Fernanda Vieira Carvalho

 

RELAÇÕES SINO-SUL-COREANAS: PERSPECTIVA CULTURAL E REFLEXOS NA ATUALIDADE


 

Léon-Mantíquez (2012, p. 49) identifica que a fronteira entre amizade e hegemonia é um tema central contido dentro das relações sino-coreanas, ainda mais ao se considerar a possível ameaça que o crescimento do poder econômico chinês representa. Assim, o autor aponta que o relacionamento entre a China e Coreia consiste em uma “dinâmica simultânea de conflito e cooperação” (LÉON-MANTÍQUEZ, 2012, p. 49).

O início das relações entre Coreia e China remonta à mitologia e pré-história, quando nas Idades de Bronze e Ferro são estabelecidos laços comerciais para troca de matérias-primas e bens manufaturados. Nesse contexto, os coreanos habitavam, além da península, a Manchúria, a península de Shandong e o nordeste da China, desenvolvendo Gojoseon no ano de 2333 a.C., um Estado patriarcal (formado pela união de diversas tribos) que surgiu como uma potência oriental, tornando-se limítrofe com o reino chinês de Yan no século IV a.C.

Os conflitos internos dentro do território chinês entre os vários Estados Guerreiros entre 475 a.C. e 221 d.C. foram responsáveis pelo início de uma migração de coreanos para Gojoseon: comerciantes, diplomatas, monges e eruditos, que difundiram a escrita, religião, cerâmica, cunhagem, práticas agrícolas, escultura e arquitetura do país vizinho para a antiga Coreia, a qual absorveu esses aspectos culturais, mesmo que com algumas adaptações (CARTWRIGHT, 2016).

O fluxo migratório foi responsável por conflitos pela liderança do Estado coreano. Wiman, líder dos imigrantes, ao derrotar o Rei Chun, assumiu o trono de Gojoseon, expandindo ainda mais os territórios. Todavia, esse reino logo teve sua derrocada ante a dinastia Han da China, ao ser invadido e perder a capital, havendo uma nova dispersão de pessoas pelo território (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 194; CARTWRIGHT, 2016).

É importante destacar a criação de quatro colônias militares pela dinastia chinesa, ou commanderies, na Manchúria e norte da Coreia, como mecanismo de intensificação do comércio e atração do vizinho para a esfera política dominada pelos chineses. Dentre esses territórios, destaca-se Lelang (conhecido também por Nangnang), não apenas em relação à população e recursos, mas também por atuar como intermediário entre o Estado chinês e os Estados coreanos de menor porte que existiam no sul da península (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 54).

Os reinos Koguryo (ao norte), Paekche e Shilla (ambos ao sul da península) que se estabeleceram ao final do Período Gojoseon, inauguraram o Período dos Três Reinos (57 a.C.-668), com alianças e conflitos mútuos entre si e com a China, por expansão territorial. Porém, Cartwright (2016) ressalta que apesar disso, o intercâmbio comercial e cultural entre Coreia e China continuou e aumentou. 

Dessa maneira, evidencia-se a vantagem que os Estados coreanos tomaram vantagem da fragmentação política chinesa, entre a queda dos Han no início do século III e a ascensão da dinastia Sui em 581, para o próprio desenvolvimento cultural, absorvendo e adaptando práticas culturais e políticas da China antiga. Para melhor ilustrar, tem-se a adoção do Confucionismo, Taoísmo e Budismo. Koguryo, por exemplo, foi o primeiro a adotar o Budismo como religião oficial da Corte em 372, sendo seguida por Paekche em 384 e Shilla em 528. Apesar de ser uma religião de origem indiana, os escritos eram de tradução chinesa, contendo elementos diferenciais (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 54).

O Confucionismo, por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento de uma organização estatal sofisticada e hierarquizada, com o rei no centro, amplificando a disputas entre os três reinos por expansão e força. Além da estrutura do Estado, essa filosofia influenciou a sociedade, os pensamentos éticos e as relações familiares, impactando também sobre a arte, literatura, arquitetura e cerâmica (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 54; CARTWRIGHT, 2016).

A partir do século IV, Shilla passou a manter relações diplomáticas com a China, incluindo pagamentos regulares de tributos, bem como econômicas (importando seda, chá, livros e objetos de pratas; enquanto exportava ouro, cavalos, ginseng, peles, ornamentos manufaturados e escravos). A proximidade, também entre as cortes, levou a então dinastia chinesa Tang a ajudar o reino coreano a unificar a península sob um único Estado, esperando que a guerra para conquistar tal objetivo esgotasse os recursos de Shilla e, assim, causasse o esfacelamento do governo ao não poder controlar toda a extensão territorial. Logo uma guerra entre chineses e coreanos eclodiu, todavia, questões internas (conflito no Tibete) forçou Tang a deslocar seu exército. Tomando vantagem disso, o exército de Shilla saiu vitorioso (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 55; CARTWRIGHT, 2016). 

O período de unificação sob o Reino de Shilla diante de um conflito com a China, entretanto, não resultou em mudanças significativas nas relações dos dois Estados, que se mantiveram aliados. A difusão de correntes de pensamentos e religiões chinesas permaneceram no sistema educacional coreano, sendo criada a Academia Nacional Confucionista em 682 e estabelecimento de exames para administradores em 788 (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 208-209; CARTWRIGHT, 2016).

Após conflitos internos no Reino de Shilla, a dinastia Goryeo conquistou pacificamente toda a península coreana, mantendo também o respeito para com a cultura chinesa, bem como certas práticas da mesma por parte da elite coreana. Assim, essa dinastia estabeleceu laços ainda mais fortes com a chinesa Song (960-1279), a qual tentou trazer o vizinho para o conflito contra os mongóis e a dinastia Jin (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 209-210). 

Apesar disso, os coreanos decidiram por não se envolver em um conflito regional mais amplo, continuando ainda com seu fluxo comercial: importando seda, livros, especiarias, chás, remédios e cerâmicas, enquanto exportavam para a China ouro, prata, cobre, ginseng, porcelana, pinhão e papel hanji (CARTWRIGHT, 2016). 

Conforme outrora, os laços culturais permaneceram fortes, sobretudo com a popularidade da literatura chinesa, bem como a administração estatal chinesa que trazia consigo exames para serviço público e princípios confucionistas; e a religião budista, havendo então, a construção de templos e mosteiros (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 59-60).

Entretanto, novamente uma ameaça externa levantou-se contra a Coreia quando as tribos mongóis foram unidas por Genghis Khan e invadiram e conquistaram a China em 1215. As invasões (contabilizadas em 7) contra Goryeo começaram em 1231, lideradas por Ogedei Khan, havendo o estabelecimento de paz somente em 1258, quando foi determinado que os coreanos deveriam fornecer navios e materiais para as invasões mongóis no Japão em 1274 e 1281 (CARTWRIGHT, 2016; KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 212).

É válido ressaltar que, durante o período que passou sob a influência Mongol (até 1392, quando o general Yi Songgye formou o novo Estado de Joseon e assumiu o nome de Rei Taejo de Joseon), a cultura coreana foi deveras influenciada por seu colonizador, sofrendo severos impactos ao seu patrimônio cultural. Além disso, os príncipes foram obrigados a viver como reféns em Pequim, sendo necessários casamentos com princesas mongóis (CARTWRIGHT, 2016; KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 212-213).

A nova dinastia Joseon foi inaugurada com a construção do Palácio Gyeongbokgung e o Templo Jongmyo, além de estradas e mercados e uma nova capital localizada no centro da península e acessada pelo Rio Hangang, Hanyang (atual Seul). O sistema de governança foi estabilizado pelo terceiro rei da dinastia, Rei Taejong. Entretanto foi o Rei Sejong, seu sucessor e filho, que proporcionou um grande avanço político, social e cultural, sendo ele quem supervisionou e promulgou o Hangul (alfabeto coreano cujas formas foram baseadas nas formas feitas pelo aparelho vocal humano durante a pronúncia), facilitando a comunicação entre o povo e o governo (até então eram utilizados os caracteres chineses) (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 62-65; KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 213-214).

Com relação à China e na época da dinastia Ming, Joseon manteve relações amigáveis e trocas de enviados reais todos os anos, bem como participava de intercâmbios culturais e econômicos. As relações entre Joseon e Ming foram fundamentais para a constituição de uma aliança quando se dá a invasão japonesa em 1592 na península coreana e o início de uma guerra que dura até 1598 (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 62-65; KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 213-214). Os últimos anos da dinastia Joseon foram marcados por acordos desiguais, até a anexação da Coreia pelo Japão Imperial no final do século XVIII, país esse que derrotara os aliados coreanos China e Rússia em guerras.  

O Movimento de Independência coreano consistiu-se em organizações clandestinas para combater os japoneses dentro do país, mas também possuía bases avançadas na China, Rússia e Estados Unidos, promovendo uma demonstração pacífica em março de 1919, quando líderes coreanos anunciaram a Declaração de Independência e, ao receber apoio de estudantes e pessoas comuns, deram início a protestos envolvendo cerca de 2 milhões de pessoas durante 12 meses, sofrendo dura repressão. Após esse movimento, surgiram diversas organizações representando coreanos em Seul, nas Províncias Marítimas da Sibéria e Xangai (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 221-222).

O governo provisório instalado em Xangai consolidou-se como o primeiro governo republicano democrático da Coreia, equipado por uma Constituição moderna e sistema político tripartite. Além disso, houve o engajamento armado em mais de trinta unidades do Exército da Independência Coreana em atividades de resistência na Manchúria e nas Províncias Marítimas da Sibéria, algumas delas recebendo treinamento militar dos Estados Unidos já em 1940 (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 221-222).

A liberdade dos coreanos veio apenas em 15 de agosto de 1945, com a rendição japonesa. Assim, tropas estadunidenses foram enviadas para o sul do paralelo 38, enquanto as soviéticas partiram para o norte a fim de desarmar as tropas japonesas restantes na península, o que resultou na divisão dessa em dois países diferentes (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 223).

Em 25 de junho de 1950, as tropas norte-coreanas, armadas com tanques e caças soviéticos, invadiram o Sul, culminando com um novo conflito na região. O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), tendo condenado a ação do país socialista, emitiu uma resolução recomendando que seus Estados membros auxiliassem a Coreia do Sul. A China, ao observar a intervenção das Forças das Nações Unidas, adentra o conflito ao lado da Coreia do Norte. O armistício foi assinado em 27 de julho de 1953, apesar dos protestos fervorosos do presidente Rhee Syngman para a continuação do conflito e unificação a favor do Sul (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 224-225).

Após anos sob ditadura, o anúncio de Roh Taewoo, candidato presidencial do partido no poder, em junho de 1987, de que aceitaria o pedido do povo de democratização e eleição direta para presidente, resulta em sua eleição no final do mesmo ano para um mandato de cinco anos. Sob seu governo, a Coreia do Sul estabeleceu relações diplomáticas com os países comunistas, como a União Soviética, China e os da Europa Oriental (KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2018, p. 226).

De acordo com Léon-Mantíquez (2012, p. 50), a China, durante a Guerra Fria, manteve sua política para a Península Coreana de apoio ao regime socialista da Coreia do Norte, porém essa aliança no atual contexto é mais pragmática que ideológica, sendo Pyongyang, que há anos enfrenta um estado crítico, destinatária de alimentos e energia, enquanto que, em contrapartida, ela garante o status quo da região.

Uma vez restabelecidas as relações diplomáticas entre a República da Coreia e China em 1992, os laços econômicos cresceram, bem como políticos, culturais e acadêmicos. É perceptível que essa relação bilateral vem buscando formar uma base sólida para a promoção da paz no Nordeste Asiático e a prosperidade na região, sobretudo com a estabilidade da península coreana (KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 1998, p. 62-65).

No plano cultural, há um interesse crescente da China pela cultura popular sul-coreana, sobretudo com a crescente internacionalização, conforme explicitado no segundo capítulo, das indústrias culturais da Coreia do Sul. Além disso, há um crescente interesse acadêmico, identificado pela presença de uma maioria coreana entre os estudantes estrangeiros em universidades chinesas, bem como interesse turístico (LÉON-MANTÍQUEZ, 2012, p. 51).

O governo do Presidente Lee MyungBak (2008-2013) foi inaugurado com um discurso de posse apontando que a China seria uma de suas três prioridades diplomáticas (as demais seriam a Coreia do Norte e Estados Unidos), e que buscaria estabelecer laços mais próximos como forma de promover uma maior estabilidade no Nordeste da Ásia. Entretanto, o (re)surgimento de algumas questões tornaram a estremecer as relações entre os dois países, sendo o então presidente sul-coreano criticado por falta de conhecimento sobre a China (KIM, J., 2011, p. 20).

Uma das principais problemáticas responsáveis por isso diz respeito ao Projeto Nordeste – “um projeto acadêmico implementado pelo governo chinês para conduzir pesquisas sobre as questões históricas, geográficas e antropológicas da região nordeste da China” (KIM, J., 2011, p. 20. Tradução própria) – que concluiu que os antigos reinos coreanos de Gojeseon e Koguryeo fazem parte da história da China.

A reação da opinião pública sul-coreana foi de criticar. Todavia o governo de Lee Myungbak não conseguiu prosseguir com um diálogo quanto à questão. O descontentamento aberto de sua administração foi suficiente para enfraquecer as relações bilaterais, todavia não pôde satisfazer o âmbito doméstico (KIM, J., 2011, p. 20). Um dos temores da Coreia do Sul é que essa reinvindicação de dinastias como parte da história da China venha a se tornar demandas territoriais. (LÉON-MANTÍQUEZ, 2012, p. 60-61)

É válido ressaltar que a política dos governos liberais de Kim Daejung e Roh Moohyun para a Coreia do Norte (correspondente à Sunshine Policy dos anos de 1998 a 2008), ao ser substituída por administrações mais conservadoras na Coreia do Sul a partir de 2008, ademais da morte de Kim JungIl e a passagem do poder para seu filho Kim JungUn em 2011, aumentaram as incertezas da segurança da região (JUN, 2017, p. 159).

Outro ponto de inflexão nas relações bilaterais, identificado por Léon-Mantíquez (2012, p. 61) e Kim Jieun (2011, p. 20-21), diz respeito à Coreia do Norte e a política chinesa de repatriação dos refugiados norte-coreanos (vistos como imigrantes ilegais), vigiando zonas diplomáticas Sul-Coreanas, Canadenses, Estadunidenses e Japonesas, em oposição à ação de Organizações Não-Governamentais Sul-Coreanas, que fornecem assistência a norte-coreanos na fronteira entre China e Coreia do Norte.

Kim Jieun (2011, p. 21) ainda aponta a relutância de Pequim em apoiar as resoluções da ONU contra a Coréia do Norte a respeito dos testes nucleares e lançamentos de mísseis que foram realizados, já que, devido a dependência econômica da parte setentrional da península, sem a cooperação da China, as sanções não se mostrariam eficazes. Ademais, quando um torpedo norte-coreano afundou um navio da Marinha Sul-Coreana (matando 46 marinheiros) em março de 2010, as relações sino-coreanas se deterioraram ainda mais, sobretudo quando Seul passou a concentrar a agenda de segurança na aliança com os Estados Unidos, aumentando a lacuna de comunicação com a China.

O intento de implantar um Sistema de Defesa Terminal de Área de Alta Altitude (Terminal High Altitude Area Defense – THAAD) na Coreia do Sul, anunciado em junho de 2014 pelo comandante Curtis Scaparrotti das forças americanas na Coreia do Sul (United States Forces States – USFK), bem como a continuação dos testes com mísseis e o assassinato de Kim JungNam, irmão de Kim JungUn, em fevereiro de 2017, resultou no escalonamento de tensões (JUN, 2017, p. 160).

A China, desde o anúncio, opôs-se ao THAAD, expressando desconfiança com as intenções dos Estados Unidos em implantar tal sistema próximo à fronteira chinesa. Pequim afirma que o radar poderia ter seu alcance aumentado para alimentar a defesa de mísseis dos EUA, permitindo que Washington seja notificado previamente sobre os lançamentos chineses. Assim, a posição do Partido Comunista Chinês (PCC) de banir temporariamente a presença de produtos culturais do território chinês pode ser explicada, entre outros motivos, como uma forma de proteger sua segurança nacional através dessa retaliação cultural (JUN, 2017, p. 160). 

Apesar dessa medida tomada por Pequim, a Coreia do Sul busca normalizar as relações entre os dois países para que possam dar continuidade à cooperação estratégica e interesses mútuos. Em dezembro de 2017, o Presidente Moon JaeIn realizou uma visita de Estado à China em celebração ao 25º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas. (MINISTRY OF FOREIGN AFFAIRS, 2018; JEON, Han; SOHN, JiAe, 2017). Nessa visita, o então presidente sul-coreano ressaltou a aproximação e semelhanças históricas vivida por chineses e coreanos:

“Hoje marca o 80º aniversário do Dia do Memorial do Massacre de Nanjing. Os coreanos compartilham a dor da história pela qual o povo chinês passou. O povo coreano e eu choramos profundamente pelas vítimas massacradas e oferecemos sinceras palavras de conforto para aqueles que sofreram” disse o Presidente Moon (JEON, Han; SOHN, JiAe, 2017).

Ademais dessas declarações, os líderes dos dois países concordaram em quatro princípios para garantir a paz e a segurança na Península Coreana, sendo eles:

  • · Um conflito armado na Península Coreana nunca será tolerado;
  • · O princípio de desnuclearização da Península Coreana será assegurado;
  • · Todos os assuntos serão resolvidos pacificamente através de diálogo e negociações;
  • · As melhorias das relações entre as duas Coreias contribuirão para resolver assuntos na Península.

Entretanto, com o início dos debates entre a administração de Trump e Moon quanto aos custos de defesa na península, a China tornou a aumentar o grau de alerta face a uma possível redução das tropas estadunidenses. Diante desse cenário, exercícios militares chineses se tornaram mais frequentes, havendo, em decorrência, oito violações à Zona de Identificação da Defesa Aérea Coreana (KADIZ) em 2018. A resposta das autoridades militares sul-coreanas é afirmar que são provocadas como forma de testar a capacidade de alerta (YI, 2019).

 

Referências:

Fernanda Vieira Carvalho é mestranda em Negócios com China y Asia-Pacífico pela Fundación Universitaria Iberoamericana (FUNIBER); graduada em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e co-fundadora do Grupo Estudantil sobre o Leste-Asiático (GESLA).

 

CARTWRIGHT, Mark. Ancient Korean & Chinese Relations. Ancient History Encyclopedia. 30 nov 2016. Disponível em:<https://www.ancient.eu/article/984/ancient-korean--chinese-relations/> Acesso em: 22 fev 2019

JEON, Han; SOHN, JiAe. 'My state visit to China is a new journey for true partnership': president. Korea.net. Dec 13, 2017. Disponível em:<http://www.korea.net/NewsFocus/policies/view?articleId=152024> Acesso em 22 mar 2019

JUN, Hannah. Hallyu at a Crossroads: The Clash of Koreas Soft Power Success and Chinas Hard Power Threat in Light of Terminal High Altitude Area Defense (THAAD) System Deployment. Asian International Studies Review, v. 18, n. 1, p. 153-169, 2017.

KIM, Ji-Eun. "Korean wave" in China: its impact on the South Korean-Chinese relations. 2011. Tese de Doutorado. University of British Columbia.

KOREA CULTURE AND INFORMATION SERVICE. Facts about Korea. Seul: Korean Culture and Information Service, 2018.

KOREAN OVERSEAS CULTURE AND INFORMATION SERVICE. A Handbook of Korea. Seoul: 1998.

LÉON-MANRÍQUEZ, José Luis. Las relaciones Corea del Sur-China: cooperación, conflicto, e implicaciones para Asia Pacífico. 201-, p. 49. In.: OLIVEIRA, Henrique Altemani de; MASIERO, Gilmar. Coreia do Sul – Visões Latino-Americanas. 2009, p. 322.

YI, Whanwoo. China, Japan seek to increase military clout over Korea. The Korean Times. 17 fev 2019. Disponível em:<https://www.koreatimes.co.kr/www/nation/2019/02/120_263880.html> Acesso em 16 mar 2019

3 comentários:

  1. Oi, Fernanda. Legal o teu texto. Estabeleceu um panorama bem amplo e interessante sobre o desenvolvimento das relações entre os dois países.

    Minha pergunta é a seguinte: até Koguryo, se entendi corretamente, a península coreana era formada por vários reinos e/ou tribos. A própria China é e foi formada por múltiplos grupos étnicos. Quais aspectos definem alguns desses grupos como "coreanos" e não "chineses"?

    Pensei nisso em relação à inclusão de Gojeseon e Koguryeo na história da China. Considerando que o território chinês sempre foi altamente variável ao longo de sua história, que argumento foi usado para essa inclusão e qual seria o contra-argumento por parte da Coreia?

    Agradeço por antecipação,

    YARA FERNANDA CHIMITE

    ResponderExcluir
  2. Alexandre Black de Albuquerque8 de outubro de 2020 às 22:13

    Olá Fernanda ótimo seu artigo. Nesse momento de crescente tensão comercial e militar entre EUA e China, e tendo em vista que a Coreia do Sul é uma grande aliado do primeiro, como essa relação entre os dois gigantes, que muitos já chamam de Segunda Guerra Fria, tende a influenciar as relações sino-sul-coreana.

    Alexandre Black de Albuquerque

    ResponderExcluir
  3. Olá Fernanda, no último parágrafo você afirma que,

    Entretanto, com o início dos debates entre a administração de Trump e Moon quanto aos custos de defesa na península, a China tornou a aumentar o grau de alerta face a uma possível redução das tropas estadunidenses. Diante desse cenário, exercícios militares chineses se tornaram mais frequentes, havendo, em decorrência, oito violações à Zona de Identificação da Defesa Aérea Coreana (KADIZ) em 2018. A resposta das autoridades militares sul-coreanas é afirmar que são provocadas como forma de testar a capacidade de alerta (YI, 2019).

    Por que a China aumentaria o grau de alerta dada uma possível redução de tropas estadunidenses? Do ponto de vista geoestratégico isso não seria benéfico para a China já que seu principal concorrente militar na região, e no mundo, estaria menos ativo na região, favorecendo inclusive uma melhora das relações sino-sul-coreana?

    Alexandre Black de Albuquerque

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.