José Natal Souto Maior Neto e José Victor Ferreira Rocha dos Santos

 

MEDIEVALISMO ORIENTAL? REPRESENTAÇÕES DA “IDADE MÉDIA” JAPONESA NA OBRA NARUTO (2002-2017), DE MASASHI KISHIMOTO


 

O amplo fascínio pela Idade Média tem contribuído com a criação de uma gama de trabalhos que se debruçam sobre temas, ambientações e ressignificações de características medievais. Essa prática verdadeiramente perceptível em nosso cotidiano: “ora por meio de reminiscências e resíduos, ora por meio de rememorações e recriações de diversos elementos e práticas socioculturais como música, dança, moda, lutas e até mesmo culinária” [Porto Junior, 2018. p. 1], tem se tornado ainda mais comum nas produções audiovisuais, as quais, na atualidade, possuem um acervo gigantesco em páginas streaming online. Esses sites rigorosamente atuam como um repositório de múltiplas narrativas, as quais são disseminadas de maneira extremamente veloz.

Dentro deste contexto, a recepção da Idade Média através dos audiovisuais se dá em escala infinitamente maior do que no século passado, isso se torna ainda mais perceptível na popularização de películas  ̶ ambientadas no medievo europeu ̶  como, por exemplo: Vikings [Michael Hirst, 2013-2020] e O Último Reino [Chrissy Skinns, 2015-2020], séries produzidas recentemente e detentoras de um estrondoso sucesso; nas obras em animação como Shrek [Andrew Adamson; Vicky Jenson, 2001] e Valente [Mark Andrews; Brenda Chapman, 2012]; ou mesmo em filmes como Harry Potter [David Heyman, 2001-2011] e Transformers: O Último Cavaleiro [Michael Bay, 2017], os quais a pesar de não se passarem no período medieval, possuem uma série de elementos inspirados nessa época que além de enriquecerem suas metáforas visuais, seduzem o grande público. 

Esta prática amiúde exercida pelas indústrias cinematográficas pode ser entendida como “Medievalismo”, o qual, segundo Leslie J. Workman citada por Richard Utz: “(...) é o estudo da Idade Média, a aplicação dos modelos medievais para as necessidades contemporâneas e a inspiração da Idade Média em todas as formas de arte e pensamento” [Workman, 1987. p. 1 apud Utz, 2004. n.p.]. Deve-se destacar que o estudo acerca deste conceito possui diversas vertentes, nas quais podemos tanto encontrar congruências, quanto divergências, o que o torna bastante amplo em significado e aplicação. No entanto, Workman, de maneira sucinta, evoca um entendimento bastante interessante ao pensarmos sobre estas “necessidades” e anseios contemporâneos que impulsionam o uso de elementos medievais, o qual, conforme destaca Porto Júnior [2018. p.1] não pode ser explicado e justificado apenas a partir dos interesses econômicos. Isso nos leva a crer que, para além da lógica de demanda e oferta do mercado, a popularidade do medievo e sua recepção na atualidade se dão em um proscênio com dimensões maiores do que muitas das vezes nos propormos perceber.

Longe de ser um palco com atores que atuam apenas de maneira a seduzir exclusivamente o Ocidente, ele também atrai autores do outro lado do Pacífico. Películas orientais, especialmente obras japonesas em animação, os tão famosos animes  ̶ sobre os quais trataremos de maneira mais pormenorizada adiante ̶ também verdadeiramente recebem, ressignificam e reproduzem o período medieval europeu em suas narrativas. Podemos destacar obras como Beserk [Naohito Takahashi, 1997-1998], Akame ga kill [Tomoki Kobayashi, 2014], Os Sete Pecados Capitais [Tensai Okamura, 2014-2019], entre outras.

Além disto, até mesmo o período entendido por alguns historiadores de ambos os lados do Pacífico como “Idade Média” japonesa, também tem há décadas influenciado a criação de películas como  ̶  para citar uma obra clássica do cinema nipônico  ̶  Os Senhores da Guerra [Akira Kurosawa, 1985], filme que se passa em um “Japão feudal” do século XVI. Esta prática, também comumente manifesta na produção de animes, evidência que este anseio passadista não é uma característica própria e exclusiva do Ocidente, longe disso, é um trabalho que cada vez mais cresce no Oriente e, como poderemos ver, é amplamente consumido pelo público ocidental, o que configura uma recepção mútua entre as comunidades de ambos os lados do mundo.

Isto posto, algumas reflexões iniciais podem ser consideradas: Será que devemos usar um conceito construído sob a realidade ocidental como base para entendermos uma prática oriental? Não estaríamos a rigor caindo na mesma tentação em que alguns historiadores caíram ao aplicar - por exemplo – o conceito de feudalismo à realidade do Japão? Essas questões trazem à baila reflexões importantíssimas e que, decerto, fazem parte de uma das preocupações centrais deste trabalho. Por estes possíveis questionamentos, devemos desde já deixar claro que não almejamos utilizar o conceito de medievalismo para analisarmos uma película ambientada na “Idade Média” do Japão, o que seria (em outras palavras) o mesmo que propor um “medievalismo oriental”. No entanto, o entendimento acerca do medievalismo será útil para pensarmos a recepção da “Idade Média” japonesa pelo público ocidental. Desta forma, o que verdadeiramente buscamos por meio deste trabalho é a partir de uma análise do anime Naruto [1997-2017], de Masashi kishimoto, trazer algumas representações do referido período histórico japonês e elencar algumas problemáticas em relação à recepção dessa obra no Ocidente. Considerando as dimensões do material, que exigiriam um grande esforço para conceber uma análise completa e sistêmica, focaremos em três elementos principais, a saber, os samurais, os ninjas e o daymio.

No entanto, antes de efetivamente partimos para uma análise destes elementos, se faz necessário entendermos um pouco mais do que são estas animações japonesas, quais são seus alcances e qual sua possível influência sobre o público em geral.

 

Anime

Anime ou animê é uma expressão utilizada no Japão para designar seja qual for o tipo de animação, podendo ser de origem oriental ou ocidental [BERNADO, A.C; FILHO, L. R, 2017, p.15].  Por outro lado, no Ocidente este termo entrou para um vocabulário atrelado a animações vindas do Japão. A princípio, os desenhos japoneses eram denominados de dogã (imagem que se move), após a Segunda Guerra Mundial, foi dado um processo ocupacional estadunidense, consequentemente, devido a interferência do mesmo, o Japão passou a incorporar em seu vocabulário algumas expressões  de origem inglesa. Isso é evidente na palavra animê, a qual é uma derivação da palavra inglesa animation [SATO, 2005,p.32 apud BERNADO, A.C;FILHO,L.R,2017,p.15]

Além disso, o anime é um grande símbolo da cultura japonesa, como também carrega um grande significado no tocante a própria identidade nacional [BERNADO, A.C; FILHO, L.R, 2017, p.15]. Ademais, é possível perceber nessa forma de expressão algumas particularidades, as quais são crucias e próprias do anime, consequentemente, permitem evidenciar diferenciações em comparação com outras animações.  

‘’[...] O  animê  contém  traços  idiossincráticos  se  comparado  ao  desenho animado:  principalmente a  estética  da  ilustração,  mas,  acerca  desses elementos,  devem  ser   levados  em  consideração  o  estúdio  de animação,  o  diretor,  o  artista  do  mangá    história  em  quadrinhos proveniente  do  Japão    se  for  inspirado  em  mangá;  a  própria temática do  anime é bem característica[...]’’[BERNADO,A.C; FILHO,L.R,2017,p.15].

Destarte, os animes se dividem em algumas categorias temáticas. Dentre os que fazem mais sucesso estão: Shoujo e Shonen. O gênero shoujo é descrito com um enredo romântico, protagonizado por figuras femininas ou Maho Shoujo, quando os personagens femininos contém algum tipo de poder. Já a categoria shonen é considerada o gênero mais popular no Ocidente, o qual é caracterizado por apresentar temas como ‘’[...] competições esportivas, as lutas, as história de ação e amizade, os adventos tecnológicos e poderes mágicos, mesclados a cenas de violência.’’[BASTITELLA, 2014,p.119] 

O anime se concretizou como um dos principais produtos no mercado interno japonês e passou a ser amplamente divulgado no mundo. Consoante a isso, segundo Jennifer deWinter, a animação japonesa: ‘’[...] tornou-se um fenômeno global, ganhando prêmios  em festivais de cinema, desfrutando de popularidade na televisão, influenciando bens culturais não japoneses[...]’’[2012. p. 69, tradução nossa].  Por conseguinte, são gerados pelos variados animes diversos segmentos de produção para o mercado como: action figures, acessórios, cosplay e etc. Esses são consumidos pelos fãs,  os quais possuem  uma  denominação exclusiva: otakus, uma expressão que significa: ‘’ um  indivíduo  que  vive, fechado  em  um  casulo‟,  isolado  do mundo  real  e  dedicado  a  um  hobby.”[ (NAGADO, 2005, p. 55 apud CUNHA, A.P.L;SILVA,L.S,2019,p 16]. Dessa forma, acabam contribuindo para grande leva dos animes pelo globo, bem como favorecendo o próprio mercado japonês. Dentro desse contexto, o Brasil ganha grande relevância. Isso se percebe em uma pesquisa lançada pela Netflix, durante o evento Anime Slate 2017, realizado em Tóquio, no qual o Brasil foi nomeado um dos maiores consumidores de animes do mundo [ABBADE, João. 2017]. Portanto, é perceptível o quanto esta expressão cultural se perpétua pelo mundo, ganhando grande importância e necessidade de ser discutida.

 

Naruto: enredo e problemática

Um dos animes que ganha grande destaque e popularidade no mundo atualmente é Naruto. A Crunchyroll, companhia especializada em divulgação e transmissão de mídia oriental, publicou em janeiro de 2020 em sua plataforma de streaming, uma lista dedicada aos animes mais assistidos da década e em praticamente todas as regiões do mundo Naruto se faz presente, sendo o mais assistido na América do Norte, Oriente Médio e Oceania [ALMEIDA, Marcelo, 2020].

A criação de Masashi Kishimoto foi publicada em mangá, na revista Shonen Jump e sua animação foi produzida pelo Studio Pierrot e Anplex, sua estreia foi feita pela TV Tokyo (transmissora oficial do anime) e outras emissoras. Ademais, a obra de Kishimoto conseguiu ter grande sucesso e assumir posições consideráveis na divulgação e comercialização dos mangás, como a partir de 2017 tornou-se a terceira série de mangá mais vendida na história, chegando ao patamar de mais de 220 milhões de cópias pelo mundo [ARCHER, Helder. 2019] Paralelo a isso, no Brasil, o anime estreou em 2007 na TV fechada, Cartoon network, e no mesmo ano também foi transmitida em uma emissora aberta: SBT. Dessa maneira, Naruto conseguiu uma grande popularidade no país e está atualmente na sua terceira edição de luxo do mangá,  intitulado Naruto GOLD, com 72 volumes.

Além de apresentar uma narrativa bastante interessante e cativante, o anime Naruto envolve uma série de elementos que remetem ao próprio “medievo japonês”: as relações de poder, as figuras centrais do período “medieval”, aspectos culturais e estéticos, permitindo ao consumidor da obra uma aproximação com essa realidade. Nessa obra, o referido período histórico japonês é encenado por diversos elementos clássicos presente nas literaturas orientais do recorte temporal em questão, tais como samurais, ninjas, bem como a própria imagem do daimiô(大名), geralmente atrelada a ideia de um senhor feudal.

Nesta associação, uma formação de conhecimento equivocada acerca da história do Japão pode ser construída e, portanto, trabalhar estas questões por intermédio do profissional de história é tarefa indubitavelmente necessária. Ainda mais nos dias atuais, onde sites que oferecem conteúdos chamativos e por vezes “objetivos” são comumente frequentados, tais como a Wikipédia, Youtube, ou mesmo páginas streaming de animes, encontradas facilmente em pesquisas no Google, onde ao buscarmos por “animes online”, em agosto de 2020, constatou-se aproximadamente 138 milhões de resultados. Diante deste contexto, urge, pois, trabalhar esses “novos lugares da memória”, isso se acreditarmos que assim como pontua Souza Neto ao citar Serge Noiret: “o historiador público deve se oferecer como intermediário nas atividades do grande público com a história e a memória na rede” e, de igual forma, deve “interpretar criticamente a narrativa falsamente objetivante” [2019. p.164-165; 2015. p. 39-40]

 

Ninjas, os guerreiros secretos

Uma das figuras que atraem atenção no ‘’medievo japonês’’ é o ninja, devido os elementos que circundam a sua imagem, bem como suas habilidades. Dessa forma, os ninjas executavam determinadas ações no ‘’período medieval’’, que implicava na morte dos seus adversários, para tal situação, estes utilizavam as artes marciais. Consoante a isso:

"Para qualquer historiador militar, o ninja continua sendo um dos mistérios mais fascinantes da face de guerra dos samurais japoneses. A palavra ninja ou sua leitura alternativa shinobi surge repetidamente em relatos históricos no contexto de reuniões secretas de inteligência ou assassinatos realizados por especialistas em artes marciais. Muitas mortes oportunas podem possivelmente ser creditadas às atividades ninja, mas como eram tão secretas é impossível provar de qualquer maneira" [TURNBULL, 2003.p. 5, tradução nossa].

Mesmo com o ‘’desaparecimento’’ dos ninjas na história, a sua imagem continua existindo, através das adaptações e apropriações, realizadas nos filmes, jogos e nos próprios animes. Diante disso, é possível citar como um exemplo bastante pertinente em relação ao shinobi, a película Naruto. Na obra de Masashi Kishimoto, a figura do ninja é bastante explícita, porém o autor adiciona alguns elementos. Essa inserção e criação de novos atributos, configura uma prática comum, bem como descreve Turnbull, é: ‘’ [...] fascinante notar que a popular extensão da imagem do ninja para um super-humano que poderia voar e fazer magia também possui uma história surpreendentemente longa no Japão [...].’’[ 2003.p. 5, tradução nossa]. Não obstante, Kishimoto atribui à imagem dos ninjas em Naruto, diversas habilidades e essas são executadas através de jutsus (técnicas criadas por selos de mão), manipuladas por meio do chakra (uma espécie de poder, equivalente a energia vital dentro de si). 

 

Samurai

Samurai (), segundo Danielly Bastitelle: ‘’[...] era um guerreiro disciplinado a servir o seu senhor, a sua pátria, ou ao seu imperador, cuja diferença, à frugalidade, à fidelidade, à mestria em artes marciais e a honra perduravam até a morte’’[BASTITELLA, 2014. p.199]. Dito isso, a palavra samurai significa em português ‘’aquele que serve’’ e essa era sua principal função, servi o daymiô e o shogun. Dentro da hierarquia social do Antigo Japão, os samurais tinham um certo prestígio social, porém eram quase nulos nos processos políticos decisórios [BASTITELLA, 2014. p.120]

Ademais, diferentemente dos ninjas, os samurais seguiam um código de honra, chamado Bushidô (武士道), que significa o ‘’caminho do guerreiro’’, o qual todo samurai deveria seguir firmemente. Esse código enfatiza: ‘’[...] a lealdade inquestionável ao líder, o estoicismo, o auto-sacrifício, ao não apego ao mundo material e à vida [...]’’[BASTITELLA, 2014. p.120]. Sendo assim, este código foi difundido no Antigo Japão, fomentando valores e forjando a organização social japonesa.

Outrossim, o símbolo dos samurais era a espada. Esses guerreiros carregavam duas (daisho), uma menor (wakizashi) e uma maior (katana). Essa última representava não apenas um armamento, mas a alma do samurai, pois a katana retratava valores como bravura, disciplina, força e etc. Além disto, vestiam armadura composta por diversos aparatos e cada um possuía uma função específica. Com isso, esse traje: ‘’transmutou-se e refratou o período histórico japonês no ínterim dos séculos sob a ideologia do bushidô’’[BASTITELLA, 2014. p.200] .

Na obra Naruto, a figura dos samurais também é presente. A película de Masashi Kishimoto, apresenta os samurais como guardiões e poder militar do País do Ferro, uma nação especificamente formada por esses guerreiros, sendo o único país do mundo ninja de Naruto que é liderado por um samurai, seu líder se chama Mifune. Além disso, a nação dos samurais no universo de Kishimoto é um lugar com uma reputação alta, que impõe respeito sobre os outros países e se mantém neutra dentro da organização shinobi. Não por acaso, a reunião dos Kages (os maiores representantes de cada aldeia ninja) foi realizada neste espaço. De forma semelhante aos samurais históricos, os samurais do universo do Naruto tem sua própria cultura, seguiam determinados preceitos e etc.

Outro ponto da relação feita por Kishimoto aos guerreiros históricos são as armaduras, os samurais do universo de Naruto usam armaduras similares aos samurais japoneses históricos, como também utilizam a espada como a principal arma de seu arsenal. Evidentemente, o autor trouxe alguns acréscimos, como é caso da manipulação da própria katana, a qual é executada com o auxílio do chakra.

 

O Daymiõ: um senhor feudal no Japão?

Como terceiro elemento que propomos analisar, o daymiõ se mostra uma figura pela qual podemos extrair algumas discussões em torno da insidiosa aplicação de modelos europeus a realidades díspares. Bem como traz à luz André Bueno, parte deste emprego advém de uma prática muito comum: quando nos dirigimos à questão da história e do pensamento asiático, buscamos ingênua e amadoristicamente uma ‘tradução ideal’ de certos conceitos [BUENO, 2017. p. 12].

Podemos perceber a maneira como este termo é traduzido, por exemplo, ao analisarmos a Wikipédia, a enciclopédia livre. Conforme a versão em inglês deste site, daymiõ é um termo utilizado para designar aqueles que: “eram poderosos senhores feudais japoneses” (“were powerful janpanese feudal lords”, no original) [DAYMIO, 2020]. Em contraponto, a versão em português desta página possui uma tradução que melhor se aproxima do seu verbete n’A Enciclopédia Kodansha do Japão (1983), atribuindo o seguinte significado: “um termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras” [DAIMIÔ, 2020].

No entanto no anime Naruto a tradução deste termo permanece com a designação de “senhor feudal”, o que podemos observa desde o episódio 163 da obra, onde a figura do daymiõ possui uma das primeiras menções.

Diante desta problemática, devemos destacar, sobretudo, que esta associação não é recente e tem rendido há décadas uma gama de discussões a respeito. Com isso, podemos questionar: De onde vem esta associação?  Para imergirmos mais a fundo numa possível resposta, podemos trazer um pouco da contribuição do historiador Karl Friday, segundo o qual:

“Aparentes semelhanças entre os cavaleiros e senhores da Europa e os guerreiros (bushi, ou mais comumente em inglês, samurai) e daimyo do Japão renderam a aplicação do "feudal" às descrições do Japão medieval, uma tentação natural e geralmente irresistível para os historiadores de ambos os lados do Pacífico” [2010. p. 179, tradução nossa].

Diante destas aproximações, a tentativa tão sedutora de empregar o modelo feudal à realidade do Japão se manifesta de maneira a pavimentar um caminho verdadeiramente etnocêntrico. Esta problemática também pode ser identificada na difusa aplicação do termo “medieval” à história japonesa, o que podemos entender mais a fundo na obra Inventing Medieval Japan: The History & Politics of National Identity’, de T. Keirstead [1998]. Estas questões nos leva a refletir sobre estas “inescapáveis” aplicações, das quais dificilmente propomos um afastamento e, amiúde, reproduzimos.

Levando em consideração esta discussão, devemos buscar um firme distanciamento destas aplicações e, assim como Elizabeth Brown, condenar o “feudalismo” como um padrão “essencialmente estéril”, fabricado artificialmente, no qual certos componentes estão separados do contexto em que existiam, de igual forma, temos que firmemente se divorciar dos modelos simplificados e abstratos com os quais fomos  doutrinados (1974. p.1074 apud FRIDAY, Karl. 2010.p. 180-181, tradução nossa].

 

Referências

José Natal Souto Maior Neto é discente do curso de Licenciatura em História da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata Norte.

José Victor Ferreira Rocha dos Santos é discente do curso de Licenciatura em História da Universidade de Pernambuco (UPE), campus Mata Norte.

 

ABBADE, João. Brasil está entre os países que mais assistem anime no mundo. 02 de agosto de 2017. Disponível em: https://jovemnerd.com.br/nerdbunker/brasil-esta-entre-os-paises-que-mais-assistem-anime-no-mundo/ Acesso em: Acesso em: 10/ 09/2020.

ALMEIDA, Marcelo. Crunchyroll libera os animes mais assistidos da década em cada região. 01/01/2020. Disponível em:https://www.intoxianime.com/2020/01/crunchyroll-libera-os-animes-mais-assistidos-da-decada-em-cada-regiao/. Acesso em: 10/09/2020.

ARCHER, Helder.. A partir de 2017, Naruto tornou-se a terceira série mangá mais vendida na história. Publicado em: 21/09/2019. Disponível em: https://www.otakupt.com/anime/imagem-promocional-dos-20-anos-de-naruto/ . Acesso em 10/09/2020

BATISTELLA, Danielly. Palavras e imagens: a transposição do mangá para o anime no Brasil. 2014. 289 f. Tese( Doutorado em Literatura comparada)- Universidade do Rio Grande do Sul, RS, 2014.

BERNADO, A. C; FILHO, L. R. Influência da cultura japonesa na perspectiva do animê Death Note. In: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton; NETO, José Maria [orgs.]. Vários Orientes. Rio de Janeiro/União da Vitória; Edições Sobre Ontens/LAPHIS, 2017.p. 15-24

BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton; NETO, José Maria [orgs] Mais Orientes. Rio de Janeiro/União da Vitória; Edições Sobre Ontens/LAPHIS, 2017.

CUNHA, A.P. L; SILVA, L.S. A representação da imagem feminina no anime Naruto Shippuuden através da personagem Tsunade Senju (2007 – 2018). ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton; NETO, José Maria [orgs.]. Extremo Oriente Conectado. Rio de Janeiro: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019.p-79-90

DAYMIÕ. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre, 2020. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Daimyo . Acesso em: 09/09/2020.

DAIMIÔ. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre, 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Daimi%C3%B4 . Acesso em: 08/09/2020.

DEWINTER, Jennifer. Neo-Bushido: Neomedival Animé and Japanese Essence. In: Robinson, Carol L. NEO-MEDIEVALISM IN THE MEDIA: Essays on Film, Television, and Electronic Games. Editora: Edwin Mellen Pr,2012.p.69-88.

FRIDAY, Karl. The Futile Paradigm: In Quest of Feudalism in Early Medieval Japan. History Compass 8/2 (2010): 179–196.

PORTO JUNIOR, João Batista da S. AS EXPRESSÕES DO MEDIEVALISMO NO SÉCULO XXI. Anais do Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio:  História e Parcerias. 2018, p. 1-10.

SOUZA NETO. O ensino de história e o infinito banco de imagens: Êxodo deuses e reis (2014). Outros Tempos, vol 16.2019, p. 162-183. Disponível em:  >https://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/view/710<.   Acesso no dia 10 de setembro de 2020.

TURNBULL, Stephen, Ninja AD 1460-1650. New York, United Kingdom. Osprey Publishing. 2003.

UTZ, Richard. Medievalismo – Mittelalter – Rezeption – Medievismo – Medievalidade. Online. Tradução: Renan M. Birro. 2004.

 

 

23 comentários:

  1. Olá, parabéns pelo texto!!!!
    Apesar de Medievo ser um conceito ocidental, muitas vezes o usamos de forma a abranger o extremo oriente também, bem como a aplicação do conceito de feudalismo ao Japão do período Edo. É sabido que os animes ajudam a difundir a cultura nipônica, e por conseguinte a cultura oriental. Nesse sentido, a partir de animes como Naruto, na visão de vocês, seria possível compreender melhor a história do período japonês referenciado na obra?

    Dalgomir Fragoso Siqueira (UPE)

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    1. Olá Dalgomir, agradecemos pela pergunta!
      Bem como destaca Rosenstone (2010), os audiovisuais impactam a maneira como enxergamos o passado. Nesse sentindo, essas películas através de suas narrativas impregnam o imaginário social e - bem ou mal - compõem a consciência histórica dos indivíduos. Diante deste entendimento, acreditamos que através do anime Naruto podemos sim compreender um pouco da história japonesa. No entanto, vale ressaltar, bem como discutimos no texto ao citar Serge Noiret, uma boa mediação por parte de um historiador se faz necessário. Para que isso ocorra, esse profissional deve se equipar de ferramentas teórico-metodológicas que verdadeiramente o permita compreender, analisar e questionar os múltiplos signos presentes nestas obras.
      Atenciosamente,
      José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  2. Ola, bom dia. Gostaria de saber, como vocês enxergam a figura do Hokage nessa analogia entre o anime e o "medievo oriental", isto é, entre ficção e história.

    Att,
    Tanya Mayara Kruger (UFES)

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    1. Olá Tanya, agradecemos pela pergunta. A figura do "kage" presente no animê Naruto, é uma criação do Masashi Kishimoto. Diante disso, este título presente no universo ninja de Naruto, designa a categoria mais alta no ranking ninja. Nesse sentido, essa figura é o símbolo de liderança de cada uma das cinco aldeias existentes na obra do Kishimoto. Com isso, na aldeia do protagonista, Naruto, por exemplo, o líder é intitulado de Hokage, existindo prefixos específicos para cada vila, obviamente, vale salientar, de forma geral, a relevância e o cargo são os mesmos. Por outro lado, como foi descrito acima, infelizmente, ela é uma construção para o animê. Dessa maneira, não tem uma relação direta com o "Medievo Oriental". Portanto, optamos por dialogar com figuras mais notórias do período " Medieval Oriental", até pelo fato do embasamento em fontes e etc.

      De: José Natal Souto Maior e José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  3. Olá, em primeiro lugar, parabéns pela ótima escolha de tema, fiquei extasiada com o trabalho de você! Em segundo lugar, parabéns pela abordagem do texto, extremamente direto e sem rodeios. E em terceiro lugar, parabéns pela pesquisa histórica e pelas horas dedicadas a acompanhar o desenvolvimento desse anime. Sério, o trabalho de vocês está incrível!
    Agora as minhas perguntas. Eu gostaria de saber em qual século a os ninjas "desaparecem da história"? E também em qual século a figura dos ninjas passa a ser a de lendários super-humanos?
    Mais uma vez, parabéns pelo trabalho.

    Débora Figueira do Espírito Santo

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    1. Olá Débora, agradecemos pelo reconhecimento. No tocante a figura do ninja. é fundamental frisar que a datação referente a estes guerreiros são pouco estipuladas, justamente, pela pouca documentação divulgada, como também a própria característica dos ninjas, afinal, como descreve Stephen Turnbul (2003), são guerreiros estritamente secretos. Dessa forma, conforme o mesmo autor, estima-se que os ninjas ''desapareceram''(ou perderam destaque) por volta do ano 1650, no final do período Muromachi, já sua concretização como lendários super-humano possui registro a partir do século XVII.

      Atenciosamente,
      José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos




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  4. Olá, gostaria de parabeniza-los pelo tema e pela pesquisa.
    Tenho uma duvida, mais pelo meu desconhecimento acerca da história do Japão de forma geral: O que seria um Shogun? E qual a diferença dessa figura para com o daimyo?

    Vinicius Soares Gallier

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    1. Olá Vinicius!
      Bem, o Shogun é um título geralmente concebido pelo imperador. Designa o general do exército, portanto, é um título militar. Já o termo daymio, como discutimos no texto, é uma atribuição genérica que se refere a um poderoso senhor de terras. Ambos são figuras importantes, mas, em geral, possuem diferenciações próprias de suas funções.
      Atenciosamente,
      José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  5. Olá, em primeiro lugar gostaria de dizer que gostei muito do texto e da temática do trabalho. Minha pergunta é: com a difusão de animes como um produto japonês, vocês creem que colaborará para o crescimento de interesse internacional sobre a história japonesa?

    Amanda da Silva Neto

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    1. Na sequência onde citamos Jennifer deWinter (2012), destacamos juntamente com a autora que o anime tornou-se um fenômeno global, ganhando prêmios em festivais de cinema, desfrutando de popularidade na televisão e influenciando bens culturais não japoneses. Diante disto e levando em consideração seu questionamento, não se trata de “se” o anime vai colaborar para o crescimento do interesse sobre a história do Japão, isto já é uma realidade. Podemos notar mediante ao consumo destas películas a criação de um público específico, o otaku , por exemplo. Também podemos evidenciar a popularização de alguns termos próprios da língua japonesa sendo difundidos dentro de comunidades como esta (dos otakus), também é perceptível o aumento do consumo de produtos japoneses como os mangás, as action figures japonesas, etc. Diante disto, embora saibamos que o 'Oriente' é assunto subalterno tanto nas escolas quando nas universidades, devemos destacar que a narrativa presente no anime pode nos falar tanto do passado, quanto da contemporaneidade do Japão, por conseguinte, contribui com a propagação da história e da cultura deste país. Naruto, de Masashi Kishimoto é um bom exemplo disso.
      Atenciosamente,
      José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  6. Olá!
    Primeiramente parabéns pelo texto, foi muito esclarecedor e com uma temática super atual e pertinente.
    Minha pergunta é relativamente simples: tendo em vista que, mesmo com a grande influencia japonesa no Brasil devido a colonização, a História do Japão ainda é muito negligenciada tanto no ensino básico como no superior, você enxerga algum potencial em animações como Naruto, Samurai X, e outras, para potencializar o ensino de História do Japão?

    Agradeço a atenção e o belo texto,

    Rodrigo Galo Quintino

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    1. Olá Rodrigo, agradecemos pela parabenização. Bem, as animações em geral podem sim oferecer elementos que possibilitam a potencialidade no ensino, como também é uma ferramenta que aproxima do universo do entretenimento vivido por muitos jovens na contemporaneidade. No entanto, bem como destacar Rui Nunes (2018.p. 25), o uso da animação, como qualquer outro recurso didático, pode apresentar vantagens e desvantagens. Diante disso, embora os animes possibilitem o contato com a cultura Oriental e seja elemento comum da vivência dos discentes, sua inserção no âmbito escolar requer alguns cuidados. Sobretudo, se faz necessário um bom embasamento teórico-metodologico sobre o assunto que se deseja trabalhar através da película. Diante disso, o profissional de história tem papel fundamental de lidar, como apontar Noiret (2015), com estas formas públicas de conhecimento sobre o passado, conforme citamos no texto, fazendo o papel de intermediário dentro desse contexto.
      Atenciosamente,
      José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  7. Olá!
    Minha pergunta está relacionada com o tipo de fonte primária utilizada na pesquisa, eu me interesso por este tipo de análise, então será muito bacana se puderem me responder algumas dúvidas. Na opinião de vocês, quais são os principais cuidados que um pesquisador deve se atentar ao utilizar um mangá/anime como fonte primária? Outra questão, é possível utilizar uma fonte primária sobre um período histórico, mas que não foi produzida no próprio período? Se sim, de que forma esta fonte deve ser encarada e analisada?
    Agradeço desde já!
    Rafael Meira de Oliveira.

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    1. Olá Rafael
      Bem, acreditamos que os cuidados que um pesquisador deve ter ao trabalhar com este tipo de fonte devem estar, sobretudo, num bom embasamento teórico-metodológico. Ademais, é imprescindível conhecer bem o material analisado e reconhecer quais pressupostos alicerçam seu trabalho.
      Em resposta a sua segunda pergunta, achamos válido destacar que boa parte das fontes históricas só foram construídas anos, ou até mesmo séculos após a história abordada por elas. Além disso, se acreditarmos assim como Marc Ferro (1993) que os filmes também fazem parte do acervo de fontes históricas, e que o cinema é capaz de ressuscitar um passado vívido e intimamente conectado com interesses contemporâneos (WYKE, 1997. P. 9), podemos entender um pouco mais sobre como analisar, por exemplo, este material que pode falar tanto do passado, quando da contemporaneidade na qual ele foi criado.
      Esperamos ter ajudado. Atenciosamente, José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos.

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  8. Olá!
    Trabalho muito interessante, com tema bastante atrativo.
    Como você acha que o acesso a história de forma "rápida" e "objetiva" através de plataformas digitais pode ser prejudicial ao ensino e ao entendimento desses temas?

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    1. Olá Mirielly
      Assim como destaca Guilherme Moerbeck (2018), a formação da consciência histórica é, amiúde, formada fora dos muros da escola, podendo-se destacar especialmente o papel dos meios de comunicação (plataformas digitais incluso) nesta construção. Diante disto, podemos refletir: Que tipo de consciência histórica pode ser gerada diante de narrativas superficiais, estritamente objetivas e que pouco trazem uma abordagem crítica da história? Bem... acreditamos que um individuo que tenha sua consciência histórica desenvolvida desta forma, provavelmente verá a história como um conjunto de datas e acontecimentos, uma série de eventos constituídos numa cadeia de causas e efeitos. Diante disso, os ensinamentos que a história pode nos fornecer são soterrados.
      Esperamos ter ajudado. Atenciosamente, José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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  9. Ótimo texto, estão de parabéns pela escolha e pela forma como trabalharam o tema. A escolha de um anime como tema central da pesquisa me agrada bastante, e mostra mais uma vez que não a necessidade da escolha de fontes tão formais. O texto foi bem claro em seus objetivos e não me deixou dúvidas. Só um questionamento quanto a forma que o texto foi elaborado, gostaria de saber quais as dificuldades encontradas na hora de elaboração? Essa pergunta se dá pelo fato de existirem dois autores.

    Rubens de Melo Alvares Junior - rubensdmaj@gmail.com

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    1. Olá Rubens, Obrigado!
      Bem, nossa maior dificuldade foi lidar com textos em outras línguas. Nosso Inglês não está tão afiado e boa parte do material que encontramos foi justamente em inglês ou japonês. Sofremos um pouco em relação a adaptação do tamanho do texto para o formato do evento, isso fez com que encurtássemos bastante algumas das discussões que gostaríamos de trazer mais a fundo.
      Atenciosamente, José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos.

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  10. Prezados José e José Victor,
    Muito interessante a problemática construída por vocês. Embora você não tenham feito nenhuma referência ao ensino de História, optando por manter a discussão no âmbito da história pública, penso que esta aproximação ao Medievo japonês através de uma anime é extremamente frutífera para o professor que atua no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
    Parabenizo vocês pela qualidade do texto produzido, principalmente, considerando que são estudantes de graduação.
    Acredito que a discussão de Elizabeth Brown deveria ter sido apresentada no início do artigo, junto à discussão sobre "medievalismo", para depois ser retomada pois está intimamente articulada a esta e porque fica estranho apresentar ao leitor um conceito e uma teoria apenas no fim do texto.
    Sugiro que, caso vocês tenham interesse em se dedicar mais ao tema, procurem outras referências sobre os samurai, ou bushi, uma vez que a referência ao trabalho de Batistella não parece suficiente para abordar o que talvez seja o aspecto mais estudado da sociedade medieval japonesa. Há vasta produção historiográfica. O mesmo vale com relação aos daimiô. Sugiro a leitura e incorporação dos textos da coleção "The Cambridge History of Japan" (cujo download não é difícil de conseguir) à reflexão de vocês.
    Cordialmente, Guilherme Babo Sedlacek.

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    1. Olá Guilherme
      Agradecemos pelos elogios e, especialmente, pelas críticas construtivas. De fato você foi bem pontual em suas colocações e suas sugestões nos ajudarão bastante em trabalhos futuros. Obrigado!
      Atenciosamente, José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos santos.

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  11. Olá José Natal e José Victor. Primeiramente parabéns pelo texto, achei a proposta interessante. E minha pergunta é simples: até onde podemos pensar "medievalismo" em obras ficcionais como animês e mangás, e específicamente em Naruto?
    Rafael Victor Soares Amaral

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    1. Olá Rafael! Bem, procuramos destacar em nosso texto, com muita cautela, a perspectiva conceitual de medievalismo, levando em consideração que esse conceito é utilizado como parâmetro no Ocidente. Portanto, não almejamos aplicar o mesmo para os animes em geral. Entretanto, como alguns animes apresentam elementos do medievo Ocidental, consequentemente, é possível aborda essas inserções. Fora dessa realidade mencionada, não pensamos em aplicar essa abordagem, pois cairíamos em uma tentação sedutora de aplicação de um conceito ocidental para um contexto oriental.
      Atenciosamente, José Natal Souto Maior Neto & José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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