Raimundo Nonato Santos de Sousa

 

A QUESTÃO DO TIBETE EM PERSPECTIVA: UMA BREVE ANÁLISE


 

Considerações iniciais

O presente texto tem por objetivo lançar um olhar sobre a dominação política e cultural empreendida pela China sobre o Tibete. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em que foram privilegiados autores que tratam sobre o assunto em tela, a exemplo de Santos [2014], Mishra [2007], Spence [1995] e Ferreira [2013]. Diante do quadro que marca uma das disputas políticas mais conflitantes da história não seria incomum perguntar: Por qual razão a China se interessa tanto pelo Tibete, um país pobre e irrelevante na perspectiva da economia internacional?

Com o intuito de justificar o domínio sobre o Tibete, o Estado chinês costuma alegar, entre outros argumentos, que:

“Por mais de 700 anos, o governo central da China tem continuamente exercido a soberania sobre o Tibete e o Tibete nunca foi um estado independente”[REPÚBLICA POPULAR DA CHINA - OFFICIAL WHITE PAPER, 1992, apud SANTOS, 2014, p. 4].

Sabe-se que em diversos momentos da história da humanidade, a dominação de territórios foi uma estratégia usada para expandir fronteiras geopolíticas e culturais, e ainda subjugar povos. Estamos familiarizados com a discussão sobre esse tema quando os atores focalizados são os europeus na África e na América, por exemplo. Mas quando se pensa nas civilizações orientais, esse debate não é considerado. Por isso, a proposta do presente texto justifica-se pela necessidade de tratar, a um só tempo, sobre um aspecto da História oriental e sobre a dominação de um povo sobre outro, a partir do conflito entre o Tibete e a China.

 

A complexa questão do Tibete

Geograficamente, o Tibete se situa no continente asiático, mais precisamente ao norte da cordilheira do Himalaia. Por estar localizado em um planalto com uma elevação média de 4.900 metros de altitude, o território tibetano é considerado a região mais alta do globo terrestre; motivo pelo qual se costuma atribuir ao Tibete o título de teto do mundo. Nos termos de Pankaj Mishra (2007), o Tibete se caracteriza por ser: “[...] o longo planalto entre a Índia e a China, maior até que a Europa ocidental, a fonte da maior parte dos grandes rios da Ásia (Indo, Yangtze, Brahmaputra e Sutlej) [...]” [MISHRA, 2007, p. 413].

Politicamente, o Tibete é, nos dias de hoje, uma das regiões incorporadas à China. Mas é importante destacar que, sob o ponto de vista histórico, o Tibete nem sempre fez parte da China. [ALMEIDA, 2000] Inclusive, a coesão nos aspectos étnico, religioso e linguístico do Tibete evidencia a autonomia histórica deste território em relação à China. [SANTOS, 2014]

Foi a partir de 1640, que o governo tibetano começou a ser representado pelos Dalai-Lamas, os quais exercem, a um só tempo, o papel de líder religioso e líder político. O Dalai-Lama Tenzin Gyatso, mais conhecido no mundo ocidental como Dalai-Lama, corresponde ao 14º da dinastia de líderes espirituais e políticos do Estado teocrático tibetano.

Um dos motivos que explicam o interesse da China pelo Tibete é a localização geográfica do território tibetano, nas proximidades do Himalaia, que oferece muitas vantagens à China. Isso porque para este país:

“[...] a região é essencial do ponto de vista econômico e estratégico, o solo tibetano é rico em minérios. É dentro do Tibete que nasce os rios mais importantes para o abastecimento de água doce da Ásia oriental. Além da área possuir uma imensa reserva ambiental pouco explorada, abriga ainda uma variedade imensa de plantas usadas na medicina chinesa – a fitoterapia – que tem como base o uso de plantas da região” [FERREIRA, 2013, p. 66].

Além disso, não se deve esquecer que:

“O Tibete, além de ser riquíssimo em minerais, como ouro, zinco, manganês e rico em madeira, tem grande importância econômica e geopolítica. Uma vez que se tem o controle do Tibete, se tem controle de grande parte do sul da Ásia, e de parte da Ásia Central, pois, é somente através do Tibete que a China poderia estabelecer fronteiras com a Índia, Mianmar, Nepal e Butão. O Tibete sempre foi considerado como uma zona- tampão entre a Índia e China, as duas maiores potências orientais [...]” [SANTOS, 2014, p. 12].

Torna-se mister salientar que o conflito entre o Tibete e a China também envolve: “[...] questões sociais, econômicas, políticas, militares e particularmente étnicas” [SANTOS, 2014, p. 20]. Além disso, se faz necessário sublinhar que:

“Na realidade, o conflito sobre o status do Tibete é essencialmente um conflito sobre a compreensão histórica da região. Quando os historiadores chineses e figuras políticas afirmam que o Tibete é uma parte da China, o fazem com base em preceitos históricos. A República Popular da China tem incisivamente acusado o Dalai Lama de duplicidade, afirmando que sua falta de vontade de reconhecer que o Tibete tem sido uma parte integrante da China há séculos, tornam suas tentativas de compromisso sobre a questão do Tibete, inaceitáveis” [SANTOS, 2014, p. 4].

Desse modo, o conflito entre o Tibete e a China assenta-se em uma discussão puramente histórica, cuja complexidade pode ser evidenciada na pluralidade de narrativas em torno deste conflito:

“Estudiosos modernos debatem se a Dinastia Ming realmente tinha soberania sobre o Tibete, alguns acreditam que fora uma relação de suserania10. Helmut Hoffman (2003) afirma que a dinastia Ming mostrava o papel do Estado sobre o Tibete através do envio de missões periódicas de "emissários do Tesouro" para a Corte Ming através da concessão de títulos nominais aos governadores tibetanos, mas que não interferiam no Governo tibetano. Wang Jiawei e Nyima Gyaincain11 discordam, afirmando que a China Ming tinha soberania sobre os tibetanos e que não herdavam títulos Ming, mas eram obrigados a viajar para a Pequim para renová-los. Goldstein (1997) escreve que os Ming não tinham qualquer autoridade administrativa real ao longo do Tibete assim que os vários títulos dados aos líderes tibetanos no poder já não davam o mesmo poder como os antigos títulos mongóis Yuan” [SANTOS, 2014, p. 6].

Contrariado os chineses que alegam que historicamente o Tibete faz parte da China:

“Os tibetanos têm tradicionalmente considerado como seus antepassados os ascendentes indianos e, segundo crença popular, foi o antigo rei indiano Rupati que, depois de sofrer a derrota em uma guerra contra os Pandavas, fugiu para o nordeste e estabeleceu o Tibete. Este mito é baseado nos escritos de um estudioso da Índia antiga que descreveu o caminho percorrido por Rupati, ao longo de sua vida” [SANTOS, 2014, p. 4].

Tratando sobre a condição do Tibete no século XX, Santos [2014] nos diz que:

“O governo comunista chinês liderado por Mao Tse-tung, que tomou o poder em outubro de 1949 imediatamente apressou-se a afirmar uma nova presença chinesa no Tibete. Entre 1950 e 1951, o Exército de Libertação Popular irá intervir no Tibete e em 1950, a China anuncia o que chama de "libertação" do Tibete. Em 1951, o exército chinês entra em Lhasa” [SANTOS, 2014, p. 8].

Assim, na década de 50 do século XX, a capital tibetana, Lhasa, foi invadida pelas tropas do Exército de Libertação Popular da China, subordinando o Tibete à autoridade chinesa em seu próprio território. Segundo Spence [1995], a conquista do Tibete em 1950 corresponde a um projeto de consolidação territorial do Estado chinês.

É interessante notar que a incorporação do território tibetano ao território da China ocorreu um ano após o nascimento da República Popular da China em 1949; o que confirma a relação entre a conquista do Tibete e a consolidação territorial do Estado chinês. Essa conquista se tornou mais viável: “[...] depois que a Índia tinha se tornado independente, em 1947, e os ingleses haviam perdido o interesse em manter o Tibete como Estado-tampão” [SPENCE, 1995, p. 499].

É verdade que as relações conflituosas entre o Tibete e a China remontam a tempos longínquos. Por exemplo, conforme Mishra [2007], em 1910 o Tibete foi invadido pelos governantes Manchu da China, conseguindo, entretanto, sua independência logo no ano seguinte por causa do fim do Império Manchu. Apesar disso, Santos [2014] é categórica ao afirmar que: “O Tibete jamais foi incorporado ao império manchu, muito menos à China, e continuou administrando amplamente suas relações com os estados vizinhos”[SANTOS, 2014, p. 6].

Em 1950, após um período de quase quatro décadas de relativa tranquilidade, o Tibete foi invadido por chineses que pretendiam unificar a China. Ademais, no período da Revolução Cultural (1966-1976) a repressão chinesa contra os tibetanos que ainda teimavam em desrespeitar a autoridade da República Popular da China se tornou mais violenta. De modo que “[...] dezenas de milhares de tibetanos foram condenados como ‘reacionários’, ‘direitistas’ e ‘dissidentes capitalistas’ [...] e presos, torturados e assassinados” [MISHRA, 2007, p. 418].

Esses eventos evidenciam o quanto o governo da China quer submeter o território e a população do Tibete à sua autoridade. Em consequência da dominação chinesa, desde 1998 o governo tibetano está exilado em Dharamsala, na Índia. Segundo Almeida [2000], outro argumento que a República Popular da China usa para justificar a dominação sobre o território tibetano é o de que os chineses precisam levar o desenvolvimento ao povo tibetano que vive sob uma suposta opressão do budismo lamaísta. Isso, por certo, pode ser entendido como um ato de imperialismo, notadamente marcado pela subjugação de um povo a partir do discurso de uma “missão civilizadora”. 

Mishra [2007] reconhece que o domínio chinês sobre o Tibete gera alguns benefícios para os tibetanos, quando diz que em função desse domínio: “[...] muitos tibetanos tem educação e cuidados médicos melhores”. [MISHRA, 2007, p. 425] Ainda assim, o citado autor admite que o descontentamento de ampla maioria dos tibetanos para com a dominação chinesa é indiscutível. Isso porque:

“[...] a modernização e o desenvolvimento liderados pelos chineses parecem ter afetado apenas as poucas regiões urbanas no Tibete, onde mora a maior parte dos migrantes da China” [MISHRA, 2007, p. 424].

Esse ponto é corroborado pelo Dalai-Lama [2008], de acordo com o qual, em um pronunciamento feito em Dharamsala em 6 de abril de 2008, os protestos ocorridos no Tibete desconstroem os discursos propalados pela República Popular da China de que a população tibetana vive em condições de prosperidade e tranquilidade no Tibete. Conforme Dalai-Lama, o povo tibetano anseia ter o direito de possuir, assumir e preservar sua própria cultura, sem sofrer nenhuma represália por causa disso. [DALAI-LAMA, 2008]

Um fato interessante é que em 2008, o Dalai-Lama defendeu publicamente o direito de Pequim, capital da República Popular da China, sediar os Jogos Olímpicos. Isso demostra que a luta do Dalai-Lama não é necessariamente contra o domínio chinês, mas sim contra o modo como o governo chinês tem exercido tal domínio sobre os tibetanos. Prova disso é que desde o ano de 1987 o Dalai-Lama: “[...] desistiu de sua exigência anterior de independência plena do Tibete [...]”[MISHRA, 2007, p. 429]. No entanto, essa postura apaziguadora já fez com que esse líder perdesse o apoio de muitos tibetanos simpatizantes da ideia da luta armada em prol da independência do Tibete – o que não é apoiado pelo Dalai-Lama.

Apesar de muitos países que constituem a comunidade internacional desaprovarem a conduta da República Popular da China, grande parte desses países prefere se eximir de acionar medidas efetivas de enfrentamento a essa situação. O que explica isso é o fato da China ser encarada, internacionalmente, como um parceiro forte no cenário econômico. Assim: “[...] nenhum governo ocidental ousa perder os negócios lucrativos com a China [...]”[MISHRA, 2007, p. 437].

 

Domínio cultural chinês sobre o Tibete

A nacionalidade de um povo se sustenta, entre outros pilares, na identificação cultural [SANTOS, 2014]. Por esta lógica, a unidade é o que confere sentido a uma nação. Eis aí o porquê da preocupação do governo da República Popular da China em silenciar a singularidade cultural tibetana dentro do seu território. A unificação, propalada pelo governo chinês em 1950 – ano em que o território do Tibete foi incorporado ao da China –, se trata de um processo de subjugação política e cultural de um pequeno grupo étnico, viabilizado pela imposição cultural da potência dominadora. Por essa via de entendimento, o que se entende por cultura nacional tibetana corresponde a apenas um prolongamento da cultura da nação dominante (leia-se chinesa). 

Como já foi sublinhado, o Tibete possui uma realidade cultural distinta da chinesa. E é por isso que a China tem tentado adequar os tibetanos aos seus padrões culturais, chegando inclusive a usar a violência física. A pretendida homogeneização cultural da população tibetana, sem sombra de dúvida, se enquadra em uma forma de imperialismo cultural, notadamente caracterizado pelo aniquilamento da cultura de um povo diferente, no caso específico, o tibetano. Desse modo:

“[...] a língua, os costumes e as tradições do Tibete, que refletem a verdadeira natureza e identidade do povo tibetano estão gradativamente desbotando e desaparecendo. Em consequência, os tibetanos estão sendo, cada vez mais assimilados na massa, muito maior da população chinesa” [DALAI-LAMA, 2008, p. 40].

Além do mais, a destruição de templos religiosos, a proibição da prática do budismo lamaísta e do seu ensino, bem como a transferência de contingentes de chineses para o Tibete, por meio da política de migração [MISHRA, 2007; SPENCE, 1995] dão evidências adicionais do imperialismo empreendido pela República Popular da China sobre o povo tibetano. Neste particular, é preciso dizer que o governo chinês, através da transferência de população, tem tentado descaracterizar étnica e culturalmente a população do Tibete. Em resultado disso:

“[...] centenas de milhares de chineses han – a maioria étnica na China – mudaram-se para cidades no Tibete a fim de aproveitar as isenções de impostos e os incentivos às pequenas empresas. Dizem que os chineses han estão ultrapassando em número os tibetanos, em Lhasa, numa proporção de dois para um”.[MISHRA, 2007, p. 419].

A transferência de chineses para as cidades tibetanas se configura na visão de Ferreira [2013], em uma prova clara da violência cultural praticada contra os tibetanos. Com efeito, a redução quantitativa de tibetanos em seu próprio lugar de origem tem produzido implicações sobre a cultura do povo tibetano, a qual tem se tornado paulatinamente enfraquecida, o que tem colocado em risco de total desaparecimento a língua, a identidade, os costumes, as crenças e as tradições do povo do Tibete. É contra isso que o Dalai-Lama luta, pois conforme ele: “Meu pensamento dominante, como venho repetindo à exaustão, é garantir a sobrevivência da cultura distintiva do povo tibetano, da sua língua e da sua identidade” [DALAI-LAMA, 2008, p. 51].

 

Considerações finais

Portanto, por meio da análise apresentada, notou-se que os habitantes do Tibete, sobretudo após a incorporação do seu território à China, encontram-se sob a frequente ameaça de descaracterização cultural, por causa da violência física e simbólica praticada contra eles pelo governo chinês. Apesar de se constituir em uma minoria étnica dentro da área de domínio da República Popular da China, a população tibetana não deve ser subjugada. Ao contrário, ela precisa ser respeitada como qualquer outra população, sem ter seus elementos culturais definidores ameaçados pela ação imperialista de nenhum governo. É isso que os tibetanos querem: ter, além da liberdade política do seu país, o direito de existir no mundo e de ter sua própria cultura.

 

Referências

Raimundo Nonato Santos de Sousa é Acadêmico do oitavo período do curso de História na Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, campus Caxias. Integra o grupo de pesquisa “História e políticas públicas” da UEMA, coordenado pela professora Dr.ª Antonia Valtéria Melo Alvarenga. Foi pesquisador-bolsista PIBIC/UEMA (2017-2018), pesquisador-bolsista PIBIC/FAPEMA (2018-2019) e pesquisador-bolsista PIBIC/UEMA (2019-2020). Atualmente atua como pesquisador-colaborador UNIVERSAL/FAPEMA sob a orientação da professora Dr.ª Antonia Valtéria Melo Alvarenga. Desenvolve pesquisas relacionadas aos seguintes temas: família, mulher, fotografia, cidade e memória.

 

ALMEIDA, Carmen Lícia Palazzo. O domínio chinês sobre o Tibet. Rev. bras. polít. int. v.43 n.1 Brasília jan./jun. 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-73292000000100008. Acesso em 01 de janeiro de 2020. [Internet]

DALAI-LAMA. Liberdade para o Tibete: mensagem para a humanidade e tolerância. Tradução de Raul de Sá Barbosa. São Paulo: Novo Século, 2008. [Livro]

FERREIRA, Ana Paula Lopes. Dossiê Tibete: análise dos conflitos sino-tibetanos. Conjuntura Global, Curitiba, Vol. 2, n.2, abr./jun., 2013, p. 64-68. [Artigo]

MISHRA, Pankaj. Tentações do Ocidente: a modernidade na Índia, no Paquistão e mais além. Tradução de Helena Londres. – São Paulo: Globo, 2007. [Livro]

SANTOS, Julia Caligiorne. Unificação nacional e os processos de homogeneização cultural: o caso do Tibete sob a luz do direito internacional. In: Revista Eletrônica de Direito Internacional. [om line] / Coordenação Geral: Leonardo Nemer Caldeira Brant. – v, 13 – (2014-)-. Belo Horizonte: CEDIN, 2014. Disponível em: www.cedin.com.br/revistaeletrônica.  Acesso em 1 de julho de 2019. [Internet]

SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna: quatro séculos de história. Tradução de Tomás Rosa Bueno e Pedro Maia Soares. – São Paulo: Companhia das Letras, 1995. [Livro]

 

9 comentários:

  1. No texto, você cita que a ampla maioria dos tibetanos está descontente com a dominação chinesa. Você também fala brevemente que tibetanos simpatizantes da ideia de luta armada para buscar a independência não tem o apoio do Dalai-Lama, a liderança máxima dessas pessoas. O que deve ser bastante influenciado pela força e potencial repressivo das autoridades chinesas. Existe ainda na sociedade viva a ideia da luta armada? Ainda há esperança de independência? Quão frequentes, como eles são e quanto apelo interno e internacionalmente protestos organizados por tibetanos têm? A minha pergunta é, atualmente, quais formas de resistência são adotadas pelo povo tibetano e se há alguma linha a seguir, algum plano, quais são as intenções políticas objetivas que eles pretendem conseguir?

    Luís Miguel Réus

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    1. Boa noite, Luíz Miguel Réus. Obrigado pelas suas expressões. Eu diria que hoje não há um desejo cabalmente compartilhado entre os tibetanos de que o Tibete se torne um território independente, portando desvinculado da China. Isso porque o próprio Dalai-Lama, desde a segunda metade do século passado, deixou de exigir a independência total do Tibete. O que tem incomodado os tibetanos é a forma como os chineses têm realizado o domínio sobre o território e a população do Tibete; porque tem colocado a cultura tibetana em risco.
      Espero ter respondido.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  2. Texto riquíssimo, até porque foge da minha área de pesquisa! Você tem alguma indicação de livros didáticos que tratam a questão do Tibete e da China com maior especificidade?
    Att.:
    Lidiane Álvares Mendes

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    1. Boa noite, Lidiane Álvares Mendes. Obrigado pelas expressões. Infelizmente, eu desconheço livros didáticos que abordem esse assunto. Para falar a verdade, existe uma dificuldade em encontrar estudos mais profundos sobre esse tema; o que mostra a necessidade de pesquisas sobre a questão do Tibete, que ainda é pouco divulgada/conhecida. Contudo, se o seu objetivo for elaborar uma proposta de aula a partir desse assunto, acredito que a análise desenvolvida no meu texto possa ser adaptada para o trabalho em sala de aula.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  3. Yvylyn Chagas Alcântara6 de outubro de 2020 às 22:28

    Ótimo trabalho. Um texto de tema necessário, já que a questão do Tibete é tão pouco comentada tanto no meio acadêmico quanto nas mídias.
    Gostaria de saber qual a posição da Organização das Nações Unidas (ONU), em relação à violência, desrespeito religioso e o imperialismo da China sobre o Tibete? Há algum posicionamento, uma medida tomada etc?
    Um trecho interessante foi quando você mencionou sobre a China tentar impor seus padrões culturais ao povo tibetano. Isso me faz questionar: Será se um dos principais objetivos seria "acabar" com a cultura desse povo- pois como você cita "o gradativo esquecimento da própria cultura"-, para que com esse esquecimento a China volte a retomar com mais ênfase a ideia defendida por alguns historiadores chineses de que o Tibete faz parte da China há séculos e que uma prova disso seriam os costumes (já que cada vez mais a China se impõe de diversas formas sobre o Tibete)?

    Att,
    Yvylyn Chagas Alcântara

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    1. Boa noite, Yvylyn Chagas Alcântara. Obrigado pelas expressões. A atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) no conflito entre a China e o Tibete que se arrasta por anos é muito tímida. Há alguns pedidos de respeito enviados pelos conselheiros da ONU à China, mas não há nenhuma medida assertiva para solucionar o conflito. A explicação para isso reside no fato de que a China, por causa do seu potencial econômico, é vista por grande parte da comunidade internacional mais como um possível aliado do que como um alvo de críticas. Isso contribui para a sobrevivência e agravamento do conflito. Sobre a sua segunda colocação, eu concordo com você. Pois, nesse caso, a assimilação cultural seria uma maneira de legitimar a dominação chinesa sobre o Tibete.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  4. Olá! Assim como em outras situações, a tal missão colonizadora está presente, sempre utilizada como pretexto para a dominação. Como você bem disse, a questão China/ Tibete é complexa e de longa data, e além disso, nós, ocidentais, pouco conhecemos dessa realidade. Normalmente, a história que nos chega é a visão de apenas um dos lados. Dito isso, pergunto, será que eles realmente querem a independência? Já houve um levante na década de 60, e hoje, fariam de novo? Quem enfrentaria a China para apoiar a insurreição do Tibete? Será que voltar ao que era, isto é, ser regido pela teocracia, é a vontade da maioria? São muitas as questões...
    De qualquer modo, penso que seja lamentável o fato de as coisas acontecerem dessa forma, uma ocupação dessa magnitude culminando na sinização do Tibete.
    Pesquisa interessante a sua. Obrigada!
    Cynthia Faria Oliveira

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    1. Obrigado pelas expressões, Cynthia Faria Oliveira. Realmente suas muitas as questões que este conflito fomenta. Acredito que no cenário atual, mais do que a independência o que os tibetanos querem é o direito de existir, com suas próprias referências culturais, no mundo.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa

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    2. Verdade, Raimundo, e nesse caso, é clara a violação dos direitos humanos. Tem um documentário interessante, se não viu, vale a pena - Leaving Fear Behind. Eu assisti numa Mostra legendado em português, mas na internet encontrei apenas em inglês - https://vimeo.com/50220285. É um grito por ajuda... Foi produzido por tibetanos, que inclusive, na época (2008) foram presos, e hoje vivem exilados. Tem toda uma história desenrolada a partir de sua exibição.
      Obrigada, parabéns pela pesquisa!

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