Rodrigo Galo Quintino e Laís Prestes Redondo

 

MULHERES NO JAPÃO CONTEMPORÂNEO: OS IDEAIS DE “BOA ESPOSA, MÃE SÁBIA” (RYÔSAI KENBO), E A ASCENSÃO DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS NO PERÍODO PÓS- RESTAURAÇÃO MEIJI, UMA REVISÃO DE LITERATURA



O presente trabalho dedica-se a realizar uma revisão de literatura sobre a construção do movimento feminista no Japão, a qual apresenta especificidades e particularidades com relação aos movimentos ocidentais. Como principais referencias, adotou-se os trabalhos de Pongsun Choi Allen [1958] e Mina Isotani [2016]. Embora escritos em contextos históricos e sociais distintos, ambas as obras apontam para a influencia da industrialização e do processo de ocidentalização da cultura japonesa, como determinantes para o surgimento dos movimentos feministas modernos, na primeira metade do século XX, no Japão.

Durante um longo período de sua História, no chamado xogunato de Tokugawa (1600-1868), o Japão viveu sob um governo centralizado, que, em busca de manter sua dominação e hegemonia política, bem como conservar as tradições culturais da região, adotava a política de fechamento de fronteiras e contato mínimo com o mundo exterior. Com o advento da chamada Restauração Meiji, as terras japonesas finalmente se abriam, tanto para os países vizinhos, quanto para o ocidente. Conforme aponta Sasaki [2017, p. 22]: 

“Um dos grandes fenômenos no Japão dos meados do século XIX foi o grande desejo de os japoneses educados conhecerem o mundo afora. Depois de oitenta anos de estudos holandeses, muitos japoneses estavam insatisfeitos em aprender sobre o Ocidente somente pelos livros”.

Com tal abertura, iniciou-se também um processo de expansão imperial japonesa, processo que, segundo Silva [2010] possui três períodos: o primeiro, de 1890 a 1929, trata das intervenções do Japão em território chinês; a segunda, de 1929 a 1941 e, finalmente, o terceiro, de 1941 a 1945, culminando com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O autor [2010] argumenta que o processo imperialista japonês está ligado à sua modernização industrial e econômica, sem haver, contudo, pelas classes dominantes, o interesse de modificação das estruturas sociais hierarquizadas presentes na sociedade japonesa daquele período. Logo, nos primeiros anos após a restauração, diversas modificações legais da sociedade ocorreram, onde o Estado e a administração pública se tornaram evidentes, em concomitância com a ascensão de valores burgueses e nacionalistas.

No entanto, embora não fosse interesse das classes dominantes, os processos de Restauração, imperialismo e ocidentalização, bem como a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial trariam modificações profundas em diversos aspectos culturais nipônicos, dentre eles, as concepções e status da mulher japonesa e seus variados papeis sociais. A abertura japonesa no século XIX forçaria o país há um longo e árduo processo de industrialização e choque cultural com o Ocidente, o que levaria a modificações tanto na forma do governo construir um ideal de mulher, quanto em como estas se identificavam.

Durante os regimes Kamakura (1192-1339) e Tokugawa (1600-1868) vigorava os ideais confucionistas que pregavam a lealdade única dos senhores; e o principio dos guerreiros samurais que constituíam um ideal de masculinidade. Às mulheres, ficava reservado o papel de servidão da família, sendo vistas como um mal necessário para manter a linhagem. A elas era proibido o adultério, por outro lado, podiam se divorciar em casos de ciúmes, embora tal ato fosse negativo dentro da moralidade vigente [ALLEN, 1958].

Tal conjuntura se tornaria ainda mais rígida dentro do período imperial e nacionalista dos anos 20 e 30, no Japão da Era Showa. A autora Mina Isotani [2016] discute, em sua tese, as diferentes representações femininas de mulheres japonesas, tanto em obras literárias, quanto em revistas com princípios feministas que negavam a propaganda da boa esposa e mãe sábia. Isotani problematiza, inclusive, se a feminista japonesa Raicho Hiratsuka e as revistas feministas por ela fundadas não seriam apenas uma válvula de escape da realidade da “boa esposa” e a crença em possíveis mudanças, ou se realmente engajavam mulheres à mudança?

 

Para isso, a autora corrobora com as ideias de Allen [1958] e afirma que, no período pós-restauração Meiji, nota-se um processo de busca pela espiritualidade em escritores asiáticos do século XX, em meio a um processo de industrialização e modernização imperial, como também de educação em massa.

 

Com a restauração Meiji, a queda na organização hierárquica começou a se fazer evidente, e uma nova ordem social pautada no trabalho, no amor a pátria e na construção da força da identidade nacional iniciava-se, até mesmo como forma de evitar domínio de nações hegemônicas. Em virtude disso, muitas mulheres seriam levadas ao trabalho industrial. No entanto, as ideias de família e boa esposa ainda eram de vital importância aos interesses do governo imperial, e amplamente difundidas para o desenvolvimento de uma homogeneidade nacional, na qual, tudo que se diferenciava do padrão, era tido como ameaça e excluso socialmente. 

 

O ideal de boa esposa e mãe se tornava um claro exemplo também do choque cultural com o ocidente. Segundo Allen [1958], os ideais iluministas de Rousseau sobre a submissão da mulher se fundiam também ao resgate pelo império japonês dos pensamentos confucionistas, que davam sustento à naturalização do papel social de boa esposa, mãe sábia. Diante disso, nota-se como cada contexto molda discursos sobre papeis e sobre o corpo feminino para determinado objetivo de poder.

 

Isotani [2016] descreve que o Ministério da Educação, e o próprio princípio de educação em massa, auxiliavam no desenvolvimento de meninas destinadas ao papel de esposas e mães com escolas específicas para o cuidado do lar, de costurar, cozinhar e administrar o ambiente doméstico. Nesse mesmo tempo, esforços feministas eram destinados à proteção da maternidade, que não tinha oposição governamental. Em um governo patriótico e militarista, havia um forte apelo propagandista acerca da preservação da saúde das crianças, sobretudo de meninos para o serviço militar e expansionista para Manchúria e China [ALLEN, 1958].

Por outro lado, durante a primeira e segunda guerra o discurso governamental se pautava na construção de propagandas que enfatizassem a lealdade do serviço feminino à nação e não apenas ao espaço da boa esposa e mãe. Às mulheres mais pobres e rurais, embora esse ideal existisse, havia a necessidade de que largassem o doméstico para o trabalho na indústria, no serviço de professoras e enfermeiras, especialmente durante o período da Segunda Guerra Mundial [ISOTANI, 2016].

Nesse período, o papel da maternidade era ainda mais enfatizado, e muitas mães eram exaltadas em jornais com seus filhos. Com a falta de homens, as propagandas também expunham a importância delas em lavrar campos, operar máquinas, preencher empregos, tornando-as “Yamato nadesiko”, ou seja, “as filhas do país”. Tais papéis, que aos poucos, alteravam a conjuntura anterior, apontando para maior emancipação, seriam incentivados com a influencia estadunidense democrática no país após o fim da guerra [ALLEN, 1958].

Essas modificações as levavam a participar de reuniões públicas, e frequentar espaços como estações de trem e hospitais. Toda essa mobilidade tornava-se também contraditória para mulheres que nunca haviam sido destinadas ao trabalho externo – muitas, de classes mais abastadas, haviam sido educadas exclusivamente ao papel da esposa e da mãe – e visualizavam capacidades que, na maioria das vezes, eram subjugadas de fazer, com exceção de mulheres mais pobres e de áreas rurais que já eram submetidas à essa realidade trabalhista. Assim, em 1919 havia campanhas de:

“[...] minryoku kanyo undô ou Movimento de incentivo da força nacional, que encorajava as mulheres a economizar e diminuir o consumo, a cultuar o ¨espírito do sacrifício¨ e reforçar o senso de coletividade. Em 1920, o Ministério da Educação o 生活改善同盟会 - Seikatsu Kaizen Dômeikai [Liga para o desenvolvimento da vida diária], que tinha como membros intelectuais e educadoras como Akiko Yosano (1878-1942) e Kikue Yamakawa (1890-1980), [...] criou uma série de modelos disciplinares para serem consumidos pela menina e pela mulher, [...] para se tornarem futuras ¨Boas esposas, mães sábias¨ [...] ensinar conceitos de higiene, serviços de casa, controle de gastos e até mesmo dietas saudáveis [...] durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres foram requisitadas para o trabalho na indústria, bem como para o cuidado com os doentes e os mais carentes”[ISOTANI, 2016, p. 36].

 

Segundo Allen [1958], essas mulheres de classes mais baixas eram fortemente exploradas e tinham claras diferenças salariais com os homens, vivendo, em muitos casos, uma espécie de escravidão em indústrias têxtis, devido aos pais que estabeleciam contratos com os patrões. Os agricultores também eram forçados a enviar jovens meninas para cidade receber salários e contribuir sucessivamente com impostos imperiais, mesmo que os pagamentos fossem extremamente baixos. Os ambientes públicos e universitários eram muito poucos ocupados por mulheres japonesas, e as que alcançavam pertenciam a classes mais abastadas, embora os destinos da boa esposa e mãe sábia fossem reforçados.

Por outro lado, Isotani [2016] ao discutir obras literárias do período da metade do século XX, encontra vozes que demostravam discordância com esses valores naturalizados e impostos às mulheres. Nagai Kafu, um autor e escritor japonês em suas obras sobre as realidades das famílias japonesas demonstra uma comparação com as mulheres ocidentais e, ao mesmo tempo, mostra que o homem exerce o ato de servir, visto como essencial da mulher. Ele critica tanto o modelo ocidental quanto da sua própria cultura ao dizer das mentiras por trás desses modelos: 

“Muitos japoneses, frequentemente, encontram defeitos nos lares dos americanos e nas mulheres, mas para mim é suficiente testemunhar cenas em que o homem corta um pedaço de carne e o coloca no prato para a esposa, enquanto a mulher coloca o chá e fatia o bolo para o marido. Não importa se isso é superficial ou formalidade hipócrita, pois essas cenas me fazem sentir bem e eu não quero dispersar a impressão adorável para indagar quais as mentiras que existem por trás dessa situação”. (KAFÛ, 1908 apud ISOTANI, 2016, p. 50). 

O movimento feminista no Japão, embora tardio em relação à Europa, iniciaria tanto pelas mulheres que haviam sido destinadas ao serviço em indústrias, quanto por aquelas que negavam o principio da boa esposa e mãe sábia. Sob influencias ocidentais e articulações com suas realidades, permitiriam que emergissem as concepções iniciais do feminismo no Japão pelas shin’onna ou nova mulher. Essa “nova mulher” se caracterizava por exercer diferentes funções de ofícios e ocupar espaços públicos, que permitiram que revessem e questionassem suas identidades constituindo suas próprias visões de mundo, rompendo com os discursos que colocavam a mulher como ser frágil a partir de justificativas biológicas [ISOTANI, 2016].


Elas, porém, também sofreriam com maus olhares das próprias mulheres que se consideravam boas esposas e mães, e daqueles que pregavam a ordem social e familiar como engrenagens de poder imperial. Essas mulheres começavam a se reunir para discutir assuntos femininos, de maternidade, de casamento, filhos e trabalho por meio de suas perspectivas. Essas mulheres se destacam pela Raichô Hiratsuka (1886-1971) e Akiko Yosano (1878-1942). [IDIB, 2016].

 

A primeira de origem de família burguesa, começou a se dedicar aos estudos do EU e a escrever os sentimento de inadequação que sofria enquanto mulher numa sociedade de preferência masculina. Chamava à atenção das mulheres para começarem a questionar seus papéis e redescobrir sua identidade própria, e não a guisa de manuais educativos.

Por outro lado, Isotani [2016] chama atenção ao fato de que, entre elas, haviam divergências, o que tornava o movimento feminista inicial no Japão de pouca repercussão e de crescimento lento [ALLEN, 1958]. A outra feminista, Akiko Yosano, de classe mais mediana, casada e mãe de dez filhos, criticava Hiratsuka, por afirmar que ser mãe não implicava um fator para impedir a mulher de exercer o papel de trabalhadora e de construir sua identidade, e acreditava ainda na igualdade entre homens e mulheres na construção da família. Defendia ainda que ser mãe era um privilégio que requeria benefícios que homens nunca poderiam alcançar [ISOTANI, 2016].

Outro tipo de emergência feminina no Japão na primeira metade do século XX foi a das consideradas ocidentalizadas, Modan gâru ou garota moderna. Essas muitas vezes foram descritas em obras literárias japonesas de Jun’ichirô Tanizaki, que descreve as obsessões de suas personagens ao padrão ocidentalizado de roupa, de comportamento e de liberdade corporal e sexual, em contraposição aos moldes da boa esposa e mãe. No entanto, ao contrário das primeiras shin’onna, as modan gâru não estavam preocupadas com as questões político-sociais. Além disso, Isotani [2016] chama atenção ao fato de que o Japão sofrera uma abrupta e massiva ocidentalização, que era ressignificada na cultura japonesa, influenciando essas modan gâru.

 

Referências

Rodrigo Galo Quintino é graduado em História e atualmente cursa especialização em História, Cultura e Poder, pelo Centro Universitário Sagrado Coração – Bauru/SP.

Laís Prestes Redondo é graduada em História e atualmente cursa especialização em História, Cultura e Poder, pelo Centro Universitário Sagrado Coração – Bauru/SP.

 

ALLEN, Pongsun Choi. Changes in the status of Japanese Women. The Ohio Journal of Science, v.58, n.01, jan., 1958, p.39-42. Disponível em: < https://kb.osu.edu/handle/1811/4505>. Acesso em 19 ago. de 2020.

ISOTANI, Mina. A representação do feminino: a construção identidária da mulher japonesa moderna. Universidade de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em teoria literária e literatura comparada, 2016. (Dissertação de Mestrado). Disponível em<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde08042016130910/publico/2016_MinaIsotani_VCorr.pdf>. Acesso em 01 set. de 2020.

SASAKI, Elisa Massae. Estudos de japonologia no período Meiji. Estudos Japoneses, n. 37, 2017, p. 19-32. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/ej/article/view/147822>. Acesso em: 01 set. de 2020.

SILVA, Altino Silveira. O Imperialismo Japonês VIII encontro de história da ANPUH - História Política em debate: linguagens, conceitos, ideologias. Vitória, 2010. Anais. Disponível em: < https://www.es.anpuh.org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=71699>. Acesso em 08 de set. de 2020.

15 comentários:

  1. Compreendendo que o padrão social no Japão sempre foi rígida e como a sociedade impõe as mulheres determinados valores éticos e sociais, como os movimentos feministas são vistos na atualidade? E de que forma eles são refutados por aqueles que são contra os movimentos?
    Ana Patricia dos Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Os movimentos feministas na atualidade buscam enxergar a diversidade da concepção de mulher e isso é evidenciado no caso japonês que apresenta aquelas que buscavam seguir os padrões ryônsai-kenbo, mas também aquelas influenciadas pelos movimentos feministas ocidentais como os shin’onna (nova mulher) e as modan gâru que também demonstram diferentes ideais de mulher e variações de classe. Todavia, no atual Japão e pela própria questão recente desses acontecimentos do século XX, apontam como os movimentos feministas estão ainda em desenvolvimento, pois sofrem olhares negativos pela imprensa e governo, na qual este vivencia ainda uma ambiguidade entre modernidade e apego as tradições que influenciavam na concepção de boa esposa e mãe. Isso pode ser observado também nas atitudes do governo japonês que nunca ressarciu ou pediu desculpas as mulheres coreanas, por exemplo, que foram submetidas à prostituição em massa na Segunda Guerra Mundial (mulheres de conforto). Além disso, há o caso das próprias feministas japonesas apresentarem divergências nas suas concepções de luta e muitas mulheres buscarem ainda a garantia de manter o sobrenome frente ao marido (2019).

      Laís Prestes Redondo

      Excluir
  2. Olá,
    Muito bom o texto! Parabéns!!

    Gostaria de saber se a resistência e a crítica por parte de algumas mulheres em relação ao Ryôsai-Kenbo, até mesmo o surgimento do movimento feminista japonês, foram vistas como perda das "tradições japonesas"? Pergunto isto, porque no fim da segunda guerra mundial, o Japão passou por algumas transformações e foram caracterizadas, por intelectuais, atores, escritores e etc., como perda das "tradições".

    O último trecho que vocês abordaram sobre as modan gâru e falaram sobre as personagens de Tanizaki, me lembrou a personagem Taeko do livro "As irmãs Makioka".

    Luana Martina Magalhães Ueno.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Luana,
      Ficamos felizes que tenha gostado do texto!

      Sobre sua pergunta: sim, foram vistas como ameaças as "tradições japonesas". Isotani aponta que mesmo dentro do próprio movimento feminista haviam mulheres que traziam essa perspectiva, defendendo os ideais do Ryôsai-Kenbo como parte indispensável da construção cultural do Japão. Sendo assim, a não dedicação da mulher a família descaracterizava as tradições, e consequentemente, a identidade cultural do país.

      Com relação ao contexto do pós-guerra, esses embates continuaram. Os ideais de individualismo ocidentais, sobretudo com a influência estadunidense, fortaleciam as linhas de pensamento em prol da igualdade entre homens e mulheres. Ao mesmo tempo, parte dos intelectuais utilizavam do argumento que o milagre econômico e o desenvolvimento capitalista ocorriam tão fortemente justamente devido as tradições japonesas, cuja manutenção da estrutura familiar é parte fundamental. Dessa forma, havia uma forte contradição e embates de mentalidades quanto aos papeis femininos na sociedade.
      A filmografia do diretor Yasujiro Ozu é bem interessante para observar isso, principalmente a chamada Trilogia Noriko (Pai e Filha, Também Fomos Felizes e Era Uma Vez em Tóquio).

      Espero que tenha respondido, e estamos a disposição para conversar mais!

      Rodrigo Galo Quintino

      Excluir
  3. Olá Rodrigo e Laís! Achei incrível o texto, uma temática muito importante, porém que apresenta poucos estudos no Brasil. Analisando o contexto atual japonês, a baixa taxa de natalidade e cada vez mais a presença maciça de mulheres no mercado de trabalho, podemos dizer que há uma situação reversa ao Ryôsai Kenbo? Onde as mulheres não desejam atuar exclusivamente nas tarefas domésticas e os cuidados da casa e também não apresentam preocupações urgentes em assumir a maternidade?

    Renata Sayuri Sato Nakamine

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito boa sua pergunta, Renata. Obrigada.
      O mundo pós-moderno vem apresentando essas questões de como as mulheres, não apenas pelos movimentos do século XX, mas pela obrigação do trabalho estão rompendo e fugindo desses padrões de maternidade e boa esposa. Todavia, isso não significa que as mulheres estejam adquirindo maior liberdade por poder trabalhar e não se restringir ao espaço doméstico. No texto apresentado, por exemplo, havia mulheres pobres e do campo que tinham que conciliar trabalho doméstico com trabalho externo. Além disso, ter um emprego e não conseguir assumir papeis de maternidade não tornaram as mulheres livres de padrões impostos pela mídia e governo japonês. Um exemplo nítido disso é que muitas japonesas que trabalham fora são submetidas aos assédios sexuais que são sentenciados de forma ambígua pelo governo. Defendo que mais do que romper normas e papeis impostos, é preciso um trabalho feminista que considere a pluralidade de femininos, bem como revisões nas legislação japonesa e reivindicações que reformulem para uma educação mais aberta e que trate dos aspectos de gênero.

      Laís Prestes Redondo

      Excluir
  4. Olá autores, primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo ótimo texto. Quem está acostumado com produções de entretenimento japonesas sabe que ainda existe esse ideal sendo retratado, com homens se apaixonando por meninas ingênuas e submissas, vocês tiveram acesso a esse tipo de mídia?

    Giovanna Mayara de Souza Lima

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom dia, Mayara.
      Agradecemos que tenha gostado!

      Sim, nós temos contato com esse tipo de mídia, e é muito perceptível mesmo que o paradigma da mulher submissa ainda é forte culturalmente.
      Inclusive, mídia como mangás e animes podem se mostrar fontes riquíssimas para a pesquisa histórica!

      Rodrigo Galo Quintino

      Excluir
  5. Olá
    Gostaria de primeiramente parabenizar pelo trabalho.
    Nós bem sabemos que no Japão sempre aconteceu essa questão da desigualdade de gênero, onde as mulheres acabam sendo inferiorizadas. Portanto, gostaria de saber como se é discutida a questão do movimento social feminino atualmente?

    MARIA HUBERLÂNDIA LUZ DA SILVA

    ResponderExcluir
  6. Olá Laís e Rodrigo!
    Muito obrigada pelo artigo.
    É possível ser o mangá, o novo manual “educativo” destinado as mulheres?

    Grata,
    Gisele Oliveira de Lima.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Gisele.
      Agradecemos o comentário.

      Essa é uma afirmação um pouco complicada. Eu, pessoalmente, acredito que os mangás exercem sim muita influência cultural no público consumidor, e tem claramente um padrão hegemônico de retratação da figura feminina. No entanto, não sei se pode ser enquadrado exatamente como um "manual".

      Rodrigo Galo Quintino

      Excluir
    2. Compreendo. Obrigada novamente pelo artigo.

      Grata,

      Gisele Oliveira de Lima

      Excluir
  7. Primeiramente gostaria de parabenizar pelo trabalho, certamente são discussões relevantes nos tempos atuais.
    Gostaria de saber , tendo em vista o trabalho de Isotani citado, se para vocês o uso de "ocidentalização" não tira a agência das mulheres japonesas em seu movimento feminista?
    Agradeço desde já

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.