Juliana Santos Dinoá Medeiros

 

A PRIMEIRA EMBAIXADA PORTUGUESA À CHINA (1517-1524)


 

Introdução

A virada do século XV para o XVI foi marcada pela descoberta da nova rota para as Índias, concretizada por Vasco da Gama. A era de ouro da expansão portuguesa marítima permitiu a alocação de postos comerciais portugueses por todos os continentes, África, Ásia e a recém-descoberta América. A novidade para os lusitanos das novas terras foi paralela aos primeiros contatos com sociedades já fixadas nesses locais, requerendo tanto dos nativos quanto dos portugueses adaptações na abordagem dos estranhos, algumas mais pacíficas do que outras.

Do outro lado do globo, um Império mantinha-se isolado de contatos com europeus. A China recontada por Marco Polo no século XIV tinha perdido por ora o lugar no imaginário sobre um oriente fantástico de uma Europa mais preocupada com crises internas (GONZAGA, 1968, p. 41), e a informação sobre chineses e sua cultura foi sendo esquecida e limitava-se em sua maioria a breves relatos de navegadores (GONZAGA, 1968, p. 45). Apesar do pouco contato com os europeus no século XV, os chineses tinham seu histórico de expansão marítima: desde o século XIV e principalmente impulsionados pelo imperador Yongle, terceiro da dinastia Ming (1403-1424), as frotas chinesas atingiram o leste africano, passando pela Somália e pelo Golfo Pérsico (BOXER, 1953, p. 3), tendo como símbolo da navegação da era Ming o navegador Zheng He (MONTEIRO, 2011, p. 91). Foi a partir de 1424 que o Império do Meio fechou-se para estrangeiros, parte de uma política de proibição de navegação de chineses em mar aberto sob pena de morte (BOXER, 1953, p. 3), embora nem todo o contato tenha sido extinguido, já que juncos do Sião, Malásia e Camboja faziam-se presentes na costa chinesa (KRAMMERER, 1944, p. 15).

Dois impérios diferentes em cultura e território se encontraram no século XVI. É sobre as primeiras relações entre chineses e portugueses que aqui nos dedicamos, com objetivo de elucidar a maneira como receberam e foram recebidos, e suas estratégias de abordagem e defesa, e como a relação sino-portuguesa começou frutífera e terminou desastrosa. Após as primeiras viagens de reconhecimento da terra e do povo chinês, com o intuito de identificar os proveitos do comércio e os costumes da gente, chega à China em 1517 a primeira embaixada portuguesa oficial, encabeçada pela figura do embaixador Tomé Pires, a quem foi determinada a responsabilidade de entregar ao imperador da China uma carta do rei D. Manuel I. As fontes principais que fornecem detalhes sobre os eventos ocorridos são as cartas de Cristovam Vieira e Vasco Calvo, conhecidas como as cartas dos cativos de Cantão. Segundo Ferguson (1901, p. 421), as cartas seriam de 1534, mas como demonstra D’Intino (1989, p. 5), a data correta é de dez anos a menos, 1524. Cristovam Vieira era parte da comitiva de Tomé Pires, enquanto Vasco Calvo juntou-se à embaixada apenas em 1521, para sobreviver ao ataque dos chineses, uma vez que os membros da embaixada foram inicialmente poupados pelas autoridades. Analisaremos as informações contidas na carta de Vieira para reconstituir os eventos antecedente e esclarecer os fatores que resultaram na prisão e morte de vários membros da embaixada, com o apoio da bibliografia especializada sobre o tema. O corte temporal engloba a chegada da comitiva em Tamão, China, até o último registro de Vieira.

 

Antecedentes

É impossível escrever uma história da presença portuguesa na China sem considerar a geografia do continente e sua relação com territórios próximos. Entre Portugal e China, Goa, Cochim e Malaca serviam de intermediários na rota de navegação. A conquista do território malaio em 1511 por Afonso de Albuquerque foi particularmente importante para a chegada dos portugueses no território chinês por dois motivos. O primeiro, pela maior proximidade com o continente, que facilitava a circulação de mercadorias e de naus; o segundo, pois foi na conquista de Malaca que tiveram o primeiro com os chineses, e quando começam os relatos das relações entre os dois povos.

Alguns anos antes, em 1508, em regimento a Diogo Lopes de Sequeira, capitão da armada, D. Manuel I ordena que sejam adquiridas informações sobre os “chys”, seus costumes e características de sua terra, sendo o conhecimento prévio desse povo provavelmente baseado em informações de navegantes:

“Pregumtarees pelos chys, e de que parte veem, e de cam lomge, e de quamto em quamto vem a mallaca, ou aos lugares em que trautam, e as mercadarias que trazem, e quamtas naaos delles vem cada anno, e pellas feyçoeẽs de suas naaos, e se tornam no anno em que veem, e se teem feitores ou casas em mallaca, ou em outra allguma terra, e se sam mercadores riquos, e se sam homeens fracos, se guerreiros, e se teem armas ou artelharia, e que vestidos trazem, e se sam grandes homees de corpos, e toda a outra emformaçam delles, e se sam christãos, se gentios, ou se he grande terra a sua, e se teem mais de hum rey antre elles, e se vyueem antre elles mouros ou outra alguma gente que nam vyua na sua lley ou crença, e se nam saam christaãos, em que creem, ou a que adoram, e que costumes guardam, e pera que parte se estende sua terra, e com que comfynam” (PATO, 1898, p. 416).

No regimento ficam bastante claras as intenções portuguesas face aos chineses no início de sua relação. A preocupação recorrente às possíveis riquezas e tipos de mercadorias dos chineses e sua artilharia faz jus à política comercial dominadora dos portugueses face aos povos recém-descobertos, além da preocupação com a religião. Lopes de Sequeira, a seguir o regimento, chega a Malaca em 1509 (KRAMMERER, 1944, p. 8), mas falha em conseguir as informações para seu rei pois ali é recebido pelas autoridades malaias com repúdio e vê-se obrigado a fugir. É apenas após a conquista de Malaca, em 1511, que as informações sobre os chineses começam a ser relatadas em cartas ao rei. Afonso de Albuquerque, ao conquistar o território, encontra ali mandarins descontentes com o tratamento do soberano malaio (GONZAGA, 1968, p. 49). Auxiliados pelos portugueses a escaparem das imposições da autoridade malaia, os chineses parecem criar uma boa visão deles, conforme elucida a carta de Albuquerque ao rei em 1513, na qual define os chineses como “bons amigos e servos de Vossa Majestade” (KRAMMERER, 1944, p. 9).

A relação sino-portuguesa começa bem, conforme as fontes. Depois de um proveitoso primeiro contato em Malaca, Jorge Alvares é enviado à China, entre o final de 1513 e começo 1514. A primeira viagem portuguesa ao continente, mais especificamente a Tamão, foi barrada pelas autoridades chinesas, sendo os lusitanos proibidos de abarcarem na terra. Era a política chinesa de isolamento face aos estrangeiros, vigente desde o século passado. O fato de receberam uma proibição de desembarque não implica porém a obediência dos portugueses, pois em Tamão ergueram um padrão de descobrimento em 1514 (KRAMMERER, 1944, p. 10). Desse primeiro contato, Jorge Álvares relata um comércio proveitoso com os chineses, com o que concorda Rafael Perestrelo em posterior viagem ao continente, afirmando uma “boa amizade” com os chineses, além de ótimas relações comerciais (KRAMMERER, 1944, p. 14).

 

A primeira embaixada

Após o sucesso das primeiras viagens portuguesas à China, em 1517 parte de Malaca a primeira embaixada portuguesa. Fernão Peres de Andrade e Tomé Pires, provavelmente conscientes dos relatórios positivos de Alvares e Perestrelo (KRAMMERER, 1944, p. 15), partem com a missão de levar uma carta do rei D. Manuel I ao imperador da China. Na chegada em Tamão, precisaram de autorização para seguirem até Cantão, aonde chegam em setembro de 1517 (CORDIER, 1911, p. 512). Apesar de cometerem o erro em sua chegada de saludar a terra com um tiro de canhão e dessa forma violar a lei chinesa que permitia apenas naus de guerra chinesas a atirar (KRAMMERER, 1944, p. 16), foram ainda recebidos em Cantão pelas autoridades locais e puderam realizar comércio naquela região, mediante regras impostas pelos oficiais chineses que incluíam o pagamento pelo direito comercial. É em Cantão também que Tomé Pires solicita autorização da Corte para se apresentar ao imperador, espera que dura aproximadamente três anos (KRAMMERER, 1944, p. 17).

T’ien Tsê Chang, historiador referência sobre o assunto, apontou em um artigo a problemática nas fontes chinesas acerca de Tomé Pires (CHANG, 1962, p. 45). Como demonstra o autor, Pires não chegou a dar seu nome verdadeiro aos chineses, provavelmente intencionalmente com o intuito de adquirir qualquer vantagem sobre eles, sendo inicialmente referido nas ditas fontes como “chia-pi-tan-moor”, uma forma chinesa de “capitão-mor”, como teria sido inicialmente apresentado aos chineses (CHANG, 1962, p. 50). Em registros posteriores, no entanto, o nome utilizado para referirem-se ao embaixador português torna-se “Hoya Asan”. As motivações que levaram Pires a escolher esse nome permanecem desconhecidas. Já D’Intino, afirma que “Houo-Tchö Ya san” era um embaixador malaio, que tomou o lugar de Pires nas crônicas chinesas por uma “confusão que se criou entre os enviados de el-Rei de Malaca e os portugueses, conquistadores de Malaca” (D’INTINO, 1989, p. 18). Na carta de Cristovam Vieira, ele relata como ele mesmo e Vasco Calvo eram chamados por outros nomes pelos chineses. Conta ainda que a ele, Cristovam Vieira, chamavam Tristão de Pina, pois ocupou o lugar deste como escrivão e manteve seu nome pois já estava escrito assim nos livros chineses (D’INTINO, 1989, p. 20).

Um ano após sua chegada em Cantão, Fernão Peres de Andrade é forçado à retornar a Malaca, e parte com uma visão positiva do comércio na região (KRAMMERER, 1944, p. 17). O designado para substituir Fernão Peres é seu irmão, Simão de Andrade. Ele é responsabilizado pelos historiadores pelo fracasso das relações sino-portuguesas a partir de 1519, destruindo os esforços diplomáticos dos navegadores que o antecederam e que buscaram uma comunicação e relação pacíficas. Chegando em Tamão em agosto de 1519 (CORDIER, 1911, p. 516), prontificou-se a construir uma fortificação de madeira e pedra, contrariando todas as proibições e avisos das autoridades chinesas, além de se recusar a pagar os direitos de comércio (KRAMMERER, 1944, p. 28). A ação irresponsável de Simão de Andrade, contrariando as relações cultivadas até então com muito cuidado por seus antecessores, causou revolta entre os chineses, que fizeram diversas reclamações à Corte e se prontificaram a isolar sua fortificação, fazendo necessário que Simão e sua frota fugissem, em setembro de 1520 (CORDIER, 1911, p. 518 ), para não morrerem de fome (KRAMMERER, 1944, p. 28). Simão de Andrade é descrito por Krammerer como “soldado brutal que não conhece nada além da força; o verdadeiro autor da desastrosa perturbação nas relações entre portugueses e chineses” (KRAMMERER, 1944, p. 29).

A chegada de Tomé Pires na Corte, em 1521, é paralela aos eventos mal sucedidos em Tamão provocados pela atitude irresponsável de Simão de Andrade. Sobre a embaixada de Pires, a fonte mais completa a fornecer informações sobre os eventos é a carta de Cristovam Vieira. Integrante da embaixada, Vieira reconta como ao chegar em Pequim, a reputação dos portugueses já os precedia. Na Corte, a carta de D. Manuel I foi aberta e o conteúdo causou revolta ao imperador, sendo recusada a recepção de Pires no palácio (KRAMMERER, 1944, p. 30). Segundo Vieira, a tradução da carta dizia o revés daquilo originalmente escrito (D’INTINO, 1989, p. 9), o que basta para o autor caracterizar a carta como uma falsificação:  

“Forão os linguoas pergũtados porque fizerão carta falsa e não conforme a del Rei Nosso Señor, diserão que as fizerão ao custume da China, que a carta del Rei nosso Señor vinha cerrada e asellada que se não podia leer nem abrir que avia de ser dada a el Rei em sua mão que eramos de longe terra e que não sabiamos o custume da China que era grande que ao diante o saberiamos que elles não tinhão culpa pois que fizerão a carta ao custume” (D’INTINO, 1989, p. 8).

A possibilidade do episódio da “falsificação” não ter passado de um desencontro cultural nas práticas de escrita formal é apontado por Krammerer (KRAMMERER, 1944, p. 31). Paralelo à confusão das cartas do rei D. Manuel, em janeiro de 1521 (D’INTINNO, 1989, p. 9) o Imperador recebe três cartas denunciando a ação dos portugueses na China. A primeira, cujo remetente era um mandarim de Cantão (segundo D’Intino, a palavra mandarim deriva de ministro), relatava a negação dos portugueses em pagar os direitos pelo comércio na região da ilha de Tamão, em Cantão, a construção de uma fortaleza feita de pedra com armazenamento de armas em seu interior e outras atrocidades: na carta de Vieira, acusam os portugueses de roubar cães e comê-los fritos. D’Intino (1989, p. 9) aponta como uma possível digressão do copista, tendo o original provavelmente citado pessoas em vez de cães, uma vez que os portugueses são acusados de canibalismo em fontes chinesas. Essas denúncias das cartas eram direcionadas a Simão de Andrade. Em outra das cartas, denuncia-se que os portugueses estariam tentando pegar o território da China para sí, tentativa simbolizada na construção de um monumento de pedra em Tamão (KRAMMERER, 1944, p. 30). Tratava-se do padrão, erguido por Jorge Álvares em sua primeira viagem à China, em 1514, mais cedo mencionada. Após esses eventos, o imperador Ming Zhengde é acometido por doenças, sucumbindo em 1521.

Após a morte do imperador, Tomé Pires, violando o período de luto da cultura chinesa, continua a praticar comércio (BOXER, 1953, p. 3), o que agrava ainda mais sua situação e contribui para piorar sua imagem perante os chineses. Ainda em 1521, Tomé Pires e sua comitiva são levados para a prisão em Cantão, por ordens do novo imperador Jiajing. Um ano mais tarde, o novo imperador recebe em sua corte um membro da embaixada malaia, que trazia uma carta do sultão de Malaca recontando que:

“Os frages [portugueses] ladrões com coração grande vierão a Malaca com muita gente e tomarão a terra e a destroirão e matarão muita gente e a roubarão e outra cativarão [...] que o rei que foi me malaca tem hum coração triste anojado com grande medo. O embaixador del Rei de Portugal que esta na terra da China he falso, não vem de verdade que vem pera enganar a terra da China” (D’INTINO, 1989, p. 16).

Ao receber a notícia do sultão de Malaca, o imperador chinês Jiajing queima a carta do rei D. Manuel I e determina que nenhuma outra embaixada portuguesa será recebida.

Em Cantão, os membros da primeira embaixada morrem após serem alvos de repressões das autoridades chinesas na prisão, com exceção de Cristovam Vieira e Vasco Calvo (D’INTINO, 1989, p. 14). Alguns capitães que faziam comércio em Cantão e não conseguiram escapar foram também presos e tiveram um destino violento: seus corpos foram desmembrados e espalhados pela cidade como repressão aos estrangeiros (D’INTINO, 1989, p. 16); Tomé Pires morreu doente, preso, em 1524 (D’INTINO, 1989, p. 20). O último registro de Cristovam Viera que temos conhecimento data do mesmo ano. Chegava ao fim a primeira embaixada portuguesa à China, mal sucedida.

A carta de Vieira termina com a descrição da administração da China e do território, recomendando ao final a conquista do império. Entre 1521 e 1551, os portugueses continuaram, apesar das proibições de autoridades chinesas, a frequentar a costa da China realizando o comércio com a população dessas cidades, principalmente com as famílias abastadas (BOXER, 1953, p. 5). A manutenção do comércio de luxo com estrangeiros, com mercadorias como seda, especiarias, porcelana e mármore, tinha grande valor para a elite, e só assim foi possível a manutenção do relacionamento sino-português. É a pressão vinda dos próprios chineses que leva o imperador, em 1530, a reabrir os portos de Cantão, ainda que mantida a restrição a estrangeiros até 1556 (BOXER, 1953, p. 9). Será apenas em 1555 que Portugal conseguirá, por meio de um contrato verbal realizado por Leonel de Sousa, a permissão das autoridades para se fixarem em Macau, o que, segundo D’intino, foi decisivo para a amizade entre os Impérios (D’INTINO, 1989, p. 29), e que determinou um recomeço positivo na relação entre os dois povos.

 

Conclusão

Analisando os eventos ocorridos, percebemos que a incapacidade portuguesa de lidar com os rigorosos costumes e regras de etiqueta chineses foi o que levou ao desastroso final da primeira relação entre os dois povos. O cuidado e a diplomacia encontrados nas primeiras viagens de Jorge Alvares e Fernão Peres de Andrade faltaram a partir de 1519. Simão de Andrade teve uma responsabilidade inquestionável na má sucessão dos eventos, mas toda a responsabilidade não pode ser colocada sobre ele. Os eventos na corte de Pequim, como a tradução problemática da carta do rei D. Manuel I e as denúncias do sultão de Malaca sobre o comportamento agressivo dos portugueses, somados à já presente desconfiança chinesa face aos estrangeiros, tudo isso resultou no talvez inevitável desastre das primeiras relações sino-portuguesas.

 

Referências

Juliana Santos Dinoá Medeiros é Mestranda em Paleografia e Diplomática pela Universidade de Lisboa.

 

BOXER, Charles Ralph. South China in the Sixteenth Century (1550-75). London: Hakluyt Society, 1953.

CHANG, T’ien Tsê. “Malaca and the Failure of the First Portuguese Ambassy to Peking” in JOURNAL OF SOUTH ASIAN HISTORY, vol. 3, nº 2, 1962, pp. 45-64.

CORDIER, Henri. “L’arrivé des Portugais em Chine” in T’OUNG PAO, vol. 17, 1911, pp. 483-543.

D’INTINO, Raffaella. Introdução. In: Enformação das cousas da China: textos do século XVI. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1989.”

FERGUSON, Donald. “Letters of Portuguese Captives in Canton” in THE INDIAN ANTIQUARY, vol. 30, 1901, pp. 421-451.

GOMES, Luís Gonzaga. “Os primeiros contactos entre portuguêses e chineses” in AFRO-ASIA, nº 6-7, 1968, pp. 41-54.

KRAMMERER, Albert. “La découverte de la Chine par les Portugais au XVIᵉ siècle et la cartographie des portulans” in T’OUNG PAO, vol. 29. Leiden : Brill, 1944.

MONTEIRO, Anabela Nunes. Macau e a presença portuguesa seiscentista no Mar da China: Interesses e estratégias de sobrevivência. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2011.

PATO, Raymundo Antonio de Bulhão (ed.). Cartas a Affonso de Albuquerque seguidas de documentos que as elucidam. Tomo II. Lisboa: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1898.

 

12 comentários:

  1. Oi, Juliana!
    Quero parabenizá-la pelo trabalho! O texto está muito bem articulado de maneira que conseguimos apreender a sua intencionalidade comunicativa. Essa realidade permeou algumas expedições, inclusive a portuguesa, como você bem explicita no corpus do seu texto. Tomando como base esse contexto e a diversidade incursiva portuguesa, tanto na China quanto em outros territórios, na modalidade de pesquisadora, como você vê essa perspectiva em outras tentativas, teria ocorrido a mesma situação? Sabe-se também que houve outras expedições portuguesas à essa mesma nação, teria isso ocorrido mais vezes em outras épocas?

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  2. Oi, Juliana!
    Quero parabenizá-la pelo trabalho! O texto está muito bem articulado de maneira que conseguimos apreender a sua intencionalidade comunicativa. Essa realidade permeou algumas expedições, inclusive a portuguesa, como você bem explicita no corpus do seu texto. Tomando como base esse contexto e a diversidade incursiva portuguesa, tanto na China quanto em outros territórios, na modalidade de pesquisadora, como você vê essa perspectiva em outras tentativas, teria ocorrido a mesma situação? Sabe-se também que houve outras expedições portuguesas à essa mesma nação, teria isso ocorrido mais vezes em outras épocas?
    Wagner Pereira de Souza
    wpereirasouza46@gmail.com

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    1. Boa noite, Wagner! Agradeço o comentário. Respondendo a sua primeira pergunta: para realizarmos uma comparação entre esse primeiro contato com a China e outros primeiros contatos com outros territórios “descobertos” pelos portugueses, seria necessária a análise de cada caso, para não fazermos qualquer generalização. A conclusão da primeira embaixada portuguesa à China pôde ser caracterizada como desastrosa devido a conflitos relacionados a características particulares da cultura chinesa. Por isso, experiências portuguesas em outros territórios, mesmo que similares à experiência chinesa, teriam, certamente, fatores diferentes e igualmente complexos. Já em relação a sua segunda pergunta: até a concessão da permissão aos portugueses de fixarem-se em Macau, em 1555, os lusitanos continuaram a visitar a China para comercializar. Outra fonte que não abordei no texto, “Algumas cousas sabidas da China”, de Galiote Pereira, conta-nos exatamente uma situação, em meados de 1548, em que os portugueses tiveram novamente problemas com a justiça chinesa.

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    2. Muito obrigado, Juliana, pelo retorno! Eu também gostei mesmo do texto pela densidade e relevância da abordagem!

      Abraços,

      Wagner Pereira de Souza
      wpereirasouza46@gmail.com

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  3. Excelente texto, Juliana! É muito pertinente investigar os atritos ocorridos nesse contexto de primeiro contato entre chineses e portugueses em função dos incidentes e das vicissitudes diplomáticas. Minha pergunta refere-se ao fato de que, apesar de todas as circunstâncias adversas que caracterizaram esses primeiros encontros, os lusitanos acabaram conquistando o direito à permanência na cidade de Macau por volta de 1557. Isso seria fruto da mudança de imperadores no ano de 1521 (quando morre o imperador Zhengde e ascende ao trono Jiajing), de uma maior sensibilidade diplomática por parte dos europeus com o passar dos anos ou poderia ser ainda uma combinação desses diferentes fatores?

    Agradeço desde já,
    Marcus da Silva Dorneles

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    1. Agradeço seu comentário, Marcus! Os motivos que levaram à concessão da permissão aos portugueses de se alocarem em Macau são debatidos pela historiografia. Alguns afirmam que tenha sido uma forma de recompensa pela ajuda dos portugueses no combate à pirataria na costa chinesa. Outros, sobretudo a historiografia chinesa, atribuem essa concessão a subornos dados pelos lusitanos aos administradores da região. Fato é que certamente os benefícios que vinham do comércio sino-português colaboraram para essa permissão ser dada. Cabe lembrar que não era exatamente um direito dos portugueses, mas sim uma concessão, que dependia do pagamento de impostos à administração de Macau, que continuava a pertencer à China.

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  4. Parabéns, excelente texto!
    Bem articulado, entendível e de fácil abordagem.
    Dito isso, é possível identificar especificidades, no tocante à escolha lusitana em voltar-se para a China? É claro, desconsiderando os interesses de cunho expansionista-ultramarino à época.
    Att.,
    Maykon Albuquerque Lacerda

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    1. Bom dia, Maykon! Obrigada pelo comentário.
      Não consigo desvencilhar os interesses expansionistas portugueses das diversas viagens lusitanas à China. Talvez, no início, os interesses portugueses teriam uma influência do “maravilhoso” que esperavam encontrar na China, baseado nos relatos que há muito circulavam na Europa sobre esse país desde Marco Polo. Mas atribuir toda a atividade lusitana na China à curiosidade estaria errado. De fato, o maior interesse dos portugueses era em relação ao comércio, pois as especiarias da índia eram ali muito apreciadas, bem como os artigos de luxo chineses, como seda e porcelana, eram bem vendidos na Índia e Europa. Além disso, em meados de 1548, os portugueses de tornam intermediários do comércio entre Japão e China, o que certamente aumenta seu lucro e interesse em manter ali um entreposto comercial.

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  5. Parabéns pela pesquisa Juliana Medeiros, um texto bastante rico e inovador. Como você pensa nesta temática para ser trabalhado em livros didáticos na atualidade? Seria possível nesse contexto trabalhar em sala de aula no tocante, as novas rotas comerciais portuguesas para as Índias? Contextualize.

    Att.,
    Anderson Andryolly da Silva Macedo

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    1. Olá, Anderson! Obrigada pelo comentário. Infelizmente, a China (e outros muitos países) são pouco estudados nas escolas. Acredito que esse tema poderia ser abordado em comparação com a experiência brasileira de primeiro contato com os portugueses, de modo a elucidar um pouco mais a diversidade que permeou o expansionismo lusitano, além de demonstrar mais uma vez como foram os portugueses grandes responsáveis pelo maior contato entre sociedades por todo o globo.

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