Samara Rodrigues Pino

 

A VISÃO DISTORCIDA DAS QUESTÕES DE GÊNERO NA PENÍNSULA SUL COREANA


 

O presente trabalho tem como objetivo analisar as questões de gênero na Coréia do sul, serão tratados assuntos como os padrões sexistas de comportamento e beleza femininos da cultura sul coreana, e como a nova onda de feminismo no país tem reagido em relação a misoginia, ressaltando como ele afeta as mulheres em diferentes espaços sociais. Com o surgimento e fortalecimento da Onda Coreana mundialmente conhecida como Onda Hallyu, a cultura da Coreia do Sul ficou em evidência para o mundo, assim como as suas problemáticas, um país reconhecido pelo seu desenvolvimento econômico que ao mesmo tempo se encontra em 108º entre 153 países no Global Gender Gap Report 2020 rankings em relação as desigualdades de gênero [World Economic Forum, 2020].

 

Padrões de beleza e a mídia

A Coreia do Sul é mundialmente conhecida por seus procedimentos estéticos, com padrões de belezas rigorosos como por exemplo ter um corpo magro, rosto pequeno, olhos grandes, pele branca, essas entre outras são as principais características para definir uma mulher como bonita no país. Nesse sentido Yoon [2019] explica que muitas vezes as mulheres coreanas são definidas como superficiais, principalmente quando vistas pelo olhar ocidental, para ela o que muitos falharam em perceber, é que a vida profissional dessas mulheres dependia desses fatores de beleza. A Coreia do Sul sendo um país que prioriza a educação, forma homens e mulheres igualmente qualificados para a vida profissional, porém os homens são favorecidos no mercado de trabalho, forçando as mulheres a dependerem da beleza para se destacarem dos outros candidatos ao trabalho. Segundo Yoon [2019] esses fatores criaram a expectativa das mulheres seguirem esse padrão de beleza, assim como justificou a supremacia masculina, naturalizando as diferenças de gênero e as violências diárias contra as mulheres.

Na cultura coreana moderna diversos instrumentos são utilizados para regulamentações desses padrões de gênero, atualmente se analisarmos o cenário musical e mediático podemos perceber que esses também são ferramentas de manutenção desse modelo social. “A construção dos gêneros e das sexualidades dá-se através de inúmeras aprendizagens e práticas, insinua-se nas mais distintas situações, é empreendida de modo explícito ou dissimulado por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais. É um processo minucioso, sutil, sempre inacabado. Família, escola, igreja, instituições legais e médicas mantém-se, por certo, como instâncias importantes nesse processo constitutivo” [Louro, 2008, p. 18].

O k-pop ou música pop coreana, a partir da Onda Hallyu conceito criado na China para se referir a popularidade da cultura popular coreana no país chinês [KOREAN CULTURE AND INFORMATION SERVICE, 2011], conquistou uma certa influência na cultura podendo ser considerada uma instância de manutenção e naturalização das diferenças de gênero, a forma de controle que ocorre nesse espaço afeta homens e mulheres, porém sendo mais rigorosa com os corpos femininos, assim como as  plataformas midiáticas tem um papel importante na manutenção desses padrões,  em um canal você vai ver artistas relatando como sofreram e sofrem para entrar no  modelo feminino coreano, com o público se solidarizando com a situação, trocando de canal verá apresentadores parabenizando uma cantora por ter emagrecido, muitas vezes mostrando para o público que dieta foi utilizada, raramente realizadas com acompanhamento médico. Dieta girl group comeback e dieta trainee são dietas famosas no meio do pop coreano, nas quais as meninas se submetem por pressão das empresas ou as vezes por comentários maldosos, passando a ingerir somente água, as vezes realizando somente uma refeição por dia, durante o período que antecede o lançamento de um álbum.

Com os holofotes voltados para o k-pop diversas notícias sobre a vida e treinamento de idols surgiram nas mídias, o site de notícias independente THE KOREA TIMES publicou em 2019 em seu canal no youtube, o relato da ex-idol Kong Yoo-jin, descrevendo sua rotina exaustiva de treinamento com cerca de 2 a 3 horas de sono, e regras rígidas como o tempo contado das visitas dos parentes e ter seus celulares confiscados pela empresa. Para se manter no padrão Kong declarou que tomava somente um pacote de leite de soja durante o dia inteiro, a empresa supervisionava o seu peso, as vezes subindo na balança 10 vezes em um só dia.

O trabalho de Xin Lin e Robert Rudolf [2017] fornece evidências empíricas que a prevalência da objetificação e retrato sexista no k-pop reforçam a cultura patriarcal do país, a partir de uma pesquisa realizada em forma de questionário na qual buscava-se identificar a relação entre o consumo de k-pop com os níveis de atitudes igualitárias de gênero,  o estudo descobriu que um nível mais alto de consumo de k-pop está relacionado a atitudes menos igualitárias de gênero entre fãs de k-pop em todo mundo, também revelando que as diferenças entre os demográficos, por exemplo ser mulher, ter mais educação e vir de uma situação economicamente mais favorável estão relacionadas a atitudes de gênero mais abertas. Os autores explicam que o estudo confirma ainda mais o importante papel que a cultura tem manutenção dos papéis de gênero, e quem em países que já sofrem de baixa igualdade de gênero, o k-pop tem mais força em reforçar os padrões de gênero, sendo os países asiáticos os mais afetados por esse fator, porém na conclusão da pesquisa foi encontrada duas limitações que exigem pesquisas adicionais. A primeira limitação é pelo fato de ser um questionário que foi respondido por meio das redes sociais, sendo improvável que a amostra dos participantes seja uma representação real dos fãs de k-pop como um todo, preocupação que foi parcialmente suavizada pelo fato das amostras coletadas terem sido grandes e pela maioria dos consumidores de k-pop são ativos em redes sociais. A segunda limitação foi não ser capaz de identificar diretamente a causalidade entre k-pop e as atitudes de gênero, identificando somente uma correlação entre os dois temas, supondo que ambos se reforçam mutuamente. Os autores deixaram claro que o consumismo molda nossas ideias de como o mundo funciona, sendo provável que pessoas com a mentalidade mais tradicionais em relação ao gênero se sintam mais atraídas pelo k-pop, assim finalizando ressaltando a necessidade de novas pesquisas em relação ao tema.

 

Idols e o Sexismo

A perseguição masculina que ocorre com as idols coreanas que estejam minimamente ligadas com o feminismo ou fora do “padrão”, ocorre normalmente de forma digital, constante e excessiva. Há casos leves que igualmente demonstram o controle que a sociedade acha que tem de ter sobre o corpo e mente das mulheres coreanas, principalmente aquelas que estão expostas as mídias. A cantora Naeun do grupo Apink passou a receber comentários maldosos após publicar em sua rede social, uma foto na qual segurava o seu celular onde tinha escrito "girls can do anything", sendo necessário excluir a foto da sua conta pessoal. Irene do grupo Red Velvet sofreu algo parecido após declarar que estava lendo o livro de uma autora feminista, fãs chegaram a publicar vídeos queimando produtos que possuíam com o rosto da cantora [Billboard, 2018]. Yeri também do grupo Red Velvet foi duramente criticada dias após seu amigo Jonghyun do grupo Shinee ter falecido, por não sorrir em uma premiação e por não ter tentando fingir estar feliz [Koreaboo, 2017].

Há caso mais graves como em outubro de 2019 quando foi noticiado o suicídio da artista Sulli, foi afirmado que a tempos lutava com problemas de depressão, a cantora sempre foi controversa para sociedade coreana, indo totalmente contrária ao padrão comportamental do país, falando abertamente sobre feminismo, cyberbullying e depressão. Devido a essas atitudes contrárias que fugiam do padrão de idol feminina, os comentários maldosos eram constate em suas redes sociais, algumas de suas postagens eram consideradas polêmicas e causavam debates pelo fato da própria aparece com blusas sem utilizar sutiã ou por estar com decotes “exagerados” [South China Morning Post, 2019].

Após um mês da morte de Sulli, sua amiga Hara também cometeu suicídio, conhecida por ter participado do grupo Kara e por sua carreira solo, a cantora em 2018 sofreu agressões decorrente de uma discussão com seu ex-namorado Choi Jong-bum que invadiu sua casa, após uma tentativa de termino ocasionado por ciúmes, ela declarou que incidente ocorreu de ambas as parte, um tempo depois a artista abriu um processo contra seu ex-namorado por ameaça-la de publicar um vídeo sexual dos dois gravado sem o consentimento dela como forma de destruir a carreira dela. Em 2019 Choi foi declarado culpado por agressão, coerção, ameaça e por danos a propriedade, o tribunal concordou que a gravação foi feita sem consentimento, mas já que a cantora continuou no relacionamento, Choi não foi considerado culpado de filmagem ilícita. Por fazer parte de uma sociedade patriarcal onde sexo é tabu para mulheres, assim como muitas mulheres que denunciam seus abusadores Hara sofreu ataques maldosos mesmo sendo vítima de pornografia de vingança [South China Morning Post, 2019].

Posterior a morte de Hara a repórter Kang Kyung-yoon declarou que a cantora ajudou nas investigações do caso de Jung Joon-young, o cantor possuía uma sala de conversa na rede social Kakao Talk, que tinha como objetivo divulgar vídeos sexuais sem o consentimento das mulheres, o grupo possuía diversas celebridades idols masculinas e conhecidos de Jung. Esse crime se somou ao surto de “molka” que tem ocorrido no país, esse termo se refere a distribuição online sem consentimento de vídeos sexuais de mulheres [South China Morning Post, 2019]. Em 2017 se iniciou o movimento anti-molka, grupos de mulheres protestaram contra câmeras escondidas em café, banheiro, salas de aula e até quartos de hotéis que as gravavam secretamente, e esse movimento faz parte da nova onda do feminismo que chegou na Coréia

 

Feminismo e a liberdade feminina

Assim como seus corpos são controlados, sua forma de agir e pensar também deve seguir um padrão. Como em diversos países, a Coreia do Sul também possui opiniões deturpadas diante de ideais feministas, no vídeo publicado pelo canal Asian Boss "what koreans think of misogyny in korea" quando perguntados se a desigualdade de gênero piorou ou melhorou no país, os homens manifestavam a mesma opinião mas com palavras diferentes, relatando que as mulheres passaram a ter privilégios, como a criação de metrôs femininos, não pagar a conta em encontros românticos e não precisar seguir o alistamento militar obrigatório. Um dos homens presente no vídeo, declara que não é contra o feminismo em si, segundo ele o movimento no país não é o feminismo real, pois lutava para a mulher ter mais poder que o homem. Enquanto as mulheres que participavam do vídeo relatavam problemas reais, como a diferença de salário, discriminação em altos cargos e a dificuldade de contratação por conta da possibilidade de engravidar [Asian Boss, 2017].

Assim como um dos homens disse no vídeo, homens sempre estiveram em altos cargos, com o movimento feminista isso mudou, e muitos homens passaram a sentir como se fosse uma discriminação reversa por parecer que em certas áreas as mulheres estão recebendo tratamento preferencial [Asian Boss, 2017].

A falta de conhecimento e aceitação do feminismo advém da aversão ao grupo feminista Megalia, criado em 2015 inicialmente na plataforma digital dcinside.com, com objetivo de se dedicar a combater a misoginia na internet. Em 2015 o Oriente Médio passava por um surto MERS-CoV, eventualmente chegando na Coreia do Sul, os dois portadores da doença no país não se apresentaram para quarentena exigida pelo governo por conta de problemas de comunicação, a mídia rapidamente divulgou como duas mulheres não seguiram o protocolo de isolamento social, usuário da plataforma DC começaram ataques machistas as mulheres, causando revolta entre as usuárias femininas que se uniram criando um fórum intitulado MERS dentro da plataforma DC contra atacando repetindo os mesmo abusos verbais que homens publicavam, substituindo a palavra mulher por homem.

Essa técnica de repetir se tornou a assinatura do grupo Megalia, que posteriormente seguiu os modelos de anonimato e proteção que os portais dominados por homens seguiam, criando um espaço para que mulheres se sentissem livre para falar sobre assédios, discriminação e continuarem copiando comentário misóginos da internet. “A violência que a sociedade atribui a Megalia é de natureza hipotética: elas não criaram palavras violentas, elas simplesmente se apropriaram de palavras que já eram ditas e viraram-na” [Seong, 2016, p. 9, tradução nossa].

Segundo Jeong e Lee [2018], Megalia se utilizava de um ativismo definido como divertido, realizando piadas e paródias como forma de ataque aos homens, algumas intelectuais feministas coreanas acreditavam que a técnica de repetir e espelhar as palavras utilizadas pelos homens pode tornar visíveis violências que antes eram invisíveis. Contudo Pambouc explica que o movimento por se manter somente como ativismo digital se dedicando ao ódio aos homens, muitas vezes abordando temas importantes sem seriedade e utilizando estratégias extremista de resolver as diferenças de gênero, logo se criou uma imagem negativa do feminismo no país.

O movimento ficou marcado ao ponto de qualquer afiliação a Megalia poderia acarretar represálias, como ocorreu em 2016 com a dubladora Jayeon Kim que perdeu seu contrato após postar uma foto vestindo uma camisa escrita "Girls do not need a prince", camisa que era vendida na loja online da Megalia, mesmo explicando que não possuía nenhum contato com o movimento em um pedido de desculpa online, foi o bastante para o publico a definir como “femi-nazi”.

Como dito anteriormente, possuir ideias feminista na Coreia do Sul podem ser malvistas pela sociedade, podendo acarretar problemas na vida social e profissional de mulheres. Em 2016 o debate sobre misoginia foi levantando após o homicídio de uma jovem em um banheiro público, o assassino declarou que matou a desconhecida por conta do ódio que sentia pelas mulheres por terem o ignorado e o humilhado a vida toda, a polícia declarou o caso como um crime impulsionado por doença mental e não um feminicídio [The Economist, 2016], a partir daí o feminismo ganhou forças com o movimento Me Too iniciado em 2017, tendo como objetivo lutar contra o assédio e agressão sexual, alcançando escala global, chegando no país sul coreano  o movimento teve muita força assim como houve represália, as mulheres que participavam da manifestações pediam para não serem identificadas em vídeos ou entrevistas por medo, as organizadoras relatavam que recebiam ameaças de homens nas internet com planos de ataca-las com ácidos, uma participante chegou a ser despedida do seu emprego por ter participado do protesto [Quartz, 2018].

 

Considerações Finais

Embora exista resistência ao movimento feminista no país, grande parte vinda de homens, podemos perceber uma união das mulheres contra as diferenças de gênero, em 2018 a prisão de uma jovem após ter postado uma foto de um colega homem posando nu em uma aula de arte sem o seu consentimento, provou novamente a seriedade do movimento, diferente dos caso onde as mulheres são as vitimas de molka (câmeras escondidas), a jovem que tirou a foto imediatamente foi apreendida e punida por seus crimes, aparecendo em rede nacional algemada, se tornando um símbolo das descriminações de gênero nas investigações policiais. Segundo as estatísticas dos casos de molka divulgada pela National Policy Agency, aproximadamente 30,000 suspeitos masculinos entre 2012 a 2017 menos de 3% das investigações geraram prisões [Korean Exposé, 2018].

Após o ocorrido a organização Women March for Justice organizou protestos em Seoul, cerca de 12.000 mulheres se reuniram como forma de denunciar a falta de competência nas investigações e de punições justas, suas principais criticas era a falta de suporte do governo as vítimas, que muitas vezes tem a vida social e a carreira afetadas. Na entrevista do Korean Exposé com as organizadoras do movimento, elas relatam que acreditam nas mudanças, mesmo que pequenas, trabalhando junto ao governo pelas mudanças de leis, com punições mais duras e regulamentações nas vendas de câmeras escondidas. Historicamente essas mulheres serão lembradas pelos protestos se tornando a maior manifestação só de mulheres da Coreia do Sul, com cerca de 60000 manifestantes segundo dados das organizadoras e da polícia.

Mesmo com os protestos de 2018 molka continua sendo um problema na qual o governo é pressionado pelas mulheres em busca de atitudes, em 2019 criou-se em Seoul uma equipe treinada para inspecionar câmeras escondidas em lugares públicos [ABC News, 2019]. Porém inspeções e regulamentações da venda de câmeras escondidas, assim como punições mais rigorosas não são soluções perfeitas, pois a cultura continuará objetificando as mulheres utilizando-se de outras violências diárias para diminui-las, a possibilidade da criação de políticas públicas que diminuam as diferenças de gênero e que agissem diretamente na cultura do país em relação a essas desigualdades, poderia trazer outra visão ao feminismo para que assim possa  ser aceito como uma forma da sociedade progredir para a igualdade de gênero, e assim a luta das mulheres coreanas não seja desperdiçada.

 

Referências

Samara Rodrigues Pino é formada em História pela Universidade Federal do Rio Grande, atualmente graduanda do curso de Pedagogia na mesma instituição.


ASIAN BOSS. What Koreans Think Of Misogyny In Korea | ASIAN BOSS. Youtube, 21 mar, 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0pknws8Ll_s

ABC NEW. South Korea tackles hidden camera epidemic with spy cam inspection team, 2019. Disponível em: https://abcnews.go.com/International/south-korea-tackles-hidden-camera-epidemic-spy-cam/story?id=63756405

BILLBOARD. Female K-pop Stars Face Criticism for Seemingly Feminist Behavior, 2018. Disponível em:https://www.billboard.com/articles/columns/k-town/8257777/female-k-pop-stars-face-criticism-feminist-behavior

JEONG, Euisol; LEE, Jieun.” We take the red pill, we confront the DickTrix: online feminist activism and the augmentation of gendered realities in South Korea” in Feminist Media Studies, vol. 18, n.4, março, 2018, p. 705-717

KOREABOO. Netizens Bash Yeri For Looking Sad At First Performance Since Jonghyun’s Funeral, 2017. Disponível em: https://www.koreaboo.com/news/netizens-bash-yeri-for-looking-sad-at-first-performance-since-jonghyuns-funeral

KOREAN CULTURE AND INFORMATION SERVICE. The Korean Wave: A New Pop Culture Phenomenon. Contemporary Korea. n. 1, 2011. Disponível em: http://biznetasia.com/wp-content/uploads/2011/09/The-Korean-Wave-A-New-Pop-Culture-Phenomenon.pdf

KOREAN EXPOSÉ. Interview: The Organizers of S. Korea’s Spycam Rallies, 2018. Disponível em: https://www.koreaexpose.com/rally-four-women-march-justice-molka-spycam/

KOREAN EXPOSÉ. The First Rally Against South Korea’s Spycam Porn Epidemic, 2018. Disponível em: https://www.koreaexpose.com/south-korea-spycam-porn-epidemic/

LIN, Xi; RUDOLF, Robert. “Does K-pop Reinforce Gender Inequalities? Empirical Evidence from a New Data Set” in Asian Women, vol. 33, n. 4, dezembro, 2017, p. 27-54

LOURO, Guacira Lopes. “Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas” in Pro-Posições, vol. 19, n.2(56), maio/ago, 2008, p. 17

PAMBOUC, Asya. “The Globalization of the Me Too Movement: The Case Study of South Korea”, 10.13140/RG.2.2.24625.02401, 2018

QUARTZ. How feminists in South Korea paved the way for #MeToo. Youtube, 29 dez, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7owoFWtfkfk

SEONG, Jiye. “Megalia: South Korea, feminism, and the Internet walk into a bar... A STS analysis of nascente Korean feminism”, 10.13140/RG.2.2.33374.95048, 2016

SOUTH CHINA MORNING POST. Jailing of K-pops stars Jung Joon-young and Choi Jong-hoon offers ray of hope in dark year for the industry, 2019. Disponível em:

https://www.scmp.com/lifestyle/entertainment/article/3040208/jailing-k-pop-stars-jung-joon-young-and-choi-jong-hoon

SOUTH CHINA MORNING POST. Sulli and Goo Hara grew up in the harsh K-pop limelight, with demanding fans and schedules and controlling labels. Is it to blame for their deaths?, 2019. Disponível em:

https://www.scmp.com/lifestyle/entertainment/article/3041226/sulli-and-goo-hara-grew-harsh-k-pop-limelight-demanding

THE ECONOMIST. Why South Korea is worrying about the position of women,2016. Disponível em:https://www.economist.com/the-economist-explains/2016/05/26/why-south-korea-is-worrying-about-the-position-of-women

THE KOREA TIMES. WHY I quit living as a K-pop idol: Ex-girl group member talks about the dark side of K-pop. Youtube, 27 ago, 2019.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eO8hhdMv7P4

WORLD ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap Report 2020, 2020. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/gender-gap-2020-report-100-years-pay-equality

YOON, Theodora. “South Korea: More than Just the “Beauty-Obsessed” Capital of the World” in The Art of The Op-Ed, vol. 1, julho, 2019, p. 1

10 comentários:

  1. Oi, Samara!
    Quero parabenizá-la pelo trabalho muito bem articulado a temática, gostei muito do vi. É desafiador lidar com essa temática uma vez que as leis, usos e costumes são bem diferentes do nosso brasileiro. Por isso demanda um deslocamento ideológico para assim melhor adentrar nas multifaces que formatam a ideologia desse país. Levando em considerações essa questões, na visão como pesquisadora, como você vê a possibilidade dessa realidade sul-coreana se modificar e se você crê que isso é possível e quais seriam os indicadores de onde surgiriam essas mudanças?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Wagner
      De fato é desafiador trabalhar com culturas e traços tão diferentes dos brasileiros, se formos comparar com o Brasil que também é um país patriarcal, a Coréia do sul está em passos mais lentos, por exemplo aqui só em 2006 com a criação da lei Maria da Penha passou-se a fazer parte do código penal o estupro marital, já na Coreia do Sul somente em 2016 passou a ser considerado um crime, claro que como você disse são lugares com costumes diferentes, porém creio que a mudança ocorrera no país e vira por parte das mulheres que não desistirão de conquistar igualdade, esse ano 57 mulheres foram eleitas para câmara legislativa coreana, o maior número desde de 1987, acredito que assim como o crescente número de sul coreanas se definindo como feministas, esse são os indicativos de mudanças no país.

      Samara Rodrigues Pino
      samarapino@gmail.com

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  2. Oi, Samara!
    Quero parabenizá-la pelo trabalho muito bem articulado a temática, gostei muito do vi. É desafiador lidar com essa temática uma vez que as leis, usos e costumes são bem diferentes do nosso brasileiro. Por isso demanda um deslocamento ideológico para assim melhor adentrar nas multifaces que formatam a ideologia desse país. Levando em considerações essa questões, na visão como pesquisadora, como você vê a possibilidade dessa realidade sul-coreana se modificar e se você crê que isso é possível e quais seriam os indicadores de onde surgiriam essas mudanças?
    Wagner Pereira de Souza
    wpereirasouza46@gmail.com

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    1. Olá Wagner
      De fato é desafiador trabalhar com culturas e traços tão diferentes dos brasileiros, se formos comparar com o Brasil que também é um país patriarcal, a Coréia do sul está em passos mais lentos, por exemplo aqui só em 2006 com a criação da lei Maria da Penha passou-se a fazer parte do código penal o estupro marital, já na Coreia do Sul somente em 2016 passou a ser considerado um crime, claro que como você disse são lugares com costumes diferentes, porém creio que a mudança ocorrera no país e vira por parte das mulheres que não desistirão de conquistar igualdade, esse ano 57 mulheres foram eleitas para câmara legislativa coreana, o maior número desde de 1987, acredito que assim como o crescente número de sul coreanas se definindo como feministas, esse são os indicativos de mudanças no país.

      Samara Rodrigues Pino
      samarapino@gmail.com

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  3. Boa tarde Samara,
    Excelente texto e temática, parabéns.

    Gostaria de saber se há alguma política pública na Coreia do Sul para as mulheres, se já vem ocorrendo esforços governamentais, pressionado pelo movimento feminista? No mesmo sentido, gostaria de saber se há uma pressão forte para o casamento, em relação as mulheres, e o ideal heteronormativo, se é reforçado? Ademais, a grande mídia da Coreia do Sul cumpre um papel de reprodutor da desigualdade de gênero, ou ela vem trazendo esses assuntos para a pauta do dia?

    Matheus Oliveira de Paula.

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    1. Olá Matheus.

      Atualmente a Coréia assim como o Japão sofre com a crise da natalidade, muitas mulheres estão optando pela vida profissional do que uma vida conjugal onde nas maiorias das vezes precisam largar os empregos para se dedicar ao cuidado da casa, o casamento acaba se tornando uma desvantagem para mulheres jovens que querem trabalhar, havendo menos oportunidades de emprego pelo preconceito de que uma horas essas mulheres vão engravidar, por motivos como esse o governo atual do presidente Moon Jae-in tem planos de politicas públicas para aumentar a natalidade diminuindo as diferenças de gênero, porém acredito que esses planos são criados com objetivos econômicos, até então nenhuma política voltada as mulheres foi criada a partir da pressão dos movimentos feministas.
      Em relações ao padrões heteronormativos, em 2018 ocorreu um movimento chamado escape the corset, nas quais as mulheres sul coreanas passaram a cortar seus cabelos curtos e não usar maquiagem, há diversos relatos em redes sociais e na mídia de mulheres que após seguirem o movimento sofreram algum tipo de violência tanto física como verbal por se "parecerem" como lésbicas, a questão lgbt+ é ainda marginalizada no país, outro caso que recentemente ocorreu durante a pandemia foi o surto da doença no bairro itaewon, esse que é conhecido por ser frequentados por grande parte estrangeiros e a comunidade lgbt+, rapidamente as notícias começaram a disseminar que os homossexuais eram os culpados dos novos casos da doença no país, muitos cidadãos que compareceram no local tentaram fugir de realizar os exames por medo de serem obrigados a se assumirem, tendo a possibilidade de perderem emprego ou até a familia. Sobre as mídia durante o período das manifestações metoo, redes de televisão como arirang tv e kbs passavam notícias sobre o movimento mas logo deixaram de aparecer, como eu comentei no artigo a mídia Coreana é como uma faca de dois gumes, enquanto fala da liberdade feminina ao mesmo tempo fala quanto uma mulher tem que pesar, o que vestir, como se comportar, ou seja a mídia ainda pode ser considerada reprodutora das desigualdades de gênero.

      Samara Rodrigues Pino
      samarapino@gmail.com

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  4. Oi, Samara!

    Parabéns pelo texto, pesquisa super pertinente e importante!

    Quando analisamos o Hallyu podemos ter vários recortes. Eu estudo por exemplo o consumo cultural de k-pop e de k-dramas, e sinto que nas pesquisas em geral sobre o Hallyu, esse lado mais sombrio da indústria sul-coreana fica deixada de lado. Acredito ser importante falarmos e refletirmos sobre essa questão e até mesmo do que estamos consumindo.

    Nos grupos de facebook que participo de k-pop e k-dramas, as vezes ouço sobre o aplicativo MEEF e sobre a prostituição de mulheres brasileiras que foram pra Coreia do Sul. Esse imaginário criado da Coreia do Sul sobre as relações e sobre os homens me parece um ponto negativo.
    Você acha que existe esse debate sobre gênero pelos ouvintes de k-pop e k-drama? E, será que existe uma preocupação dos fandoms em alertar os outros fãs e ouvintes sobre questões de suicídio, violência, exploração, etc.?

    Jamille da Silveira

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    1. Olá Jamille
      Eu já presenciei debates desse tipo ocorrendo entre ouvintes de k-pop e k-dramas adultos, acredito que o público mais jovem vive muito nesse mundo imaginário perfeito Sul Coreano. Em relação ao fandoms é evidente a preocupação que se tem sobre a exploração dos trainees e os idols, mas ao suicídio e violência o assunto só fica em alta quando acontece algo sério, por exemplo em 2017 muitas plataformas de comunicação entre fãs falavam e alertavam sobre o suicidio de Jonghyun do Shinee, após um tempo o debate foi esquecido, voltando em 2019 com o suicídio da Sulli e Hara. Porém em comparação aos fandoms no início da onda hallyu, é possível perceber que agora há uma preocupação maior desses grupos partiparem de questões sociais, por exemplo o fandom Army recentemente realizou uma vaquinha na qual o dinheiro foi doado para ongs de proteção ao Pantanal, também é muito comum os fãs realizarem doações para entidades em nome dos seus ídolos favoritos. Mas também não podemos apontar e dizer que é uma problemática dos ouvintes de k-pop e k-dramas, pois o mesmo ocorre com o público ouvinte do pop norte-americano, onde a indústria tem diversos casos de exploração e violência, principalmente com mulheres.

      Samara Rodrigues Pino
      samarapino@gmail.com

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  5. Olá Gisele
    Acredito que comparações podem ser realizadas, porém as problemáticas da nossa cultura pop já é um assunto discutido tanto no meio acadêmico como em espaços de redes sociais, enquanto para o Ocidente a Coreia do Sul ainda possui aquele imaginário de perfeição, na pergunta logo acima a Jamille comenta sobre os casos de prostituição de mulheres brasileiras que foram enganadas pela imagem Sul Coreana que é passada a nós, há a possibilidade de um comparativo com outros países, claro que levando em conta todas as diferenças culturais, leis e tradições dos países comparados, porém o objetivo era focar em mostrar um lado que até então não é visto por nós brasileiros, principalmente para o público ouvinte de k-pop. Em relação as fontes não há muitas que focam na pesquisa de gênero e k-pop, por enquanto não encontrei nenhuma em português, porém uma ótima referência em inglês é o livro From factory girls to k-pop idol girls da Kim Gooyong, essa pesquisadora também possui artigos sobre o assunto, recomendo dar uma procurada se for do seu interesse esse tema.

    Samara Rodrigues Pino
    samarapino@gmail.com

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