Matheus Oliva da Costa

 

APLICABILIDADES ATUAIS DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DO MESTRE XUN (XÚNZI 荀子)


 

Introdução: lições confucianas sobre a educação chinesa pensada para o Brasil

A história do Brasil mostra que a nossa cultura se formou através da pluralidade de matrizes. No entanto, nossas referências educacionais ou são quase unicamente europeias, ou são autores norte americanos e mesmo brasileiros, mas que também tem a Europa como quase única referência para pensar e praticar a educação. Sabendo disso, no intuito de contribuir para uma ampliação intercultural da nossa educação, propomos pensar um método de ensino confuciano, parte da tradição clássica chinesa, mas ainda desconhecida aqui. Acreditamos que esse ponto de vista específico fornece contribuições para pensarmos a nossa educação. Segundo Anne Cheng (2008, p. 31).

“É assim que são utilizados os textos na educação chinesa: objetos de uma prática mais que de uma simples leitura, são primeiramente memorizados, depois aprofundados continuamente pela consulta e companhia dos comentários, pela discussão, pela reflexão, pela meditação. Testemunhas da palavra viva dos mestres, eles não se destinam apenas ao intelecto, mas à pessoa toda; servem menos para raciocinar do que para ser frequentados, praticados e, finalmente, vividos. Pois a finalidade última visada não é a gratificação intelectual do prazer das ideias, da aventura do pensamento, mas a tensão constante de uma busca de santidade [Shèng]. Não o raciocinar sempre melhor, mas o viver sempre melhor sua natureza de homem em harmonia com o mundo”.

Assim, a educação na visão clássica chinesa em geral, e mais ainda do ponto de vista específico confucionista, integra o estudo textual ou formal com o aprimoramento moral e a educação socioemocional. Seu objetivo é realização pessoal que podemos chamar de “sabedoria ou santidade” (Shèng ). No mesmo sentido, nesse breve texto temos o objetivo de demonstrar aplicabilidades da perspectiva confuciana do texto “Xúnzi 荀子” sobre como Aprender (Xué ) da maneira mais apropriada. Assim, trata-se de propor aplicabilidades da “filosofia da educação” do mestre Xun.

 

Mestre Xun: um confuciano crítico e sistematizador

O nome original do personagem histórico que nos referimos anteriormente como “mestre Xun” é Xún Kuàng 荀況 (310-211 Antes da Era Comum - AEC). Ele viveu no final da Dinastia Zhōu (1046-256), e observou o fim desse importante período de formação da cultural chinesa, sendo que passou seus últimos anos no período dos Estados Combatentes (403-221 AEC). Segundo seu principal tradutor e comentador em língua inglesa, John Knoblock (1988, p. 35), ele chegou a ver a unificação imperial da China pela dinastia Qín (221-206 AEC).

Ele teve uma vida com muitos feitos. Estudou e depois se tornou professor na Academia Jìxià 稷下, um importante centro intelectual da China antiga, que concentrou diversos filósofos em prol da formação de líderes políticos para busca de soluções ao caos político dos Estados Combatentes (Knoblock, 1988, p. 4; Nivison, 1999, p. 769). Nessa experiência acadêmica, ele entrou em contato com os principais pensamentos da China antiga – daoístas, cosmólogos, legistas, moístas, lógicos etc. –, e se tornou um defensor do Confucionismo (Escola dos Eruditos, Rújiā 儒家).

Por ter passado grande parte da vida num ambiente rico em debates e estudos, se tornou um filósofo crítico que num mesmo movimento mostrava as fragilidades dos oponentes enquanto absorvia o suas qualidades. Por isso mesmo, acabou sistematizando grande parte das ideias do seu tempo e dos séculos anteriores. Segundo Nivison (1999, p. 791, nossa tradução), “Xunzi é o primeiro filosofo na China que pode ser descrito como um ‘acadêmico’ no sentido moderno” do termo, algo que é referendado por outras fontes (Cheng, 2014; Goldin, 2008; Hutton, 2014). Como se pode notar, a educação é algo que atravessou toda a vida desse nosso autor.

Após os anos iniciais de formação, trabalhou servindo vários governantes dos Estados Combatentes, momento que ele escreveu seus primeiros textos, como o seu capítulo Quàn Xué 勸學, “Persuadir a Aprender”. Após um tempo como professor na Academia Jìxià, voltou a atuar no mundo político, inclusive em cargos mais altos, tornando-o conhecido como Xún Qīng 荀卿 (Ministro Xun). Quando Chūn Shēn 春申, o governante do Estado de Chǔ , a quem ele servia, foi morto em 238 AEC pelo exército Qín, ele passou a viver mais isoladamente em Lánlíng 蘭陵 (na atual Shāndōng 山東), ensinando e escrevendo (Knoblock, 1988, p. 3-35).

Teve grande impacto na política e na história das ideias chineses, tendo auxiliado a, décadas depois, o Confucionismo ter prosperado e até alcançado patrocínios imperiais. Sua obra foi editada na dinastia Hàn (206 AEC-220 EC) e na dinastia Táng (618-907), sendo chamado também de Sūnzi 孫子. Contudo, o termo mais conhecido para designar a sua obra é Xúnzi 荀子 (Hutton, 2014). Após perder atenção nos últimos mil anos, devido a interpretações confucianas mais ligadas a Mêncio terem dominado, tem voltado a ser considerado o terceiro maior filósofo confuciano, depois de Confúcio (Kǒngzǐ 孔子) e de Mêncio (Mèngzǐ 孟子).

 

A proposta educacional do mestre Xun

No Brasil e em todo mundo lusófono contamos com algumas traduções para suprir a demanda de conhecimento sobre filosofia chinesa. Das cinco introduções gerais à filosofia chinesa que foram traduzidas para o português, todas citam explicitamente ou tem um capítulo ou subcapítulo específico para o mestre Xun (Kaltenmark, 1981; Granet, 1997; Cheng, 2008; Lay, 2009; Van Norden, 2018). Deles, somente Van Norden (2018, p. 219-221) citou a questão educacional desse autor confuciano.

Então até o momento ainda não temos em português uma publicação sobre especificamente à questão educacional do mestre Xun, apesar da sua importância na história da educação confuciana (Cline, 2015). Já contamos com obras que refletem questões sobre a educação confuciana, em especial a partir do próprio Confúcio e do Mêncio (Bueno, 2011; Ho, 1999; 2006). Enquanto nós ainda não publicamos a nossa tradução completa e comentada do primeiro capítulo dessa obra, que irá suprir parte dessa lacuna, mas que não caberia aqui, vamos agora resumir o já citado capítulo “Persuadir a Aprender” da obra Xúnzi (Knoblock, 1988; Xunzi, 1999; 2006; 2014).

Para o mestre Xun, o Aprender (Xué ) é o início do processo de transformação moral de si mesmo, mirando ser um Sábio (Shèng ). Essa transformação ocorre por meio das habilidades da constância, concentração, diligencia, respeito ao professor e conhecimento dos clássicos (Jīng ). Ao seguir o Caminho (Dào ) confuciano, cultivando a virtude da Ritualidade (Lǐ ) através do respeito nas relações sociais (os “Ritos”, Lǐ ), vai conseguir elevar o seu Aprender. Para além dos ganhos mentais e socioemocionais, vai também conseguir remodelar seu caráter natural (Xìng  ), até “fabricar” em si mesmo as virtudes Humanidade (Rén) e Retidão (ou Justiça, Yì ). Ao harmonizar suas tendências naturais com os ritos sociais e o ambiente natural ao seu redor, vai se realizar enquanto ser humano, podendo viver mais plenamente e contribuindo para a paz em “tudo sob o Céu”.

Vamos entender agora cada um desses aspectos. Seguindo a antiga referência de Confúcio (2012), o mestre Xun segue a aposta de que o ser humano pode ser tornar o melhor de si mesmo, através de uma transformação pessoal harmonizada com as relações sociais. Para os confucianos devemos cultivar virtudes para nos tornarmos pessoas mais sábias, ou, pelo menos “cavalheiros”, “educados”. A virtude da Ritualidade, para o mestre Xun, seria o fio condutor para desenvolver as duas virtudes amplamente aceitas entre confucianos, a da Humanidade e da Retidão. Do contrário, quem se limitar a apenas seguir seus desejos pessoas, mesmo ainda que prejudique os outros, seria um ser humano “mesquinho” (Xiǎo Rén 小人, uma “pessoa pequena”). 

Dentro dessa visão, para buscar a aprender a ser alguém Sábio, o mestre Xun fornece um caminho, um método. Antes de tudo, é preciso de uma forte aspiração (Zhì ) ao aprender, tendo bons modelos de sábios como referência – para os confucianos, os Reis Sábios da Antiguidade. Essa aspiração e esses modelos são a base para superar o que ele acredita serem nossas tendências egoístas “naturais”.

Em seguida, deve-se desenvolver habilidades para aprender. (i) Não desistir, ter constância. (ii) Focar ou ter concentração. (iii) Comportar-se adequadamente nas relações sociais, o que exige um equilíbrio das emoções, consigo mesmo, com os outros e com o meio; (iv) Buscar auxílio de um professor que é um modelo vivo de realização das virtudes (Ritualidade, Humanidade e Retidão), e respeitá-lo; (v) Conhecer o currículo confuciano, destacando os seguintes clássicos: o da Poesia (Shījīng 詩經), o da História (Shūjīng 書經), o dos Ritos (Lǐjì 禮記) e os Anais de Primavera e Outono (Chūn Qiū 春秋). Esse currículo pode incluir o Clássico das Mutações (Yìjīng 易經), que é citado só em capítulos posteriores, sendo mais citado nesse capítulo o “Clássico da Música (Lèjīng 樂經)”, posteriormente incluído no Clássico dos Ritos.

 

Aplicações da visão educacional mestre Xun no ensino de filosofia no Brasil

Numa perspectiva trans, multi ou intercultural da filosofia (Dussel, 2000; Fornet-Betancourt, 2001; Garfield e Edelglass, 2011; Van Norden, 2017) podemos ver o mestre Xun como uma obra filosófica da antiguidade chinesa. Assim, observamos uma “filosofia da educação” confuciana realizado por esse filósofo.  Já vimos uma síntese das ideias e do método mais geral que ele propõe para um aprendizado completo e profundo. Agora vamos nos concentrar em apontar aplicabilidades dessa proposta.

De modo geral, cursos superiores de filosofia podem trabalhar com o capítulo Persuadir a Aprender do mestre Xun. Nos bacharelados de filosofia e nas pós-graduações de filosofia e da área da educação, ao ser estudado o método de aprendizagem do mestre Xun, também poderiam ser exploradas suas perspectivas sobre o ser humano e sobre a sociedade. Por exemplo, o mestre Xun foi um dos primeiros textos chineses, e de todo o mundo, a defender a necessidade de professores e de um currículo no processo de aprendizagem. Em licenciaturas, seja de filosofia, de pedagogia ou de outras áreas, as mesmas questões podem ser estudadas, com o especial destaque para a importância que o mestre Xun dá ao aprendizado socioemocional – o que vemos como ideias que adiantaram clássicos modernos como Piaget e Vygotsky.

O ensino dessas ideias e métodos do mestre Xun no ensino superior, mesmo já sendo algo prático, ainda se insere dentro de um ambiente intelectual formal, de formação profissional e teórica. Isso é ótimo, nenhum problema, o próprio mestre Xun se sentiria muito a vontade ali. Aqui, no entanto, buscamos sugerir algo mais prático ainda: trabalhar com um método confuciano de reflexão a partir de versos poéticos no ensino de filosofia no ensino médio da educação básica.

Importante lembrar que desde a lei n. 11.684 (Brasil, 2008) a filosofia (junto com a sociologia) foi incluída como disciplina obrigatória nos currículos do ensino médio. Desde então entrou em todas as principais políticas públicas educacionais nacionais. Contudo, a filosofia ainda não foi pensada de maneira intercultural nesse contexto, ainda sendo bastante limitada nas referências oficiais pelo eurocentrismo. Por exemplo, não espaço significativo à filosofia chinesa em livros didáticos. Uma exceção importante ao eurocentrismo da educação brasileira é a lei 11.645 (Brasil, 2008), que tornou obrigatória o ensino de temáticas da “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Veremos que a proposta a seguir tem o potencial de fornecer um meio de realização de ambas essas leis.

Desde o próprio Confúcio (2012) observamos a prática confuciana da leitura de versos tradicionais seguida de uma reflexão moral. Quando dizemos “versos tradicionais”, incluímos cantigas populares, poesias clássicas, letras musicais e até mesmo cantos religiosos. O primeiro passo dessa prática filosófica é recitar algum desses versos tradicionais para relembra-los. O segundo passo é apresentar a interpretação mais obvia sobre tais versos. A terceira e última parte seria refletir como tais versos podem ajudar a nos transformar moralmente, como auxiliam a gerar significados que nos direcionem para um equilíbrio socioemocional – ou seja, das próprias emoções, internamente, e suas expressões sociais adequadas a cada contexto.

O próprio Confúcio (2012, p. 532) afirma nos Analectos 17.9 que: “os Poemas podem desenvolver associações, podem desenvolver a percepção, podem desenvolver a sociabilidade, podem desenvolver a crítica”, ajudando a ser melhor filho, melhor servidor público e um bom conhecedor dos elementos do seu meio. Ainda afirmou nos Analectos 2.2 que as 300 Poesias que existiam na sua época podiam ser resumidas em “em seu pensar não há mácula”. O mestre Xun, por ter tido uma forte aproximação com a cultura poética de sua época, deu continuidade a esse estudo estético das Poesias, as reinterpretando numa visão ética confuciana, como o seguinte trecho nos mostra.

“[O Clássico d]a Poesia diz: ‘O cuco nas amoreiras, / tem sete filhotes. / Pessoas bondosas são como os Cavalheiros (Jūnzǐ 君子), / o comportamento deles são iguais. O comportamento deles são iguais, por que suas mentes são como um nó [que amarram tudo]’. Então os Cavalheiros (Jūnzǐ 君子) amarram [tudo] em um [só nó].” (Xunzi 1.10, 2006, nossa tradução).

No trecho do seu texto em que argumenta sobre a importância do foco no processo de aprendizagem, o mestre Xun ilustra com essa poesia. O “pássaro cuco” perdeu o próprio foco, já que teria muitos filhos; em contraste, o Cavalheiro mantém sua mente concentrada. O mestre Xun concluiu que os Cavalheiros aprendem concentrando sua mente, tal como um princípio que atravessa tudo. Assim, em termos filosóficos, ele pensou uma conclusão ética a partir de uma percepção estética clássica do confucionismo (Li, 2010).

Estudantes brasileiros(as) do ensino médio, no entanto, não conhecem bem poesias chinesas, e se interessam mais por outras fontes de versos tradicionais, especialmente músicas. Um dos pressupostos dessa prática confuciana é o relembrar através do recitar de sua memória cultural – algo que curiosamente está na mesma direção da busca pela inserção da “ancestralidade” como questão importante para a educação brasileira para Daniel Munduruku (2000). Com referência na prática confuciana, indicamos que docentes em sala de aula preliminarmente façam um diálogo sobre o valor dos “ditos populares”, daquelas frases rimadas que nossas avós nos passam por tradição oral, ou mesmo versos de poesias das matrizes portuguesa, africanas e indígenas.

A partir dessa apreciação inicial, o primeiro passo é que, de forma escrita e/ou oral, cada estudante relembre de um verso tradicional, um que ele ou ela mais se lembre, que tenha mais memória afetiva. Em seguida, junto com o/a estudante faça uma primeira interpretação mais óbvia do significado. Por fim discente realiza a seguinte reflexão: “O que esses versos te dizem quanto a algum aspecto da sua vida que você pode melhorar?”. Essa prática confuciana, simultaneamente estética e ética, busca realizar o processo de filosofar por um método chinês antigo, mas recomendamos fortemente que sejam utilizados temas com significados afetivos aos discentes e, se possível, com uma conexão ancestral com eles/elas.

Vamos a um exemplo dessa prática com um verso tradicional brasileiro, que – particularmente minha avó materna e – muitas pessoas cantam. Trata-se da cantiga “Alecrim Dourado”: “Alecrim, alecrim dourado / que nasceu no campo / sem ser semeado. // Foi meu amor / que me disse assim / que a flor do campo é o alecrim” (domínio público). O segundo passo é pensar o significado mais óbvio: de início a cantiga nos ensina sobre uma planta, a erva “alecrim”, e que ela nasce “no campo” sem precisar ser semeada pelo ser humano; na última parte fala sobre como alguém importante (“meu amor”) foi quem deu essa informação. A seguir vamos passar para a reflexão, tal como Confúcio e o mestre Xun faziam com as poesias antigas.

Segundo o mestre Xun, todo ser humano tem um caráter natural (Xìng  ) que vem de fontes naturais (Céu, Terra, seus pais), e que na linguagem atual seria próximo da ideia da nossa “biologia”, nossas necessidades e características individuais. Como vimos, ele acredita que precisamos “construir” virtudes ao longo da vida, começando com uma aspiração profunda. Tendo essa meta clara, buscamos desenvolver habilidades de (i) constância, (ii) concentração, (iii) respeito nas socializações, com ênfase na relação professor-estudante, através de um equilíbrio das emoções (o que mais nos interessa nesse exercício), e (iv) observar bons modelos de comportamento nos versos. Ele fala de (v) um currículo também, é verdade, mas, falando de filosofia no ensino médio, o currículo é outro, próprio das demandas do nosso tempo. Apenas acrescentamos que, entendendo currículo de maneira mais ampla (Silva, 2003), os “versos tradicionais” deveriam ser parte fundamental da formação socioemocional da nossa juventude, de modo que eles e elas se sintam continuadores de uma tradição de sabedoria que vem dos seus ancestrais (Munduruku, 2000).

Seguindo com nossa interpretação, para o mestre Xun, se quisermos uma sociedade mais humana e justa (Rén), é preciso trabalhar em nós o que ainda não foi “semeado”. Todos nós temos um brilho interno (o dourado do alecrim), uma força própria para nos realizar e ajudar as pessoas a se realizarem. No caso brasileiro, Cascudo (2005) registrou a visão popular brasileira do alecrim tendo diversos significados: potenciais de proteção ou agouro espiritual, efeitos medicinais, flor funerária, e, claro de um cheiroso ingrediente culinário. Assim como fazemos com o alecrim, podemos desenvolver as características que herdamos desde o nascimento e que foram adquiridas pela nossa cultura ao longo da vida, sem nos limitar a isso, nos transformando através de um Aprender sábio. Para tanto, é importante contar com bons modelos, no caso, com a companhia de pessoas que nos querem bem e que nos ajudem a “cultivar” o melhor do nosso caráter natural.

Conforme o exemplo acima descrito, cada um de nós pode refletir filosoficamente a partir de versos tradicionais formas de desenvolver aspectos que sejam necessários trabalharmos em nós. Assim, podemos, a partir da aspiração ao Apender, construir o melhor de si mesmo através do que nos foi dado natural e culturalmente. Em sala de aula o estudante não precisa citar textos como fizemos aqui (ainda que possa fazer isso), pois o mais importante é que cada pessoa aprenda a ser mais sábia através do estudo prático dos versos tradicionais.


Referências

Matheus Oliva da Costa é graduado (Licenciatura Plena) pela UNIMONTES-MG, e é mestre e doutor pela PUC-SP, ambos em Ciência das Religiões. É graduando em Filosofia pela UNINTER. É membro da Associação Latino Americana de Filosofia Intercultural, ALAFI.

 

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BRASIL. Lei n. 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: Presidência da República, 2008. Disponível: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm >. Acesso 07 set. 2020.

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2 comentários:

  1. Olá, bom dia! Gostaria de parabenizar pelo ótimo trabalho!
    Acredito ser muito importante o ensino de correntes filosóficas orientais tanto nas universidades quanto nos ensinos fundamental e médio, visto que as filosofias lecionadas no Brasil são centradas principalmente em pensadores europeus. Como explicitado no texto, não se tem uma tradução para o português acerca das questões educacionais do mestre Xun e, portanto, minha questão é se essa falta de traduções também ocorre com filosofias de outros pensadores de origem oriental e como essa carência pode ser suprida na hora de lecionar tais conteúdos, tanto na educação fundamental e média, quanto no ensino superior.

    Grata desde já,
    Vitória Marchetto.

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    1. Muito obrigado, Vitória!
      Sim, há muita carência de traduções de textos asiáticos para o português, apesar de já haver algumas boas traduções diretas para nossa língua. Eu, junto com meu professor, traduzimos o primeiro capítulo do Xúnzi e já enviamos para uma revista, deve sair ano que vem.
      Quanto a suprir essa carência, sugiro que docentes trabalhem com o que existe publicado e disponível da maneira mais aprofundada possível, com contextualização, respeito, e também numa leitura crítica.
      Quando possível, por exemplo, numa condição de estudantes que conhecem outras línguas (inclusive línguas asiáticas, mas o inglês já ajuda muito), acredito que deve ser incentivado a leitura e tradução de obras que ainda não estejam em português, justamente para expandir nosso arcabouço cultural.
      Abraços

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