podem ajudar para que o Oriente muitas vezes tão distante se torne mais próximo? Como utilizar-se destas produções para ter um conhecimento mais verdadeiro e significativo sobre a cultura japonesa?
ResponderExcluirMatheus Felipe Araujo Souza
Cara Amanda, parabéns pelo belíssimo texto!
ResponderExcluirTenho duas questões a fazer. Em primeiro lugar, o conto é interpretado sob a ótica do Zen Budismo. Sei que você analisou a animação e não o conto original em si, considerando que há diferenças significativas em razão da distância dos contextos históricos. No entanto, se pensarmos na narrativa original dos séculos IX e X, ela teria sido concebida anteriormente à introdução do Zen no Japão, que ocorreu apenas no século XIII via monges como Eisai e Dôgen, no período geralmente chamado de Budismo Kamakura, com a emergência de escolas como a Terra Pura (Jôdô), a Verdadeira Escola da Terra Pura (Jôdô Shi), o Budismo Nichiren e o próprio Zen. Nesse sentido, me pergunto se o conto dialoga de fato com o Zen ou se há elementos mais difusos de outras vertentes budistas também. Ou talvez, se a introdução de elementos do Zen seja uma visão de Takahata tendo em vista a releitura da obra no século XXI.
A segunda questão que gostaria de levantar diz respeito à perspectiva do Budismo derivado da Escola de Kyoto. Seus pensadores, como Keiji Nishitani e Daisetz [Daisetsu] Teitaro Suzuki, dialongando com a tradição filosófica ocidental, parecem enquadrar os conceitos do Dharma (principalmente do Zen) em termos filosóficos. No caso do Zen, muito aproximados da fenomenologia. Recomendo, nesse sentido, o texto neste evento de Leonardo Henrique Luiz, que toca na questão. A Escola de Kyoto, nesse sentido, não estaria ressignificando filosoficamente o Budismo, excluindo os elementos propriamente religiosos (culto aos ancestrais, ritos mortuários, etc.)? Quais seriam as distâncias, por exemplo, entre as concepções filosóficas da Escola de Kyoto e o Budismo popular, principalmente praticado nas áreas rurais do Japão?
A pergunta foi feita pelo Richard Gonçalves André!!! Hahaha.
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