A CONSTRUÇÃO DA PROTO-SINOLOGIA PORTUGUESA À LUZ DOS RELATOS DE CATIVEIRO DO SÉCULO XVI (1524–1563): ALGUNS DEBATES
Introdução
Desde as primeiras informações que chegaram à Europa sobre
a China através de Marco Polo, no século XIII, o espaço chinês sempre fora
objeto de admiração, desejo e, principalmente, de uma anseio descobridor.
Criando uma imagem de um país rico, limpo e organizado, governado pelo sábio e
magnânimo Kublai Khan, o Grande Cã, o relato do Il Milione, mais tarde incrementado por outros italianos que
viajaram à região com intuitos comerciais e religiosos, se tornará a visão
canônica sobre a China, mesmo com sua veracidade
fosse posta à dúvida por
muitos (DORÉ, 2010, p. 29–30). De todo modo, quando os portugueses alcançaram a
Índia através da Rota do Cabo, no final do século XV, o relato de Polo já
estava defasado — não só pelas informações desatualizadas que trazia, mas por
se tratar de uma mirabilia medieval
que já não condizia com a realidade mental empiricista da modernidade.
A chegada lusitana à Ásia marca uma segunda onda de contatos entre o Ocidente e o Oriente, marcada por intuitos principalmente comerciais e um intuito descobridor (DORÉ, 2007, p. 113–120). Esses contatos, nascidos a partir das dificuldades do comércio a partir de Alexandria e da pressão causada pelos muçulmanos a leste, levou os portugueses a iniciar um processo de expansão marítima em direção ao Atlântico, que, num intervalo entre 1415 e 1498, contornou a África pelo sul, atravessará o Índico e chegará até Calicute, no subcontinente indiano. Nascido com uma mentalidade medieval, principalmente a partir da feição belicosa derivada da nobreza portuguesa, rapidamente ela assumiu um caráter comercial e burguês (THOMAZ, 1994, p. 35–38). Essa natureza dupla (isto é, nobiliárquica e burguesa) constituíram a base para as principais ações portuguesas no ultramar, sendo a marca desse período de transição entre as duas eras, e que impulsionaram os diferentes interesses projetados na Ásia e, mais especificamente, na China.
A política portuguesa na costa africana, e posteriormente asiática, precisa ser compreendida como um processo de rupturas e continuidades que, criando um modelo de atuação, regeu os tentativos contatos com a China na primeira metade do século XVI, e que só foram normalizados com a fundação de Macau, em 1557. Com efeito, a presença portuguesa na Ásia foi mediada pelo chamado “Estado da Índia”, uma estrutura burocrática e comercial que, segundo Thomaz (1994, p. 207), pode ser definido como “o conjunto dos territórios estabelecimentos, bens, pessoas e interesses administrados geridos ou tutelados pela Coroa portuguesa no Oceano Índico e mares adjacentes ou nos territórios ribeirinhos, do cabo da Boa Esperança ao Japão”. Marcado por um território descontinuado, apoiado em uma série de praças-fortes, feitorias e entrepostos espalhados por toda a Ásia, se estendia desde a região da costa suaíli , no atual Moçambique, até Nagasaki, no Japão. Podemos pensá-la como base de controles das rotas comerciais marítimas asiáticas, coordenadas através de postos específicos nas costas, especialmente Malaca, Goa e Ormuz (BOXER, 2019 [1969], p. 62–63). Esse modelo, criado a partir das explorações na costa da Guiné, na África ocidental, atingiu sua maturação na Ásia, estabelecendo um controle comercial que, a despeito dos anseios portugueses, nunca chegou a ser efetivamente um monopólio (idem, ibidem).
O interesse na China, bem como as principais ações tomadas em relação a ela, estão intrinsecamente relacionadas com o Estado da Índia. Provavelmente inspirado por Marco Polo, que descrevia o “Cataio” (isto é, a China) como um lugar de riquezas imensuráveis, o rei português D. Manuel (r. 1495–1521), ao nomear Francisco de Almeida como o primeiro vice-rei do Estado da Índia, em 1505, o incitou a expandir a influência portuguesa descobrindo as terras para além de Malaca (COSTA, 1996, p. 14). Não tendo cumprido a ordem, D. Manuel envia, em 1508, Diogo Lopes de Sequeira para entrar em contato com a China e descobrir sobre seu comércio, sua religião e sua capacidade militar. Eventualmente, o primeiro contato com os chineses se deu em Malaca, em 1509, quando esta ainda não era domínio português. Mas foi apenas em 1512 que a China foi efetivamente alcançada, a partir de uma missão comandada por Jorge Álvares. Essa primeira missão foi considerada vitoriosa tanto por D. Manuel, que considerava isso o início das relações sino-lusitanas, como por Afonso de Albuquerque, um dos grandes arquitetos e governador do Estado da Índia entre 1509 e 1515, que acreditava no fortalecimento interno das redes comerciais marítimas dos portugueses em território asiático (ibidem, p. 16–17).
Outras expedições subsequentes foram enviadas à China por ordem de D. Manuel, como as de Rafael Perestrelo e Fernão Peres de Andrade, ambas em 1515. Os intuitos primordiais de ambas eram, tal qual a de Jorge Álvares, a de se adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre a China, principalmente ao que tangia aos costumes, à religião, às riquezas e às defesas. Essa busca, como vimos, deriva de um imaginário medieval de uma terra mística de riquezas, derivada de Marco Polo, que colocava o Império do Meio como um dos principais objetos de desejo por parte de Portugal. Luiz Felipe Thomaz identifica, pensando especialmente na ideia imperial manuelina, uma aspiração de caráter cristã milenarista e escatológica, em que cabia a Portugal não só a evangelização do mundo, mas também a busca do Paraíso Terrestre e a confirmação, na terra, da chegada de novos tempos (THOMAZ, 2006, passim). Mas essas informações, parte do que poderíamos chamar “sinologia” — ou seja, um campo de estudos que considera as notícias, informações e descrições sobre a China — só será construída efetivamente como um campo mais ou menos articulado pelas mãos dos jesuítas, no final do século XVI, até a metade do século XIX, quando ganha o status de disciplina acadêmica (ZURNDORFER, 1995, p. 6).
As diversas informações trazidas por Jorge Álvares, já em 1515, não apenas acenderam ainda mais o interesse de D. Manuel acerca do Cataio (se pensarmos que, para além de Marco Polo e os viajantes italianos, essa era a primeira informação empírica que chegada à Europa sobre a China), mas o fez crer que era necessário passar para uma nova fase do relacionamento luso-chinês — isto é, não apenas participar do comércio, trocando a pimenta da Sumatra por seda, porcelana e almíscar na região de Cantão, mas estabelecer relações diplomáticas entre os dois impérios, considerando-os, notoriamente, no mesmo patamar (COSTA, 1996, p. 20–22).
Assim, Fernão Peres de Andrade, por ordenação real, bem como pelas informações que recebeu de Rafael Perestrelo em Malaca após retornar da China em 1516, buscou instituir uma embaixada oficial no território chinês. Como embaixador, o governador do Estado da Índia à época, Lopo Soares de Albergaria, nomeou Tomé Pires, que trabalhava como escrivão em Malaca. Profundo conhecedor da região do sul da Ásia e seu comércio, ele foi responsável pelo monumental Suma Oriental, publicado em 1515, que discute as dinâmicas do comércio asiático no início do século XVI. Com efeito, a embaixada, comandada por Peres de Andrade e chefiada por Tomé Pires, parte de Malaca e chega à China em 1517, na região de Cantão. No entanto, como indica T’ien-Tse Chang, a ela foi marcada por uma série de percalços que, em última instância, levou sua dissolução completa em 1521 (CHANG, 1962, passim).
A embaixada de Tomé Pires, a despeito de ter eventualmente
soçobrado, foi um ponto de inflexão na história dos relacionamentos
luso-chineses. Conforme aponta Chang, após um período sendo largamente
ignorada, ela eventualmente caiu nas graças do imperador Zhengde (r. 1491–1521),
inclusive oferecendo ao embaixador e seus imediatos que eventualmente
visitassem a Cidade Proibida, a capital Pequim, com ele próprio sendo seu
anfitrião (ibidem, p. 54–55). Nesse
período de cinco anos de relacionamento não apenas se estabeleceram primeiras
relações de caráter diplomático, mas Fernão Peres de Andrade, por ordem real,
continuou a coletar informações, principalmente das províncias de Cantão e
Fujian. Todas essas informações, mais tarde, seriam levadas até D. Manuel,
mesmo com a eventual expulsão dos membros da embaixada em 1521–1522 como
retaliação da China pela conquista de Malaca, em 1511, um dos seus Estados
tributários. Será a partir do fracasso e eventual captura de alguns membros da
embaixada, como é o caso de Cristóvão Vieira e Vasco Calvo, cuja carta, escrita
em 1524, será uma fonte riquíssima de informações sobre a China.
O cativeiro e o império
Considerando o projeto imperial português, que perpassa D. Manuel e se estende para muito além dele, percebemos que Portugal tinha, para todos os efeitos, uma falta crônica de informações que os auxiliassem na conquista e domínio de uma miríade de povos e regiões na África, Ásia e América. Afinal, para se efetivamente se estabelecesse um controle, ou mesmo uma relação comercial efetiva, era preciso ter conhecimento dos costumes, leis e práticas que criasse um ambiente favorável à ação portuguesa. Isso é especialmente verdadeiro no sul asiático, onde a formação caleidoscópica de sociedades regidas por línguas, religiões e leis radicalmente diferentes levou à criação de estatutos variados para os postos avançados conquistados e mantidos ao longo dos séculos XVI–XVII. Era necessário a presença de informações fidedignas, de preferência empíricas, que construíssem um panorama sobre o qual pudessem se conjecturar roteiros de ação. Nesses casos — e na China não é diferente — lançou-se mão de uma fonte inusitada, mas muito útil, que servia de fontes de informações privilegiadas aos intuitos imperiais portugueses: os relatos de cativos.
Segundo a historiadora Lisa Voigt, o uso de relatos de cativeiro como fontes de informação não era algo novo e muito menos exclusivo do contexto português, embora tenham sido eles, juntamente com os espanhóis, que realmente tenham percebido a relevância desse tipo de experiência para seus anseios imperiais, especialmente a partir do século XIV. Não apenas a coroa, mas diversos grupos entendiam a importância de “habitar entre eles”, num sentido literal, como forma de se adquirir, em primeira mão, informações de suma importância que, mais tarde, seriam utilizados pelas autoridades imperiais com determinadas intenções de conquista e comércio (VOIGT, 2009, p. 4). Esses cativos poderiam observar em primeira mão as leis e costumes que, pelo contato prolongado (que poderia ser de meses a anos), se tornaram explícitos de uma forma que não estaria a viajantes ou comerciantes esporádicos. Esse compêndio de informações era então “instrumentalizado” pelo próprio ex-cativo, que o relatava às autoridades reais em troca de benesses (ibidem, p. 7).
Para a historiadora inglesa Linda Colley, os relatos (ou ainda narrativas) de cativeiro, definidos como “um modo de escrita que um gênero, narrativas de cativeiro comumente descrevem como um único indivíduo ou um grupo foi capturado, como a(s) vítima(s) lidaram (ou não) com os desafios e sofrimentos que se seguiram, e como eles planejaram no final a sua fuga ou foram resgatados ou soltos” (COLLEY, 2002, p. 13), constituem algo muito próximo das leituras antropológicas ou etnográficas que surgem no século XIX. Dentro dessa perspectiva, as narrativas de cativeiro assumem uma característica fundamental de não apenas serem leituras detalhadas e dirigidas a partir de dentro da própria sociedade que os tornou cativos, mas também construídos sumariamente a partir da experiência empírica — isto é, são construídos em primeira mão por pessoas que eram testemunhas daquilo que diziam. Para Voigt, isso é fruto da própria “Revolução Científica” da modernidade, especialmente a partir do século XV, em que se predominam as informações derivadas da experiência, em detrimento daquelas que, na Antiguidade e no medievo, eram construídas em cima da noção de “experiência” e “autoridade” (VOIGT, 2009, p. 1–2). Assim, não só esses relatos de cativeiro eram informações úteis para a construção imperial, mas também eram expressivos de uma “virada mental” no início da modernidade, em que se percebia a importância das informações empíricas como fonte de conhecimento embasada em evidências. Se os portugueses já tinham consciência disso com a política dos “lançados” e “degredados”, já no século XIII, foi com os relatos de cativeiro que essa noção efetivamente se consolida (ibidem, p. 4).
Esses primeiros relatos de cativeiro, segundo Rui Manuel
Loureiro (2002, p. 7) constituem uma “proto-sinologia”, principalmente por se
considerar notícias e tentativas de tradução da cultura chinesa por parte de
portugueses. Notamos, novamente, como isso ainda não se configura como
sinologia enquanto campo, que só será plenamente desenvolvido no século XIX —
afinal, essas primeiras informações ainda eram dispersas, pouco sistematizadas
e tinham uma circulação limitada aos círculos de poder das monarquias
portuguesas e espanholas. No entanto, algumas delas (e em especial a última,
atribuída a um certo Galiote Pereira) serão a base para os primeiros tratados
sistemáticos do conhecimento europeu sobre a China, como o Historia de las cosas más notables, ritos y costumbres del gran reyno
de la China (1585), de Juan González de Mendoza, que constituirá uma das
primeiras informações de caráter mais aprofundado sobre a China (LACH, 1965, p.
744–745). Essas primeiras informações só serão efetivamente suplantadas pelo De Expeditione Christiana apud Sinas (1615),
de Matteo Ricci e Nicolas Trigault, assim
como uma série de cartas e relatórios ligados aos jesuítas que conservaram o
monopólio das informações sobre a China até meados do século XIX.
Cativos nas terras dos “chinas”: os
prisioneiros portugueses na China Ming
Os relatos de cativeiro que chegaram a nós sobre a China, num total de sete, foram produzidos num intervalo de 1524 a 1563 e, apesar de pertencerem a um mesmo gênero de escrita e circunstâncias parecidas em sua produção, se diferenciam profundamente entre si, principalmente nos aspectos que descrevem, na tonalidade (positiva ou negativa) que escrevem acerca da China e com as diferentes intenções que se podem observar na sua escrita. Embora todos, de alguma maneira, estejam direta ou indiretamente relacionados com o propósito imperial da coroa, em alguns esse aspecto se manifestam de uma maneira mais marcada, principalmente ao destacar as possíveis táticas de invasão e conquista. Em outros, se destaca os aspectos mais sensíveis sobre a cultura e a organização burocrática que, em última instância, constroem uma utopia, ou ao mesmo um utopismo, que se constituem uma característica única na percepção portuguesa da China em relação aos seus pares europeus.
Os primeiros relatos produzidos, escritos em 1524 e consequência direta do colapso da embaixada de Tomé Pires, são os de Cristóvão Vieira e Vasco Calvo, referidos, pelo historiador Donald Ferguson, como os “cativos de Cantão”. Presos como invasores estrangeiros, os dois cativos, em duas cartas distintas, mas complementares, continuaram os propósitos da embaixada definidos por D. Manuel: adquirir informações sobre a terra, em especial as suas riquezas e suas formas de defesa, como forma de se estabelecer um plano de conquista da terra.
Com efeito, Calvo e Vieira não apenas recolheram essas informações, destacando a navegabilidade dos rios, a força administrativa dos mandarins, as divisões internas da terra e suas fraquezas, mas estabeleceram um plano detalhado de invasão e anexação das províncias. Apontando-as como especialmente desprotegidas, repetidas vezes afirmam que seria fácil a sua invasão, principalmente a partir da costa e dos rios, e que a terra dispunha de meios para construir fortalezas que, como vimos, fazem parte da lógica do Estado da Índia. São, portanto, um rico compêndio de informações, principalmente se observarmos à luz do projeto manuelino para a China.
O segundo relato é de um autor anônimo, escrito em Malaca após a sua fuga da China, em 1554. Mudando de enfoque radicalmente em relação aos seus antecessores, o Anônimo buscou construir uma imagem maravilhada da China, considerando suas edificações, a organização de suas estradas e cidades e, acima de tudo, os aspectos culturais, considerando um povo culto e, a despeito de sua religião pagã, superior em técnica e costumes em relação aos europeus. Seu relato lançou muitas das tônicas que, mais tarde, foram presentes não só nas narrativas de cativeiro, mas nos tratados construídos durante todo o seiscentos sobre a China.
Os próximos relatos, embora escritos dentro de um intervalo considerável de tempo, são parte de um mesmo contexto, denominado o “mistério dos dois juncos”, uma tentativa frustrada de comércio com a China. Focando principalmente nas questões jurídicas, se colocam como opostas. Enquanto Afonso Ramiro (1555) considera na aplicação de leis uma boa justiça por parte dos mandarins, principalmente pelo seu uso de testemunhas e o tratamento igualitário em relação a todas as partes envolvidas, Amaro Pereira (1562) tem uma visão diametralmente oposta: tendo sido condenado num julgamento que considerou injusto, destaca o despotismo das autoridades mandarins e a justiça como servindo aos caprichos de alguns poucos. De todo modo, oferecem uma oportunidade única de investigação acerca do tratamento com estrangeiros dentro da sociedade chinesa, o papel do rei na aplicação da lei e como o relacionamento entre Portugal e China permaneceu conturbado no século XVI adentro.
Por último, está o relato de Galiote Pereira, talvez uma
das peças mais bem acabadas sobre a China na passagem da primeira com a segunda
metade do século XVI. Versando sobre uma diversidade de assuntos, a visão
maravilhada de Pereira destaca a profunda riqueza da terra, a sua organização,
o papel dos mandarins, a situação incomparável de suas muralhas, cidades e
estradas com a Europa e a própria fineza dos costumes. Seu relato, divulgado
através da rede de informações dos jesuítas, se tornará a principal fonte de
informações sobre a China e, através de sua incorporação no Tratado das cousas da China, de Gaspar
da Cruz, uma das principais referência sinológicas do século XVI.
Conclusão
A presença de relatos de cativeiro como fontes de
informação sobre a China apontam a importância do processo de prisão e de
contato direto, a partir de sua libertação e permanência dentro da China como
vigiados, em uma situação privilegiada para a construção de um corpo de
informações que se estenderam para além de sua circulação original. O intuito,
aqui, não foi discutir o conteúdo das fontes em si; antes, foi apresentar suas
possibilidades de análise a partir de eixos que, em última instância, refletem
não só as intenções do autor, mas também o próprio percurso das informações
sobre a China. Espera-se que, a partir disso, se possam aprofundar as
investigações nesse campo que, embora riquíssimo, permanece sumariamente
inexplorado.
Referências
Cláudio César Foltran UIbrich é graduando em História (Licenciatura com Bacharelado) na Universidade Federal do Paraná, pesquisando especialmente as relações sino-portuguesas no seiscentos e a formação do Estado da Índia.
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Olá Cláudio! Parabéns pelo texto, é uma ótima introdução ao assunto.
ResponderExcluirApesar do seu texto não tratar do conteúdo dos relatos de cativos em si, gostaria de fazer uma pergunta: sabemos que a chamada Revolução Científica do XV e XVI resultou, de certa forma, numa crescente primazia da experiência em detrimento de fontes clássicas e medievais. Contudo, também sabemos que isso não se deu de forma abrupta, mas sim num longo processo em que os saberes antigos e medievais ainda tinham alguma credibilidade. Tendo isso em vista, é possível identificar nos relatos dos cativos algum resquício das mirabilia medievais nas descrições sobre a China (seja sobre as regiões por onde os autores passaram, seja de lugares ainda desconhecidos do continente asiático)?
Bruno Stori